terça-feira, 10 de agosto de 2021

Rondônia: Segregação e exclusão social

Segregar significa separar, marginalizar, isolar o contato, distanciar algo ou alguém considerado diferente. A Sociologia, ao abordar esse tema a descreve como uma separação espacial (geográfica) de um grupo de pessoas, em virtude de diversos fatores, como a raça, o poder aquisitivo, religião, etnia, educação, nacionalidade ou qualquer outro fator que possa servir como fator discriminatório. Da segregação surge a exclusão social, definida como o extremo da marginalização.

                      Lixão em Porto Velho. Fonte: http://www.newsrondonia.com.br

Vulnerabilidade social

O Brasil criou em 2002, com base no censo demográfico de 2000, o Índice de Exclusão Social (IES), um indicador das desigualdades sociais que tem como parâmetro os níveis de escolaridade, de alfabetização, de acesso aos serviços de saúde, de violência, de empregos formais e de pobreza da população de todos os municípios brasileiros. Os piores índices de exclusão social estão nas regiões Norte e Nordeste e os melhores, no Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

Índice de Vulnerabilidade Social na região Norte - 2010. Fonte: Atlas da vulnerabilidade social nos municípios brasileiros, IPEA, 2015


Dimensões do Índice de Vulnerabilidade Social


O Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) possui três dimensões: Infraestrutura Urbana, Capital Humano e Renda e Trabalho. Essas dimensões correspondem a conjuntos de recursos ou estruturas, cujo acesso, ausência ou insuficiência indicam que o padrão de vida das famílias encontra-se baixo. Cada dimensão é formada por um conjunto de indicadores, os quais se encontram apresentados a seguir.

a) Infraestrutura Urbana


Sistema energético Fonte: http://wwwo.metalica.com.br

Refletir as condições de acesso aos serviços de saneamento básico e de mobilidade urbana, aspec­tos relacionados ao lugar de domicílio das pessoas e que impactam significativamente seu bem-estar. Os indicadores desse sub índice são a presença de redes de abastecimento de água, de serviços de esgotamento sanitário e coleta de lixo, assim como o tempo gasto no deslocamento entre a moradia e o local de trabalho pela população ocupada de baixa renda


b) Capital Humano


Capital humano envolve dois aspectos determinantes para as perspectivas de inclusão social dos indivíduos: saúde e educação. Adotou-se, para isso, indicadores de mortalidade infantil, presença, nos domicílios, de crianças e jovens que não frequentam a escola, presença, nos domicílios, de mães precoces, e de mães chefes de família, com baixa escolaridade e filhos menores, ocorrência de baixa escolaridade entre os adultos do domicílio e da presença de jovens que não trabalham e não estudam.

   

Pintura de faixas nas ruas de Porto Velho. 
Fonte: http://www.folharondoniense.com.br


c) Renda e Trabalho


Transporte de carga – área urbana de Porto Velho.
Fonte: http://www.rondonia.ro.gov.br

A vulnerabilidade de renda e trabalho agrupa não só indicadores relativos à insuficiência de renda presente, mas incorpora outros fatores que, associados ao fluxo de renda, configuram um estado de insegurança de renda: a desocupação de adultos, a ocupação informal de adultos pouco escolarizados, a dependência com relação à renda de pessoas idosas e a presença de trabalho infantil.


Indicadores sociais em Rondônia

Indicadores são medidas de comportamento e do desenvolvimento de sistemas complexos que fornecem uma síntese dos resultados identificados que permitem previsão de condições futuras. Nessa perspectiva, os indicadores servem para medir os processos de produção, de maneira a contribuir para o desenvolvimento de políticas que possam colaborar na redução da desigualdade social e da pobreza. Os principais são: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Indicadores de pobreza e o Índice de GINI (indicador que mede a desigualdade).

a) Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

O IDH de Rondônia, apresentava em 1991 a 19º posição no ranking nacional, índice considerado muito baixo, de apenas 0,407. Em 2000, apresentou-se na 17ª posição com o valor de 0,537, considerado de médio desenvolvimento humano. No mais recente IDH dos estados, o de 2010, Rondônia aparece na 15º posição no ranking dos estados brasileiros com IDH de 0,69, atrás dos estados vizinhos da região norte como Amapá (0,708), Roraima (0,707) e Tocantins (0,699).Com relação ao Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios, para o ano de 2010, os dez municípios que apresentaram os maiores índices do Estado de Rondônia são: Porto Velho (0,736), Vilhena (0,731), Cacoal (0,718), Ji-Paraná (0,714), Pimenta Bueno (0,710), Ariquemes (0,702) Rolim de Moura (0,7), Cerejeiras (0,692), Jaru (0,689) e Colorado do Oeste (0,685).


RANKING

MUNICIPIOS

IDHM

IDHM E

(Educação)

IDHM L

(Longevidade)

IDHM R

(Renda)

Porto Velho

0,736

0,638

0,819

0,764

Vilhena

0,731

0,659

0,808

0,734

Cacoal

0,718

0,620

0,821

0,727

Ji-Paraná

0,714

0,617

0,810

0,728

Pimenta Bueno

0,710

0,613

0,803

0,726

Ariquemes

0,702

0,600

0,806

0,716

Rolim de Moura

0,700

0,598

0,808

0,709

Cerejeiras

0,692

0,602

0,799

0,688

Jarú

0,689

0,577

0,825

0,687

10º

Colorado do Oeste

0,685

0,584

0,814

0,676

Os dez melhores e os 10 piores municípios classificados de acordo com o IDHM de Rondônia em 2010. 
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013.

b) Indicadores de pobreza

Identificar a proporção de pobres em determinada região é importante para subsidiar os processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas de distribuição de renda. Os dados do Censo de 2010 apontam que 121.290 pessoas estariam vivendo em situação de extrema pobreza no estado de Rondônia.

A faixa de idade mais afetada pela pobreza extrema no estado é a de 20 a 39 anos com 28,84% das pessoas pobres. Outro ponto importante é que 49% da população pobre no estado tem menos de 19 anos, o que compromete o desenvolvimento individual e deixa sequelas na educação e na saúde.

Moradias de pessoas carentes em áreas de risco em Porto Velho. Fonte: http://www.folharondoniense.com.br

Dentre os municípios que ainda apresentaram índices de pobreza extrema nos anos de 1991, 2000 e 2010 destacam-se São Miguel do Guaporé e Alto Alegre dos Parecis. Já os municípios de Vilhena, Porto Velho, Ji-Paraná e Ouro Preto do Oeste aparecem nos referidos anos dentre os dez municípios com as menores proporções percentuais de pobreza extrema.


Classif.

Município

1991

Município

2000

Município

2010

Vilhena

6,65

Vilhena

5,16

Vilhena

2,10

Porto Velho

8,40

Ji-Paraná

6,50

Pimenta Bueno

2,29

Guajará-Mirim

14,84

S. Fco. do Guaporé

6,94

Porto Velho

2,64

Pimenta Bueno

15,15

Chupinguaia

7,09

Ji-Paraná

2,67

Buritis

15,61

Cacoal

7,76

Ouro Preto D’Oeste

3,71

Ji-Paraná

16,70

Porto Velho

7,81

Rolim de Moura

3,96

Ariquemes

18,90

Ariquemes

8,01

Jaru

4,32

Ouro Preto D’Oeste

21,39

Rolim de Moura

9,98

Ariquemes

4,36

Cacoal

24,76

Pimenta Bueno

10,70

Cerejeiras

4,72

10º

Chupinguaia

25,51

Ouro Preto do Oeste

11,26

Chupinguaia

5,39

Os dez menores municípios classificados por percentual de pobreza extrema, em Rondônia para os anos de 1991, 2000 e 2010. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013.

c) Índice de GINI (indicador que mede a desigualdade)

O índice de GINI é um cálculo em que o objetivo é medir o grau de concentração de renda em determinados grupos. Identifica a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Largamente usado em diversos estudos relacionados à desenvolvimento econômico, distribuição de renda, bem-estar social e pobreza.


Estados

2011

2009

2008

2007

2006

2005

2004

2003

2002

2001

Brasil

0,529

0,544

0,544

0,553

0,56

0,567

0,57

0,581

0,587

0,594

Rondônia

0,496

0,506

0,498

0,505

0,543

0,568

0,518

0,505

0,541

0,548

Acre

0,545

0,61

0,56

0,608

0,592

0,585

0,594

0,579

0,623

0,628

Amazonas

0,541

0,508

0,514

0,551

0,511

0,513

0,537

0,558

0,563

0,576

Roraima

0,524

0,524

0,543

0,516

0,565

0,542

0,584

0,525

0,56

0,543

Pará

0,539

0,509

0,497

0,52

0,506

0,516

0,537

0,519

0,56

0,553

Amapá

0,523

0,518

0,454

0,509

0,478

0,526

0,542

0,599

0,551

0,482

Coeficiente de Gini para a Região Norte do Brasil de 2001 a 2011. 
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013.

Ao analisar este índice tem-se em mente que o valor zero representa a situação de igualdade total, ou seja, todos teriam a mesma renda. No extremo oposto seria o valor um, ou seja, só uma pessoa detém toda a riqueza. Do período de 2001 a 2011 os valores do Gini para o estado de Rondônia não variaram significativamente, o que situa o estado em posição privilegiada quanto à distribuição de renda da população.


Classif.

Município

1991

Município

2000

Município

2010

Buritis

0,39

Pimenteiras do Oeste

0,44

Teixeirópolis

0,43

Cacaulândia

0,44

Santa Luzia D’Oeste

0,48

Candeias do Jamari

0,47

Parecis

0,44

Primavera de Rondônia

0,49

Chupinguaia

0,47

São Felipe D’Oeste

0,48

Alto Alegre dos Precis

0,51

Itapuã do Oeste

0,47

Campo Novo de RO.

0,50

Candeias do Jamari

0,52

Monte Negro

0,47

Teixeirópolis

0,50

S. Miguel do Guaporé

0,53

Nova União

0,47

Vale do Paraíso

0,50

Mirante da Serra

0,53

São Felipe D’Oeste

0,47

Rio Crespo

0,51

São Felipe D’Oeste

0,53

Corumbiara

0,48

Nova Mamoré

0,51

S. Fco. do Guaporé

0,53

Ouro Preto D’Oeste

0,48

10º

Castanheiras

0,51

Teixeirópolis

0,53

Colorado do Oeste

0,49

Os dez melhores municípios classificados, por Coeficiente de Gini, em Rondônia para os anos de 1991, 2000 e 2010. 
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013.

A redução da desigualdade no estado de Rondônia e para os municípios pode ser atribuída à estabilidade econômica. Ao eliminar o desenfreado aumento dos custos de produção, tornou possível o planejamento de longo prazo. Este fator foi considerado essencial para o bom desempenho agropecuário e industrial, gerando emprego e bem-estar social.



































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