quinta-feira, 5 de março de 2020

População ribeirnha do Município de Porto Velho (RO): negação de politicas sociais e de desenvolvimento econômico


O Município de Porto Velho/RO tem como principal bacia hidrográfica o Rio Madeira que de acordo com o Plano Diretor da cidade é formada por três regiões: Alto, Médio e Baixo Madeira. Nessas regiões está distribuído quatorze distritos. Abrange uma área de aproximadamente 34 km² e mais de 500 km de extensão Leste-Oeste, abrangendo quase 15% do território do estado de Rondônia. constituída por uma variedade de ecossistemas e uma diversidade de povos com saberes, habilidades, costumes e valores próprios que torna a região um espaço inter/multicultural, cuja diversidade cultural, social e étnica sustentam sua riqueza sócio histórica. A população contabiliza 5.957 habitantes, distribuídos em 1.421 domicílios (IBGE, 2018).

Porto Velho é a capital brasileira com maior área territorial, estendendo-se por cerca de 34 mil km² e mais de 500 km de extensão Leste-Oeste, abrangendo quase 15% do território do estado de Rondônia. Os distritos contam com infraestrutura constituída por energia elétrica, telefone fixo, televisão com recepção via antena parabólica e internet. O atendimento educacional é regular, apresentando dificuldades relacionadas ao transporte escolar, falta de pessoal técnico nas áreas de supervisão e orientação educacional e funcionários de apoio como merendeiras e zeladores. As escolas possuem estruturas físicas satisfatórias e contam com professores habilitados, porém ainda em número insuficiente para atender todas as disciplinas do ensino fundamental e médio.
Organizados em associação, os ribeirinhos realizam diversas atividades e festas tradicionais em várias épocas do ano, atraindo centenas de pessoas para a região. Um cenário de somatórios de ativos materializados em saberes e práticas culturais intangíveis que segundo Brugnera (2015), reflete a ocupação das paisagens, resultante de um processo de longa duração da ocupação amazônica por uma diversidade de identidades culturais.
O modo de vida é marcado por uma cultura diferenciada, caracterizada principalmente pelo contato com as águas – cheias e vazantes, terras e floresta. São seres humanos que decidem o que manter, criar e desenvolver em cada ecossistema, por meio de um conjunto de recursos, técnicas e estratégias adquiridas ao longo do tempo. São possuidores de uma vasta experiência na utilização e conservação do espaço, da biodiversidade e da ecologia dos ambientes onde vivem e trabalham (BARREIRA, 2007).
A escola existente nesses territórios possui extrema importância para a reprodução social dessas populações (FABRÉ, et al, 2007). Apesar da peculiaridade e riqueza das localidades, marcada pela subida e descida das águas, a política de educação escolar tem sido predominantemente pautada no modelo urbano-cêntrico reproduzindo fortemente a desvalorização do modo de vida, reforçando o êxodo rural e consequentemente a falta de desenvolvimento econômico da região.
A desvalorização, marcada pela pouca atuação do Estado, tem proporcionado um considerável índice de jovens e adultos não alfabetizados e de pessoas com tempo de escolaridade inferior a quatro anos. Possui um baixo IDH e índices do IDEB nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Esses baixos indicadores sociais e humanos refletem o peso do tratamento subalterno que a população ribeirinha historicamente tem recebido ao londo do tempo.