Analisar o processo de nucleação, significa refletir sobre a educação ofertada pelas escolas rurais, debater os currículos e tudo o que há inerentes à sua construção, seu vínculo com a realidade, bem como sobre as condições concretas das práticas educativas voltadas para esse público.
No pensamento de Freire (1980, p. 34):
Assim, a vocação do homem é a de ser sujeito e não objeto (...), não existem senão homens concretos (‘não existe homem no vazio’). Cada homem está situado no espaço e no tempo, no sentido em que vive numa época precisa, num lugar preciso, num contexto social e cultural preciso. O homem é um ser de raízes espaço-temporais. ” (FREIRE, 1980, p. 34).
Na década de 1970, a ideia de nucleação das escolas isoladas rurais surge no Brasil e se fortalece a partir de 1975. Atualmente, a política de nucleação que vem sendo materializada pelos gestores governamentais faz parte do ajuste das políticas educacionais iniciada com a reforma do Estado na década de 1990, que tinha como uma de suas principais finalidades incorporar o país a nova ordem econômica mundial assentada em algumas premissas como a modernização, racionalização e a privatização (SHIROMA, 2000; SOARES, 2000; DOURADO, 2001; PERONI, 2003).
Com a aprovação da Lei de Diretrizes de Base da Educação Brasileira - LDB 9.394/96, de acordo com Romanelli (2014), acontece todo um processo de reformulação do ensino no país, aumentando sua oferta e também cria-se o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental, de Valorização do Magistério (FUNDEF) e fortalece-se o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Ambos os fundos são políticas educacionais importantes para o desenvolvimento da educação no Brasil, priorizando o Ensino Fundamental e tendo também consequências na oferta da educação para os trabalhadores da área rural brasileira. Essas políticas estabeleceram critérios para a transferência de recursos financeiros às escolas públicas do Ensino Fundamental, motivando o processo de municipalização dessa etapa da Educação Básica.
Diante desse quadro, para os municípios, manter as escolas multisseriadas em suas diversas comunidades rurais passou a ser visto como um gasto excessivo. Necessitava-se dispender de mais recursos para manter professores, serventes e a estrutura escolar como um todo. De acordo com Vieira (1999) desencadeou-se, então, um processo de fechamento de várias escolas multisseriadas.