O processo pelo qual a Educação Ambiental está passando é algo muito forte, animador e ao mesmo tempo carente de tomadas de decisões frente aos novos desafios da escola que exige qualidade de ensino e propostas inovadores, no sentido de se tornar um espaço atraente para a demanda estudantil. Essas novas demandas renovadas pelo pensamento de que é preciso sensibilizar as pessoas para uma mudança de hábito, em relação ao trato com uso dos recursos naturais e o cuidado com meio ambiente nos levam a crer que uma escola que vislumbre fazer educação de qualidade, não pode perder o foco das ações pedagógicas, sem que a temática ambiental esteja inserida no cotidiano da sua comunidade.
A idéia de criar espaço nas escolas, onde os próprios alunos protagonizem os debates é real e cada vez mais necessária, considerando os rumos que se queira dar a educação voltada para os desafios deste século. Em 2005, por ocasião da segunda Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, este foi o grande apelo dos alunos. O argumento, naquele momento, foi o de que não eram ouvidos pelos professores e gestores das escolas. E, portanto, para que pudessem colocar em prática seus projetos e serem ouvidos seria necessário criar espaços de discussões. Foi aí que surgiu a idéia de se criar comissões de alunos, professores nos espaços escolares para discutir as necessidades e possibilidades tanto no contexto escolar como no seu entorno. Surgiram, a partir dessa conferência, as Comissões de Meio ambiente e Qualidade de Vida nas Escolas.
Além de dá um novo sentido no desempenho pedagógico da escola, as Com-Vidas passam a ser o divisor de águas no protagonismo juvenil e em particular no desempenho dos projetos e demais ações voltada à disseminação das práticas de cuidados com o meio ambiente, popularizada como Educação Ambiental. A Educação Ambiental, que ainda não tinha forma nem espaço, passou a incorporar aliados importantes e com um novo jeito de falar, agir e de sensibilização da própria juventude, a partir do principio de que jovem educa jovem.
Trata-se verdadeiramente de uma campanha pedagógica que traz a dimensão da política ambiental para a educação. A Com-Vida nas escolas é um espaço mobilizador que engaja jovens em pesquisas e debates com a comunidade escolar sobre os desafios socioambientais contemporâneos. Este é, portanto, um processo construtivista no qual as pessoas se reúnem, deliberam sobre os temas propostos e escolhem as melhores formas de executá-las ou levá-las a outras instâncias as idéias consensuadas.
As escolas que implantaram essas comissões despontaram com grandes atuações pedagógicas e após avaliar suas ações foram implacáveis em afirmar sobre o processo transformar em relação à atitude dos alunos e dos professores. Estabeleceu-se um espaço ativo de construção de conhecimento, que permite a participação democrática e o debate do global e do local simultaneamente.
A escola agora passou a vivenciar uma educação permanente, ao longo da vida e para todos. A sua simplicidade desperta e fortalece a participação da comunidade no debate de temáticas urgentes, usualmente restritas aos centros de pesquisa ou de formulação de políticas públicas. Esta ação, na qual a opinião dos jovens é respeitada e valorizada, promove o reconhecimento de que podemos assumir responsabilidades individuais e coletivas para promover a melhoria da qualidade de vida local e planetária.
A experiência nas escolas estaduais de Porto Velho
Nas escolas estaduais de Porto Velho, o processo de implantação das Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas Escolas - Com-Vida, ainda não ganharam a dimensão esperada. No entanto, sabe-se que este é trabalho que demanda a efetivação de políticas educacionais ambientais concretas e reais, uma das ações ainda não desencadeada pelo Estado de Rondônia. Atualmente o que se aplica em Rondônia é determinado pela Lei nº 9795/99, Política Nacional de Educação Ambiental, que ainda não foi regulamentada pelo Estado, e portanto não há recursos nem profissionais em número suficiente para o efetivo desempenho dessa ação nos setores técnicos da Secretaria de Educação, e principalmente nas escolas que lamentam a falta de educadores para desenvolver os projetos e ações voltadas à temática ambiental.
Para se ter uma idéia real dos argumentos anteriores basta ver a tabela abaixo onde se verifica que das 91 escolas situadas na abrangência das Representações de Ensino de Porto Velho. Apenas 27 conseguiram implantar as Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida. A Representação de Ensino da Zona Centro, onde se localizam as escolas tradicionais do Estado de Rondônia registrou até 2010 a criação de apenas 12 Com-Vidas, seguida pela Representação da Zona Leste com 09 e a Representação da Zona Sul com 06.
REN – ZONA CENTRO | 33 | 12 |
REN – ZONA LESTE | 32 | 09 |
REN – ZONA SUL | 26 | 06 |
TOTAL DE ESCOLAS | 91 | 27 |
Fonte: SP/REN/PVH/SEDUC
São vários os fatores intervenientes para os resultados demonstrados anteriormente. O primeiro é a falta de uma política estadual para o desenvolvimento de uma Educação Ambiental permanente nas escolas. A informalidade com o que assunto vem sendo tratado não consegue atingir as massas nem tampouco o engajamento dos protagonizadores do processo educativo, os professores e os alunos. O segundo fator contribuinte para os maus resultados do processo de disseminação das ações de Educação Ambiental nas escolas é essencialmente, a falta de tempo para a execução de projetos pelos professores que tem suas cargas horárias fechadas na sala de aula.
Vê-se então, diante desses e tantos outros argumentos, que não é possível promover um trabalho de educação ambiental somente na sala de aula, sem que os alunos possam vivenciar o espaço real. A massificação da idéia e das práticas de cuidados com meio ambiente é uma necessidade imediata nesses tempos de crescente degradação da natureza, e a escola tem o papel importante de disseminar essas práticas e ações.
É importante ressaltar que o compromisso, participação e atuação dos gestores escolares é também um pilar de sustentação para que essas práticas sejam permanentes, uma vez que as Com-Vidas chegam para somar esforços no sentido de contribuir para um dia-a-dia participativo, democrático, animado e saudável na escola, promovendo o intercâmbio entre a escola e a comunidade.
O fato é que apesar das dificuldades de desenvolver as ações com a temática Ambiental nas escolas de Porto Velho, o importante é não perder o foco de que a Educação Ambiental é um processo transformador, ao trazer novas maneiras de ver e conviver com o mundo em sua totalidade e complexidade, respeitando as diversas formas de vida e cultivando novos valores.
Profº Msc. Osmair Santos