terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Comunidade de Nazaré - Amazônia - Brasil

O Distrito de Nazaré, apresenta um ecossistema de várzea e terra firme, formado por 17 comunidades, além da sua sede. Neste ecossistema, as terras representam para a população que nela vive, uma relação de propriedade provisória, dependendo de sua utilização para o trabalho (CHAVES, 1990). 

São terras baixas da Amazônia Legal, inundadas periodicamente, ocupadas em grande parte por caboclos ribeirinhos (FABRÉ, et al, 2007), populações tradicionais que têm suas vidas inseridas num modo peculiar de viver, trabalhar e construir saberes.

 

Determina a economia local, as atividades de pesca, agricultura, extrativismo e criação de animais de pequeno porte. Este modo de vida é marcado por uma cultura diferenciada, caracterizada principalmente pelo contato com as águas, terras e floresta (FERREIRA, 2008). São esses homens e mulheres que decidem o que manter, criar e desenvolver em cada ecossistema, por meio de um conjunto de recursos, técnicas e estratégias apropriadas ao longo do tempo (AMÂNCIO, 2000), eles são camponeses amazônicos possuidores de um vasto conhecimento sobre o clima e conservação da biodiversidade e da ecologia dos ambientes onde vivem e trabalham (BARREIRA, 2007).

Distritos de Porto Velho - Rondônia


As comunidades que fazem parte do Distrito de Nazaré além da sua Sede, são: Curicacas, Vista Alegre, Boa Hora, Tira Fogo, Pombal, Santa Catarina, Laranjal, Conceição do Galera, Mururé, Papagaios, Espirito Santo, São José da Paria, Prainhas, Boa Vitória, Bom Será e Ilhas dos Periquitos.

Peculiaridades climáticas das áreas ribeirinhas da Amazônia

Pensar o espaço de uma comunidade ribeirinha na Amazônia significa superar algumas visões estereotipadas acerca dos significados do que é viver essa múltipla identidade, marcada por diversos aspectos, que vão desde a relação imbricada com a natureza à construção diária da vida nas práticas do cotidiano. As marcas do espaço geográfico e suas influências como as descritas no contexto do cotidiano das cheias, vazantes dos rios são uma das principais marcas do viver das comunidades ribeirinha que transborda de sentidos culturais e sociais materializados pelo cotidiano ligado a natureza, principalmente com o rio Diante dos novos paradigmas enfrentados, em função das mudanças climáticas globais, novos e diferenciados arranjos espaciais na superfície do planeta e na vida dos homens provavelmente se constituirão (MENDONÇA, 2003). O que se evidencia certamente, será uma nova massa de exclusão social, proporcionada pelos eventos hidrológicos, potencializados pelas variações do clima, que força as populações a buscar novas adaptabilidades, seja na área ribeirinha constituída por uma nova paisagem ou na periferia dos centros urbanos. Na grande Região Amazônica é perceptível a mudança do clima. Os eventos extremos, de forte seca ou muita chuva que provocam grandes enchentes, estão cada vez mais agressivos e as populações locais têm sido forçadas a encontrar novos meios de sobreviver com um clima cada vez menos previsível. No Estado de Rondônia, os ribeirinhos das margens do Rio Madeira tem sido alguns dos mais impactados, principalmente nos últimos anos. Para as pessoas que vivem na região do baixo Rio Madeira, o vai e vem das águas ao redesenhar as paisagens, dita o ritmo do cotidiano e exige diferentes mecanismos de adaptação ao longo do ano. O período de chuvas ou forte atividade convectiva na região Amazônica é compreendido entre novembro e março, sendo que o período de seca é entre os meses de maio e setembro. Os meses de abril e outubro são meses de transição entre um regime e outro. O pico alto das cheias dos rios se dá entre os meses de janeiro, fevereiro e março, período no qual os ribeirinhos, moradores nas terras de várzeas ficam sem qualquer possibilidade de plantar, colher ou obter qualquer fonte de renda, caracterizando um cenário de novos desafios em virtude da necessidade do deslocamento para outras regiões rurais ou urbanas, tendo pois que se adaptar a novas realidades sociocultural, ambiental e econômica, uma vez que a sua sobrevivência está alicerçada na pesca, na caça, no extrativismo e na agricultura. Diante desse contexto, vários questionamentos podem ser feitos, dentre os quais o seguinte: há previsibilidade por parte dos povos ribeirinhos quanto ao planejamento de estratégias para a superação de eventos climáticos extremos como cheias e vazantes? Nesse sentido, é essencial, entre outros problemas, estudar capacidade de adaptabilidade dos povos ribeirinhos da amazônia, frente aos eventos climáticos extremos para que medidas preventivas, adaptativas e mitigatórias sejam planejadas, uma vez que a cada ano esses eventos de agravam.