segunda-feira, 31 de maio de 2021

Jorge Teixeira de Oliveira, primeiro governador de Rondônia, entre a modernidade e a cordialidade

Assim como na prefeitura de Manaus em Rondônia a atividade era diferenciada das outras “missões” dadas ao Coronel, era uma atividade civil e política, porém com âmbito bem maior que Manaus. Teve que conviver, trabalhar e aprender com a classe política do futuro Estado de Rondônia, que estava ávida a abertura democrática que acontecia lenta e gradativamente na política brasileira. Abertura que nos leva a história do Brasil nesse período. As palavras de ordem desse período tanto em Rondônia como no restante do país, são: democracia, liberdade e crescimento econômico. A ditadura no Brasil durou de 1964 a 1985.

Quando Teixeira assume o governo de Rondônia, o regime militar está no quinto governo, o de João Baptista Figueiredo (1979-1985), que decreta Lei da Anistia, restabelece o pluripartidarismo acelerando o processo de abertura. Este foi o último governo da Ditadura Militar. É neste período de transição que Teixeira com os recursos federais transformou Rondônia em Estado em 1981, por intermédio do presidente Figueiredo, administrando e estruturando em tão pouco tempo o que em muitos anos antes, tentaram e não conseguiram. Teixeira permaneceu no cargo até o dia 14 de maio de 1985. Sendo, portanto o último governador do Território e o primeiro governador do Estado de Rondônia.

A trajetória política de Jorge Teixeira, por um lado, foi representada pelo discurso do administrador, apolítico, bem ao estilo das intenções militares modernizantes-conservadoras instauradas a partir de 1964, tanto na Amazônia como no Brasil; por outro, por um modo de agir emocional muitas vezes transbordante que se entende como forma de intimidar seus adversários e, impor o poder necessário às transformações para a modernização do Território e do Estado.

Trecho do Artigo: Jorge Teixeira de Oliveira, primeiro governador de Rondônia, entre a modernidade e a cordialidade. Autora: Paola Conceição Foroni. Disponível em: <http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364929577_ARQUIVO>. Acesso em: 20 de outubro de 2017.

Criação do Estado de Rondônia

Os fluxos migratórios ocorridos na década de 70, em função da construção da Br - 364, que liga os Estados do Mato Grosso, Rondônia e Acre, os garimpos de cassiterita, ouro e outras pedras preciosas e a crise estrutural do sistema de territórios federais foram fatores determinantes para a elevação de Rondônia à categoria de Estado.



Brasil – Divisão Político-administrativo. Fonte: http://baixarmapas.via12.com

A partir do governo do Coronel Humberto da Silva Guedes (1975 – 1979) já se discutiam possíveis caminhos para a concretização da emancipação de Rondônia. A criação de novos municípios e campanhas sobre as potencialidades da Amazônia como terra que precisava ser ocupada foi o passo significativo para o cumprimento dessa meta.

Presidente João Batista Figueiredo com o Governador de Rondônia Jorge Teixeira. Fonte: http://www.gentedeopiniao.com.br

No ano de 1979, Rondônia recebe como governador, o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, que se incumbe dos procedimentos estruturais e políticos para a criação do estado.


Em 22 de dezembro de 1981 é criado Estado de Rondônia, e em 04 de janeiro de 1982 é instalado. O Estado de Rondônia, criado pela Lei Complementar n° 41, de 22 de dezembro de 1981, originou-se do Território Federal do mesmo nome, criado pelo Decreto-Lei n° 5.812 de 13 de setembro de 1943, com a denominação de Território Federal do Guaporé.

O espaço geográfico do Estado de Rondônia. 
Fonte: http://aquicidadesrondonia.blogspot.com.br

O nome Rondônia é uma homenagem, através da Lei n° 21.731, de 17 de fevereiro de 1956, de autoria do Deputado Federal pelo Estado do Amazonas, Áureo de Melo, ao Marechal Candido Mariano da Silva Rondon, militar sertanista e grande desbravador, pelo grande trabalho realizado na integração da Amazônia com os demais estados brasileiros.


Candido Mariano da Silva Rondon. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2ndido_Rondon

Em Rondônia, a comissão Rondon foi responsável pela construção de 372 km de linhas e mais cinco estações telegráficas: Pimenta Bueno, Presidente Hermes, Presidente Pena (depois Vila de Rondônia e atual Ji Paraná), Jaru e Ariquemes, na área do atual estado de Rondônia.

Em 1º de janeiro de 1915 conclui sua missão com a inauguração da estação telegráfica de Santo Antônio do Madeira.

Divisão político-administrativo do Estado

Atualmente, o estado de Rondônia apresenta 52 municípios sendo a terceira unidade federativa mais populosa da região Norte, com aproximadamente 1,6 milhão de habitantes, sendo superado pelos Estados do Pará e Amazonas. No entanto, apenas dois de seus municípios possuem acima de 100 mil habitantes: a capital Porto Velho e Ji-Paraná.

Divisão político-administrativo do Estado de Rondônia. Fonte: Sedam, 1999.

Considerando os fatores socioeconômicos desencadeares das políticas de crescimento, o Estado de Rondônia é dividido geograficamente pelo IBGE em duas mesorregiões e oito microrregiões:

Mesorregiões: Madeira-Guaporé e Leste Rondoniense.

Microrregiões: Alvorada D'Oeste, Ariquemes, Cacoal, Colorado do Oeste, Ji-Paraná, Vilhena, Guajará-Mirim e Porto Velho.

Mesorregião do Estado de Rondônia. Fonte: www.a-rondonia.com/.../mapa-ro-estado.

1 Alvorada D'Oeste2 Ariquemes; 3 Cacoal; Colorado do Oeste5 Ji-ParanáVilhenaGuajará-MirimPorto VelhoFonte: https://pt.wikipedia.org.

Gentílico

Quem nasce em Rondônia é rondoniense ou rondoniano e quem nasce na capital do estado é portovelhense.





Seringueiros, barbadianos, soldados da borracha e pioneiros: com quantos migrantes se forja um estado

 A partir da década de 1970, com a criação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a colonização da Amazônia tornou-se uma política de Estado, sob o slogan “Integrar para não entregar”. Por meio dos Projetos Integrados de Colonização (PICs), implementados entre 1970 e 1975, o Estado se tornou o grande indutor das modificações sócio espaciais ocorridas no centro de Rondônia, divulgado como “O novo Eldorado”.

Foram distribuídos lotes de cerca de 100 hectares para milhares de famílias dos então chamados pioneiros. Com isso, até meados da década de 1980 chegaram ao estado cerca de 300.000 migrantes, a maioria agricultores provenientes do Sul e do Centro-Sul do país, com destino ao interior de Rondônia. Os projetos de colonização da década de 1970 e o asfaltamento da BR-364 na década de 1980 configuram o ponto de inflexão da história de Rondônia.

Além de provocar a quebra da estrutura espacial até então existente – com a população e a economia concentradas nos municípios de Porto Velho e Guajará-Mirim – e o deslocamento do eixo de importância para os municípios situados ao longo da BR-364, eles foram determinantes no processo de desmatamento da região para a agricultura e a pecuária: 30% da área do estado foi desmatada a partir do final da década de 1970.

 Fonte: Trecho do livro “Rondônia: do leito do Madeira às margens da BR-364”. Belo Horizonte: Instituto Bioterra, 2013.