segunda-feira, 27 de abril de 2015

A ESCOLA QUE FAVORECE O FRACASSO DO ALUNO

Depois de muitos anos atuando na educação básica, particularmente na área técnica-pedagógica, vale apenas confrontar o pensamento sobre a escola vista pela perspectiva dos que apenas ensaiam metodologias daqueles que verdadeiramente vivem e atuam no interior dos estabelecimento educacionais brasileiros. Não é nenhuma insensatez afirmar que a escola atual preconiza o fracasso do aluno, e isso não é apenas por má gestão administrativa e pedagógica, nem tão pouco pela falta de qualidade das ações dos professores, que engessado pela falta de políticas de valorização dos governos acabam atuando como meros espectadores do seu próprio fracasso como protagonistas da formação e mudança de opinião.
Parece que a sociedade percebeu a escola como depósito de crianças e adolescentes. O que se vê são alunos descompromissados com o seu próprio futuro, se considerarmos que o futuro é consequência de uma boa educação. Esta visão é constatada sobre vários aspectos como: a falta de atenção, baixo nível de aprendizado em relação ao ano/série em que os mesmos se encontram e falta de valorização às disciplinas das áreas humanas.
Certamente esses fatores também advém da família, ou pela falta de acompanhamento dos familiares aos seus filhos. A instituição família e escola deveriam caminhar juntas, no sentido de encarar de frente esse problemas, e insistir na motivação para o aprendizado. No entanto, os pais só aparecem na escola por ocasião das famosas reuniões de pais. Essa visão deixa claro a falta de compromisso destes que deveriam promover o bem estar e o futuro prospero dos filhos.
Neste sentido, a escola passa a estimular o fracasso do aluno, quando não tem forças nem apoio para demandar ações que levem o aluno a buscar sua emancipação educativa. O que temos são alunos apáticos, que não gostam de ler, pesquisar e nem tão pouco discutir ideias e temas do seu próprio cotidiano. Para esses alunos ficar na sala de aula constitui-se em um grande sacrifício. Essa escola é extremamente insatisfatória, quando analisada do ponto de vista quantitativo e, sobretudo, qualitativo, uma vez passa, mesmo sem querer a legitimar as desigualdades sociais.
Para CECCON (1984, p. 10), “Ninguém está contente com a escola”. Na verdade, ninguém quer assumir seu papel de responsabilidade para com ela. A família por ser geralmente leiga, despreparada, não consegue ajudar seus filhos, deixando-os a cargo da escola. Os professores, por sua vez, desmotivados pelas condições de trabalho, com programas extensos, com excesso de alunos em sala, pouco preparados, acreditam ser da família o dever de educar a criança e se omitem, “para os pais, as professoras cometem equívocos quando avaliam seus filhos: muitas vezes não há parecença alguma entre a criança da sala de aula e aquela de casa” (Mello apud PATTO, 1990, p. XI).
A criança que se educa apenas neste contexto, sem oportunidades e orientações que a subsidiem, torna-se alvo de manipulação social, chegando na fase adulta desqualificada para o mercado de trabalho, o que a leva a engrossar a lista de desempregados ou mesmo de mão de obra desqualificada e, consequentemente, barata.
Neste cenário há os que ainda acreditam em uma allternaativa imediata ou a médio prazo para os problemas pelos quais passa o sistema educaacional brasileiro e os céticos que depois de vivenciarem todas as incertezas e promessas não cumprridas aprenderam a aceitar passivamente a condição de educador desmotivado e sem perspectiva de melhora, e simplesmente atuam na escola apáaticos aos acontecimentos.
Acreditar em uma escola melhor é vivê-la pelo lado de dentro e a cada dia  buscar novas perspectivas de, mesmo vivenciando um caldeirão de dificuldades procurar incentivos para fazer a diferença pedagógica e vislumbrar a qualidade do ensino como se isso fosse, não somente a fonte da sabedoria mais o resgate de crianças e adolescentes para a realidade do mundo onde os mesmos vivem e capacitá-los para enfrentar esse mesmo mundo como agentes do seu próprio futuro.