quinta-feira, 25 de março de 2021

Ciclos econômicos do Estado de Rondônia

O Estado de Rondônia tem seu desenvolvimento marcado por várias atividades econômicas denominada historicamente de ciclos econômicos. Esses ciclos distintos determinaram características especificas, seguidas por novas crises em sua sustentabilidade. São momentos, em sua grande maioria gerada por políticas publica alheia a realidade do Estado, tais como a briga por terras no sul do país e a fuga da seca e da fome no Nordeste brasileiro.

Principais ciclos econômicos de Rondônia. Fonte: ROCHA, Gilberto de Miranda; BRITO, Sandra de Oliveira, 2013.

O quadro acima mostra os três grandes ciclos que contribuíram para o desenvolvimento do estado. Outros também merecem destaque, como veremos em seguida. 

Ciclo do Ouro – século XVIII

 A ocupação humana das terras do atual Estado de Rondônia teve início no século XVIII com a descoberta de grandes jazidas de ouro, por Pascoal Moreira Cabral, no rio Coxipó-Mirim, afluente do rio Cuiabá, em 1718. Em 1722, outra grande jazida é descoberta na mesma área, por Miguel Subtil, que, somente em um mês, produziu dezesseis toneladas de ouro. Começava o Ciclo de Ouro na região.

A partir de então, o processo de ocupação humana da área geográfica que constitui o Estado, do início do século XVIII até meados do século XX, foi estimulada por ciclos naturais de extração mineral, em particular o ciclo do ouro, que inclusive propiciou a construção do Real Forte Príncipe da Beira.

Primeiro Ciclo da Borracha

A região amazônica, uma das maiores produtoras de látex, transformou-se no maior pólo de extração e exportação de látex do mundo. Entre 1830 e 1860, a exportação do látex amazônico foi de 156 para 2673 toneladas.

Extração do látex – Ciclo da Borracha. Fonte: Fonte: http://www.ebah.com.br

Vários fatores contribuíram a partir da década de 1850, para o aumento da demanda da extração do látex na Amazônia e a sua comercialização no mercado internacional, entre os quais, a internacionalização da navegação pelo Rio Amazonas.

Entre os anos de 1910 e 1914, termina o primeiro ciclo da borracha. No entanto, o látex continua sendo extraído em menor escala até a segunda guerra mundial. Durante todo este ciclo econômico a característica peculiar foi o processo de migração de forma desordenada, onde principal fomento foi a necessidade de fuga dos nordestinos da seca e da fome que atingiam aquela região naquele momento.

Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

A Estrada de Ferro Madeira Mamoré resultou do Tratado de Petrópolis assinado entre Brasil e Bolívia em 1903 e foi construída com o intuito de ligar Santo Antônio, um pequeno povoado, a Guajará-Mirim, na divisa da Bolívia, e, com isso, facilitar o comércio deste país através do rio Amazonas e de lá para o Atlântico. Por cerca de 400 quilômetros, a linha férrea acompanhava os rios Madeira e Mamoré, inavegáveis devido às inúmeras cachoeiras em seu trajeto.

Pátio da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Fonte: http://www.newsrondonia.com.br

Após várias tentativas frustradas de construção da ferrovia, em 1907, empresa May, Jekyll & Randolph assume os trabalhos e os conclui em 1912.

Linhas Telegráficas

 Em 1909 Rondon chegava às beiras do rio Madeira, em Santo Antônio após atravessar uma extensão de 1415 quilômetros desde Tapirapoã, em Mato Grosso abrindo picadas para trazer a linha telegráfica pontilhada de pequenos núcleos de povoação que prosperaram e mais tarde se transformaram em municípios, a partir da abertura da BR-364.

Posto telegráfico de Vilhena. Fonte: http://g1.globo.com/ro


Em 1915, tem-se a inauguração da linha telegráfica unindo Cuiabá ao então Município de Porto velho, nessa época, o telégrafo a fio já era obsoleto, entretanto, a instalação de postos telegráficos deu origem a cidade de Vilhena e contribui para o desenvolvimento de outras como Pimenta Bueno, Ji-Paraná, Jaru, Ariquemes, que atualmente são municípios do Estado de Rondônia.

As clareiras abertas pela expedição Rondon contribuíram para a migração e povoamento da região e seu desenvolvimento econômico. A construção das Linhas telegráficas concomitante com a reconstrução da estrada de ferro, inicia um ciclo econômico, desta vez, direcionado para o restante do Estado onde passam a surgir outros povoamentos que não os povoados relacionados a ferrovia.

O segundo ciclo da Borracha

 A segunda guerra mundial propicia um novo impulso a exploração da borracha na Amazônia, uma vez que os seringais ingleses situados na Malásia foram ocupados pelas tropas Japonesas que faziam parte dos países do eixo, causando uma situação muito desconfortável para a Inglaterra que estava em Guerra com a Alemanha.

Segundo Ciclo da Borracha. Fonte: https://www.redetvro.com.br

A Cassiterita

A descoberta de estanho em Rondônia, ocorreu na década de 1950, na região de Ariquemes. Expandiu-se para outros locais ao longo do estado, sempre em grande quantidade levando Rondônia a obter a maior produção do minério no país, nos anos 1980. Com a proibição em 31 de março de 1971, da garimpagem manual, dava-se início a exploração mecanizada.

Extração de cassiterita. Fonte: http://brasilcc.blogspot.com.br


A partir daí a exploração mecanizada do minério significou o primeiro impulso industrial no Estado que chegou a representar 67,43% da produção nacional.

A BR-364 e a Colonização

Em 1957, o 5º Batalhão de Engenharia e Construção, iniciava os trabalhos de complementação da estrada, anteriormente denominada BR-29, que vinha a ser concluída em 1966, agora denominada BR-364.

O ciclo da agricultura obtém uma série de benefícios dos agregados populacionais de todos os momentos econômicos anteriores levando Rondônia a projeções nacional e internacional com um Estado produtor da região norte. A ação governamental de implementação de infraestrutura básica para os assentados a partir da proposta militar de “integrar para não entregar”, promove no período de 1970 a 1978, um grande crescimento populacional e o surgimento dos principais municípios as margens da BR-364.
Abertura da BR 364 na década de 1970. Fonte: http://rondoniaemsala.blogspot.com.br

O ciclo da agricultura em pouco mais de uma década, proporcionou ao Território Federal de Rondônia as condições econômicas, sociais e políticas necessárias para que fosse transformado na 23ª Unidade Federada brasileira.

O ouro do Rio Madeira

A extração do ouro na história do Estado de Rondônia existe desde o século XVII, no entanto, uma nova grande corrida ganha força em 1978, dessa vez no vale do rio Madeira que na década de 1980 vive o seu apogeu na extração desse precioso minério e dez anos depois começando o seu declínio.

Garimpo de ouro no Rio Madeira. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br

Apesar da grande produção de ouro ao longo do leito do rio Madeira, que chegou a cerca de 8.000 toneladas em 1987, seus reflexos em benefícios sociais foram praticamente nulos. Restou, para a população, além dos aspectos sociais negativos, poluição ambiental, contaminação do lençol freático e dos peixes, enormes erosões do leito e das margens dos rios, destruição ambiental, poluição por óleo combustível, rejeitos lançados nas águas, equipamentos abandonados e sedimentação do canal navegável e violência no seu mais amplo sentido.

Sistema Energético

 a) Usina Hidrelétrica de Samuel

A construção das Usinas Hidrelétricas de Samuel começou em março de 1982. Paradas sucessivas durante a construção, em decorrência das restrições orçamentárias, aumentaram os custos reais. A primeira turbina foi instalada em 24 de julho de 1989 e a última no dia 02 de agosto de 1996. Sua construção trouxe para região de Porto Velho uma necessidade de mão-de-obra que mais uma vez proporcionou a vinda de migrantes de vários cantos do país.

Usina Hidrelétrica de Samuel – Rio Jamari. Fonte: CAMPANA, Ana. 2016.

Mais uma vez, a passagem de um ciclo econômico marca a existência de um processo de transformação geográfico e econômico do Estado sem os resultados de crescimento esperado. Ficou apenas a lista de degradação socioambiental, agravada por uma crise econômica e social extensa

b) Complexo Hidrelétrico do rio Madeira

O novo ciclo econômico do Estado de Rondônia atraiu aproximadamente 80 mil pessoas, atraídas por vagas nos complexos hidrelétricos do Rio Madeira: Jirau e Santo Antônio. Nas áreas onde os reservatórios foram construídos pelas usinas residem aproximadamente 2.849 pessoas, sendo que 1.087 localizadas na área de Jirau e 1.762 em Santo Antônio.

Localização das UHE Santo Antônio e Jirau. Fonte: RITTNER, Daniel e BORGES, André. 2014

A população local atingida tem suas atividades econômicas baseadas na pesca, pecuária e no garimpo. Com a construção de dois empreendimentos hidrelétricos um novo ciclo se consolida na cidade de Porto Velho. A construção de hidrelétricas na Amazônia chama mais a atenção pelos problemas sociais e ambientais envolvidos do que pelas vantagens relativas que esses empreendimentos podem trazer para a sociedade local.










     

A invenção do Estado de Rondônia

 A partir da década de 1960 se planejou e executou projetos governamentais de colonização e de ocupação da Amazônia. E isso funcionou como uma espécie de plano estratégico de governo. Criou-se, inclusive um slogan: “Integrar para não entregar”.

Eram políticas muitas bem delineadas para efetuar a ocupação de grandes áreas em diferentes regiões da Amazônia, todas dentro da mesma proposta de integração. Destacam-se dois empreendimentos: a construção da rodovia Transamazônica e a ocupação de Rondônia. Ressaltando que essa ocupação regional ocorreu principalmente para aliviar conflitos que se intensificavam no Sul-Sudeste.

Nos anos da década de 1970 a Amazônia, e em especial o estado de Rondônia, era um lugar privilegiado e potencialmente favorável para ser transformado em paraíso terrestre, a terra prometida, novos tempos, uma nova utopia, um novo encorajamento para mudar, mexendo no imaginário das pessoas que em levas constantes deslocaram-se para estas paragens em busca da materialização de antigos sonhos.

Migração de nordestinos para a Amazônia. Fonte: https://pt.wikipedia.org


E quem era esse homem? Um retirante que via nestas paragens a possibilidade de resolver sua vida, mudar, ascender, melhorar de vida! O homem que respondeu ao chamado era vítima de um projeto maior que amarrou os sonhos individuais num sonho coletivo. Pode-se dizer que o brasileiro que fez Rondônia trouxe a bagagem enrolada num saco que atado às costas se fez cacaio.

A partir disso é que se pode dizer: os que inventaram Rondônia foram as elites, mas quem a construiu foram os deserdados da terra. Aqueles que por algum motivo precisavam deixar seu lugar de origem e migrar, buscando um lugar para sustentar-se e manter viva a família, e o sonho. Dessa forma apareceram as várias cidades, em Rondônia.

O que foi a invenção de Rondônia? A divulgação de fartura de terras e obras de infraestruturas. Noutros estados se dizia de Rondônia: terras férteis e fartas, possibilidade de acesso à terra, arremedo de reforma agrária; falava-se das estradas, telecomunicações, escolas e todo aparato promovido para maquiar e embelezar o que era um grande espaço verde feito de nada.

Mas não se resolveu o problema e o processo não parou. E vão sendo criados, constantemente, novos projetos e novas propostas são apresentadas. E o homem que faz Rondônia permanece migrante e carregando uma espécie de chama ardente que o impulsiona para novas frente em busca do desconhecido, norteado pela “esperança em dias melhores”. Dá até para dizer que em muitos casos migrar é um projeto de vida. Um projeto que a bem da verdade foi fomentado e aguçado pela ideologia de ocupação disseminada pelo Estado autoritário.

E hoje muitos dos que migraram e fizeram nascer as várias cidades de Rondônia continuam sendo migrantes. Alguns para outras regiões do estado e outros para outros estados. Todos na eterna busca do sonho da terra fácil, farta, fértil, própria para colher vida melhor. 

Texto retirado do artigo “A invenção de Rondônia”.

Autor: Neri de Paula Carneiro

                  Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/historia-do-brasil/a-invencao-rondonia.htm.

Acesso em 20 de dezembro de 2017.


Os grandes projetos de colonização em Rondônia

O processo de colonização do atual Estado de Rondônia, assim como de toda a Amazônia Legal foi planejada pelo governo militar brasileiro. Em Rondônia teve início com o Projeto Integrado de Colonização - PIC Ouro Preto, no ano de 1971. Diferente do que aconteceu em outras regiões, onde as massas deslocadas chegavam apenas como mão-de-obra, desta vez, o migrante vinha como colono para ser dono do seu empreendimento.

 Terra para sem-terra

Os projetos empreendidos pelo governo brasileiro na Amazônia sustentaram a estratégia de ocupação da região, expandir os mercados internos e externos e resolver, de alguma forma os problemas no campo que ganhavam força em outras regiões do país. Em Rondônia se destaca dois aspectos no processo de colonização da Amazônia: a categoria do vazio demográfico e a migração incentivada através da propaganda do governo militar, que evidenciava a região como o novo “Eldorado”.

A primeira tentativa em colonizar Rondônia se deu no período de1945 a 1969 com as colônias agrícolas. Mas foi com o Decreto-Lei de 1º de abril de 1971, do Poder Executivo, determinando uma faixa de 100 km de cada lado das rodovias federais para colonização, que houve a efetiva ocupação do Estado.

Projetos de Colonização em Rondônia

As picadas abertas por Rondon, fez com que povoadores originários de Mato Grosso, na década de 1920 e 1940 se fixassem nos aglomerados existentes em Pimenta Bueno e Vilhena, originários dos postos telégrafos. Mais tarde, diante da queda do preço da borracha no comércio mundial, uma forma de evitar o êxodo rural e, mesmo timidamente desenvolver a agricultura, foi a criação de colônias agrícolas pelo governo do território.

Projetos de Colonização em Rondônia. Fonte: HENRIQUES (1984).

Nesse momento, além da colônia do IATA, em Guajará Mirim, foram criadas nas proximidades de Porto Velho, em 1948 a colônia de Candeias, a Nipo-brasileira, a treze de setembro, em 1954 e a Paulo Leal em 1959. Dentre as colônias existentes até o final da década de 1960, além das já citadas, havia ainda: Areia Branca, próxima à cidade de Porto Velho e a de Periquitos, entre Iata e Abunã.


A partir de 1970 as nomenclaturas adotadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA para os projetos de colonização em Rondônia foram: Projetos Integrados de Colonização – PIC e Projetos de Assentamentos Dirigido – PAD.

 

Projeto Integrado de Colonização – PICs

Os Projetos Integrados de Colonização (PICs) tornaram-se políticas do Estado para a colonização da Amazônia, no início da década de 1970. Faziam parte de um esforço do governo militar para acelerar o desenvolvimento econômico brasileiro, ocupar e desenvolver economicamente a região.


O governo assume a responsabilidade da implantação da organização territorial, da infraestrutura, de administração, realização de assentamentos e titularização dos beneficiários, promover a assistência técnica, o ensino, a saúde e a previdência social, a habitação rural, a empresa cooperativa, o crédito e a comercialização.


Projeto de colonização

Criação

Características

Projeto Integrado de Colonização Ouro Preto

Criado em junho de 1970. Teve sua efetiva implantação em janeiro de 1971 com o assentamento das primeiras famílias

O projeto é composto por cinco setores designados por POP: 1, 2, 3, 4, 5, 6: localizado no município de Ji-Paraná a 320 km de Porto Velho, com via de acesso pela BR-364.

Projeto Integrado de Colonização Ji-Paraná

 

Criado em 16 de junho de 1972, mas somente foi implantado efetivamente em julho de 1972. As primeiras famílias foram assentadas em 1973.

Composto por cinco setores: Ji-Paraná; Abaitará; Rolim De Moura; Prosperidade e Tatu. Localizava-se nos municípios de Cacoal e Pimenta Bueno a 460 km de Porto Velho, tendo como via de acesso a BR-364.

Projeto Integrado de Colonização Paulo Assis Ribeiro

 

Criado em 04 de outubro de 1973. Sua efetiva implantação foi realizada em 21 de agosto de 1974. As primeiras famílias foram assentadas em 1974.

O projeto está localizado no município de Vilhena a 790 km de Porto Velho, com via de acesso pela BR-364 e RO/399 a 100 km da cidade de Vilhena

Projeto Integrado de Colonização Padre Adolpho Rohl

 

Criado em 20 de novembro de 1975, em área desmembrada do PIC Ouro Preto. A efetiva implantação ocorreu em 07 de julho de 1971. As primeiras famílias foram assentadas em 1973.

Está localizado nos municípios de Ariquemes e Ji-Paraná, cuja sede administrativa encontra-se a 280 km de Porto Velho. Tem como via de acesso a BR-364.

Projeto Integrado de Colonização Sidney Girão

 

Criado em 13 de agosto de 1971, teve sua implantação efetiva em abril de 1972. As primeiras famílias foram assentadas em 1972.

O projeto localiza-se as margens da BR-425, Abunã – Guajará Mirim, na faixa de fronteira com a República da Bolívia, entre os parques indígenas Lages e Ribeirão.


Projetos de Assentamento Dirigido – PAD

Os projetos de Assentamento Dirigido foram criados pelo INCRA, a partir da década de 1970, com o objetivo de cumprir as determinações do Estatuto da Terra, quanto ao assentamento de pequenos e médios agricultores, em regime de propriedade familiar.

O PAD era gerenciado pela própria comunidade, geralmente constituída por famílias detentoras de algum conhecimento tecnológico, ou de práticas de atividades agrícolas, pecuárias, agroflorestais ou florestais bem-sucedidas e possuidoras de recursos financeiros suficientes para autogestão da sua produção.


Projeto de colonização

Criação

Características

Projeto de Assentamento Dirigido Marechal Dutra

Implantado em área considerada de interesse social para fins de desapropriação, foi instalado em julho/agosto de 1975. As primeiras famílias forma assentadas em 1975.

O projeto está localizado no município de Ariquemes a 200 km de Porto Velho com via de acesso pela BR-364, 421 e RO-01.

 

Projeto de Assentamento Dirigido Burareiro

 

Criado em 21 de janeiro de 1974, foi implantado na área considerada de interesse social. Sua efetiva implantação se deu em dezembro de 1975, com assentamento das primeiras famílias.

O projeto está localizado no município de Ariquemes a 200 km de Porto Velho com via e acesso pela BR-364, 421 E RO- 01.

 


Projeto de Assentamento Rápido – PAR

O Projeto de Assentamento Rápido previa a regularização e ocupação de áreas devolutas e arrecadadas na faixa de fronteira. Por consequência, tratava-se de um processo rápido em que os beneficiários, com recursos da União basicamente para a demarcação topográfica, recebiam os títulos definitivos após a demarcação das parcelas. Nesse sentido, não havia aporte de recursos para a implantação de infraestrutura básica.

Esta modalidade funcionou como atrativo para populações de outras regiões do país, sendo que seu desdobramento gerou uma brutal diferenciação entre os segmentos de migrantes, pois aqueles que possuíam capital financeiro e influência política se apropriaram das melhores áreas e das melhores terras para expandir seus empreendimentos ou, simplesmente, se apoderar das terras como reserva de valor.

 Projetos de Regularização Fundiária – PF

Modalidade conhecida como Projeto Fundiário, a qual diz respeito a um perímetro de área rural estabelecido pelo INCRA para o desenvolvimento de ações discriminatórias de terras, visando sua regularização fundiária. O Projeto Fundiário pode ser constituído por várias glebas, onde os rios e as estradas são utilizados para formar a base cartográfica, visando projetar o assentamento.


Projeto de colonização

Criação

Características

Projeto Fundiário Alto Madeira

O projeto Fundiário alto Madeira foi criado em 22 de setembro de 1975

Sua área de jurisdição e sede administrativa localizam-se no município e cidade de Porto Velho, é integrado pelas unidades fundiárias de Abunã e Rio Preto.

Projeto Fundiário Corumbiara

O projeto Fundiário Corumbiara foi criado em 22 de setembro de 1975

Sua área abrange os municípios de Vilhena, Pimenta Bueno, Cacoal e Guajará Mirim. Sua sede administrativa se localiza na cidade de Pimenta Bueno com via de acesso pela BR-364 a 490 km de Porto Velho.

Projeto Fundiário Guajará-Mirim

O projeto Fundiário Guajará-Mirim foi criado em 22 de setembro de 1975.

Sua área de jurisdição e sede administrativa está no município e cidade de Guajará Mirim a 340 km de Porto Velho com via de acesso pela BR-425.

Projeto Fundiário Jaru Ouro Preto

O Projeto Fundiário Jaru Ouro Preto foi criado em 22 de setembro de 1975

Abrange os municípios de Ji-Paraná, Cacoal, Guajará Mirim, Porto Velho e Ariquemes. Sua sede administrativa está localizada na cidade de Ji-Paraná a 362 km de Porto Velho, com via de acesso pela BR 364.


Quem foi Jorge Teixeira de Oliveira

Jorge Teixeira de Oliveira nasceu em General Câmara (RS) em 1º de junho de 1921, filho de Adamastor Teixeira de Oliveira e de Durvalina Stilben de Oliveira.

Fonte: http://www.cigs.eb.mil.br/materia/556-trinta-e-um-anos-de-falecimento-do-coronel-jorge-teixeira.html

Ingressou na carreira militar, sentando praça, em maio de 1942. Após estudar na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), tornou-se aspirante do Exército em dezembro de 1947, sendo promovido a segundo-tenente em junho do ano seguinte. Tornou-se primeiro-tenente em junho de 1950, capitão em dezembro de 1952, major em agosto de 1960 e tenente-coronel em dezembro de 1966.

Realizou cursos na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, na Escola de Comando e Estado-Maior e na Escola de Educação Física e o curso especializado de guerra na selva na Escola das Américas, nos EUA. Em 1966 criou o Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus, que comandou até 1971.

Nesse período, combateu na guerrilha do Araguaia, quando militantes do proscrito Partido Comunista do Brasil (PCdoB), deslocados para o sul do estado do Pará e o norte do estado de Goiás, atual estado de Tocantins, travaram uma guerra de guerrilhas contra tropas das forças armadas, sendo ao final derrotados. Ainda em 1971 fundou o Colégio Militar de Manaus, onde ficou até 1973, passando para a reserva, com a patente de coronel do Exército.

No ano seguinte, foi nomeado pelo presidente da República Ernesto Geisel (1974-1979) prefeito de Manaus. Terminou o mandato em 1979, quando foi nomeado pelo presidente João Figueiredo (1979-1985), através da indicação do ministro do Interior Mário Andreazza, para o governo do território de Rondônia, assumindo o cargo em abril desse ano, recebeu a missão de transformar o território em estado.

Destacaram-se como realizações de sua gestão a execução, mediante verbas federais, do asfaltamento da rodovia BR-364, a construção da usina hidrelétrica de Samuel, o porto do rio Madeira, a criação do Banco do Estado de Rondônia (Beron) e da Companhia de Mineração de Rondônia e a indicação da primeira mulher secretária estadual de Planejamento do país, que interinamente assumiu o governo do estado durante o mês de janeiro de 1984, devido ao afastamento de Jorge Teixeira para tratamento médico.

Deixou o governo do estado em abril de 1985, sendo substituído por Ângelo Angelim, indicado pelo presidente José Sarney (1985-1990). Faleceu no Rio de Janeiro em 28 de janeiro de 1987. Era casado com Aida Fibiger de Oliveira, com quem teve um filho.

Território Federal de Rondônia

No dia 17 de fevereiro de 1956, através da Lei 2.731, o Território Federal do Guaporé passou a designar-se Território Federal de Rondônia em homenagem ao sertanista Cândido Mariano da Silva Rondon, responsável pela ligação da linha telegráfica entre o Estado de Mato Grosso a esta região. A nova lei foi sancionada pelo presidente da República Juscelino Kubitschek.

Rondônia, 1977. Fonte: Atlas Geoambiental, SEDAM, 2002.

As circunstancias desse desenvolvimento incentivado pelo governo federal propiciou a emancipação de cincos municípios: Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena em 11 de outubro de 1977 e, em 16 de julho de 1981, ocorreu a emancipação de mais seis: Colorado do Oeste, Espigão do Oeste, Presidente Médici, Ouro Preto do Oeste, Jaru e Costa Marques.

Ações de desenvolvimento para a região

A economia do Território Federal de Rondônia até década de 1960 estava condicionada a extração vegetal, particularmente a borracha e castanha-do-pará. A partir dos anos 1970, com a política de ocupação da região amazônica desencadeada pelo governo brasileiro, inicia uma escalada de incentivos fiscais aos empreendimentos privados que se estabelecesse na região.

Somado a isso, tem início os projetos de construção de rodovias e de implantação de núcleos de colonização, com estimulo a migração. O acesso fácil à terra boa e barata atrai interessados em investir na agropecuária e na indústria madeireira de diferentes partes do país.

Na mesma época, a descoberta de ouro e cassiterita no Estado, gera um novo impacto migratório. Entre as décadas de 1960 e 1980, o número de habitantes cresce mais de sete vezes, passando de 70 mil para 500 mil.

Garimpo de cassiterita Bom Futuro em Rondônia. Fonte: Comissão Pastoral da Terra de Rondônia, 2011.

No entanto, o bom momento, na medida em que marcou o início do desenvolvimento do atual estado, contribuiu também para o processo de esgotamento prematuro das melhores terras para a agropecuária e a devastação florestal que até hoje causam sérios problemas socioambientais.


Coronel Jorge Teixeira de Oliveira


Durante seu governo, com apoio federal, foram construídas a Usina Hidrelétrica de Samuel e a rodovia BR-364, além da implantação da Assembleia Legislativa do Estado. Também foram suas obras a criação em 1981, dos municípios de Colorado do Oeste, Espigão, Presidente Médici, Ouro Preto, Jaru e Costa Marques.


Em 16 de dezembro de 1981, o projeto de lei complementar nº 221-A/81, foi aprovado na Câmara Federal, dando origem a Lei Complementar nº 41, de 22 de dezembro de 1981, que criava a nova Unidade da Federação. 

Governador Jorge Teixeira de Oliveira.  Fonte: Secom - Governo de Rondônia, 2016.

O Coronel Jorge Teixeira de Oliveira foi empossado no cargo de governador do Estado de Rondônia, no dia 29 de dezembro de 1981, em Brasília. Sua empreitada começou, portanto, em 10 de abril de 1979 e se estendeu até 1985.