domingo, 21 de maio de 2017

Quem eram os Soldados da Borracha

Soldados da Borracha foi o nome dados aos brasileiros que entre 1943 e 1945 foram alistados e transportados para a região amazônica pelo Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia, com o objetivo de extrair borracha para os Estados Unidos da América (Acordos de Washington) na II Guerra Mundial. O contingente de Soldados da Borracha é calculado em mais de 55 mil, sendo na grande maioria formado por trabalhadores nordestinos.
Depois de alistados, examinados e dados como habilitados nos alojamentos em Fortaleza, recebiam um kit básico de trabalho na mata, que constitui-se de: uma calça de mescla azul, uma camisa branca de morim, um chapéu de palha, um par de alpercatas, uma mochila, um prato fundo, um talher (colher-garfo), uma caneca de folha de flandes, uma rede, e um maço de cigarros Colomy. Somente ao chegar na Amazônia recebiam o treinamento para a extração da borracha.
Foi prometido aos Soldados da Borracha que, após a guerra, estes retornariam à terra de origem. Na prática, a maioria deles morreu de doenças como malária ou por influência de atrocidades da selva. Os sobreviventes ficaram na Amazônia por não terem dinheiro para pagar a viagem de volta, ou porque estavam endividados com os seringalistas.

RAÚJO, Ariadne. A Saga dos Arigós, A História dos Soldados da Borracha. Ceará, Suplemento especial do jornal O POVO, dia 21 de junho de 1998 Disponível on-lineMaio, 2011
BENCHIMOL, Samuel. Romanceiro da Batalha da Borracha. Manaus: Imprensa Oficial, 1992.

COSTA, Mariete Pinheiro. O Parlamento e os Soldados da Borracha no limiar da 2ª Guerra Mundial. Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Cefor/CD - Curso de Especialização em Instituições e Processos Políticos do Legislativo. Brasília: 2007. Disponível em PDF Maio, 2011

Os ciclo da borracha na Amazônia

Chamamos de ciclo da borracha o momento da história econômica e social do Brasil, relacionado com a extração de latex da seringueira (Hevea brasiliensis) e comercialização da borracha. Teve o seu centro de produção na região amazônia, e proporcionou expansão da colonização, atração de riqueza, transformações culturais e sociais, e grande impulso ao crescimento de Manaus, Porto Velho e Belém
Teve seu auge entre 1879 e 1912 (primeiro ciclo) e em seguida uma sobrevida entre 1942 e 1945 (segundo ciclo), por ocasião da Segunda Guerra Mundial (1939 -1945). Nos dois períodos, o governo brasileiro valeu-se da mão de obra nordestina para a extração do látex e produção da borracha, nos seringais da Amazônia.

O primeiro ciclo da borracha – 1879 a 1912
No decorrer dos primeiros quatro séculos e meio do descobrimento, as populações da vasta região amazônica viviam praticamente em isolamento, uma vez que nem a coroa portuguesa e depois, nem o império brasileiro conseguiram concretizar ações governamentais que incentivassem o progresso na região.
Vivendo do extrativismo vegetal, a economia regional se desenvolveu por ciclos, acompanhando o interesse do mercado nos diversos recursos naturais da região. A produção da borracha de forma exclusiva no período de 1879 a 1912 (primeiro ciclo) passa a gerar lucros e dividendos a quem quer que se aventurasse neste comercio.
A atividade extrativista do látex na Amazônia revelou-se de imediato muito lucrativa. A borracha natural logo conquistou um lugar de destaque nas indústrias da Europa e da América do Norte alcançando elevado preço. Isto fez com que diversas pessoas viessem ao Brasil na intenção de conhecer a seringueira e os métodos e processos de extração, a fim de tentar também lucrar de alguma forma com esta riqueza.
A partir da extração da borracha surgiram várias cidades e povoados, depois também transformados em cidades. Belém e Manaus, que já existiam, passaram então por importante transformação e urbanização e viveram seu apogeu entre 1890 e 1920. Desfrutavam de tecnologias que outras cidades do sul e sudeste do Brasil ainda não possuíam, tais como bondes elétricos avenidas construídas sobre pântanos aterrados, além de edifícios imponentes e luxuosos, como o requintado Teatro Amazonas o Palácio do Governo, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de Manaus.
Por sua vez Belém apresentava o Mercado de São Braz Mercado Francisco Bolonha, Teatro da Paz, Palácio Antônio Lemos corredores de mangueiras e diversos palacetes residenciais. Manaus foi a primeira cidade brasileira a ser urbanizada e a segunda a possuir energia elétrica - a primeira foi Belém no Estado do Pará com o período lemista.

Fim do monopólio da produção da borracha na Amazônia
A partir de 1912 a borracha oriunda da Amazônia começa a perder o monopólio da produção, uma vez que os seringais plantados pelos inglês na Malásia no Ceilão e na África tropical, com sementes oriundas da própria Amazônia, passaram a produzir o mesmo produto com maior eficiência. Com custos e preço final menor, a Ásia passa a assumir o controle do comércio mundial do produto.
Sem uma política governamental de incentivo a criação de projetos para o planejamento sustentado da região, a partir da extração do látex, o reflexo é a imediata estagnação das cidades que viviam em torno da extração e comercialização do produto. Os trabalhadores dos seringais, agora desprovidos da renda da extração, fixaram-se na periferia de Manaus em busca de melhores condições de vida.
Algumas tentativas para contornar a crise não tiveram o efeito esperado, dentre elas a criação da Superintendência de Defesa da Borracha, criada pelo governo central do Brasil e o cultivo de seringais na década de 1920, por Henry Ford com técnicas de cultivo especiais na lograram êxito.
O segundo ciclo da borracha – 1942 a 1945
Durante a Segunda Guerra Mundial a Amazônia vivenciou, embora por pouco tempo, um novo ciclo da borracha. Como o domínio forças militares japonesas no Pacífico Sul no decorrer dos primeiros meses de 1942 e a consequente invasão da Malásia, passaram a também ter o controle dos seringais. O resultado foi brusca queda de 97% da produção da borracha asiática.
Novamente o Brasil, além da grande movimentação realizada pela exportação em alta da borracha há a geração de precedentes para novos investimentos nas atividades rurais e extrativistas, no qual permitia perspectivas de propulsão e crescimento de nossa economia. Parte desse ideal surgia da necessidade de viver com os próprios recursos, a fim de estimular o crescimento da riqueza agropecuária nacional e de produtos que poderiam contribuir com suas exportações.
A minimização do problema da seca no nordeste aliada a necessidade da produção da borracha para suprir as Forças Aliadas na produção de material bélico e a colonização da Amazônia, nesta segunda momento, fazem com que o governo brasileiro de Getúlio Vargas em 1941 celebre com governo dos Estados Unidos o Acordo de Washington. Essa ação do governo brasileiro desencadeou uma operação em larga escala de extração de látex na Amazônia. Essa operação que ficou conhecida como a Batalha da Borracha.
Como os seringais estavam abandonados e mais de 35 mil trabalhadores permaneciam na região, o grande desafio de Getúlio Vargas então presidente do Brasil, era aumentar a produção anual de látex de 18 mil para 45 mil toneladas, como previa o acordo. Para isso seria necessária a força braçal de 100 mil homens.
A saída foi o alistamento compulsório no ano de 1943 de trabalhadores nordestinos realizado pelo Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (SEMTA), com sede em Fortaleza, capital do Ceará, criado pelo então Estado Novo.
Esse movimento levou milhares de trabalhadores de várias regiões do Brasil a serem compulsoriamente levados à escravidão por dívida e à morte por doenças tropicais, desconhecidas até então ou para as quais não possuíam imunidade. Só da região nordestina foram para a Amazônia 54 mil trabalhadores, sendo 30 mil deles apenas do Ceará.
Esses novos seringueiros receberam a denominação de Soldados da Borracha, numa alusão clara de que o papel do seringueiro em suprir as fábricas nos EUA com borracha era tão importante quanto o de combater o regime nazista com armas. Novamente Manaus experimenta um novo crescimento econômico e populacional e a região revive a sensação de riqueza e de pujança com o fortalecimento da economia.
Com final da Segunda Guerra Mundial o Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia foi extinto e um grande contingente de imigrantes, os chamados Soldados da Borracha, ficaram entregue à própria sorte.

http://istoe.com.br/144519_HISTORIAS+INEDITAS+DA+FERROVIA+DO+DIABO/

A borracha e sua importância no século XIX

A borracha e sua importância no século XIX

A grande importância da borracha na indústria se desde o início da Revolução Industrial, no século XVIII. A industrias de máquinas e equipamento e outras de bens de consumo, sempre usaram o derivado do latex como um dos componentes dos seus produtos.
No entanto a grande necessidade pelo uso da borracha surge mesmo no final do século XIX, quando a recém-criada indústria de automóveis estava em plena expansão. A corrida das empresas e da classe média para adquirir o meio de transporte do momento, fizeram com que a demanda pela matéria prima para a fabricação de pneus aumentasse significativamente.
O uso da borracha como matéria prima industrial para a fabricação de pneus se deve aos estudos realizados pelo cientista Charles Goodyear, que desenvolveu o processo de vulcanização, através do qual a resistência e a elasticidade da borracha foram sensivelmente aprimoradas. A região amazônica, uma das maiores produtoras de látex, aproveitou do aumento transformando-se no maior polo de extração e exportação de látex do mundo. No período de três décadas, entre 1830 e 1860, a exportação do látex amazônico foi de 156 para 2.673 toneladas.
Esta rápida expansão da produção de borracha atraiu uma grande quantidade de trabalhadores para a região, principalmente, nordestinos que fugiam da seca que assolava a região e estavam em busca de emprego e melhores condições de vida. O crescimento econômico da região amazônica foi acompanhado de significativo desenvolvimento urbano. Muitas cidades surgiram e outras se desenvolveram como, por exemplo, Manaus, a capital do estado do Amazonas.
Na década de 1910, empresários holandeses e ingleses entraram no lucrativo mercado mundial de borracha. A produção em larga escala e a custos baixos na Ásia (Ceilão, Indonésia e Malásia) fez com que, no começo da década de 1920, a exportação da borracha brasileira caísse significativamente. Chagava assim, o fim do ciclo da borracha no Brasil. Muitas cidades se esvaziaram, entrando em plena decadência.


SOUSA, Rainer Gonçalves. "Ciclo da Borracha"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiab/ciclo-borracha.htm>. Acesso em 23 de outubro de 2016.

Da Amazônia para o mundo

A extração e comercialização da borracha na região amazônica no século 19 constituiu uma parte importante da história econômica e social do Brasil. Com a Revolução Industrial, na Europa, a borracha, até então produzida apenas na Amazônia, foi um produto bastante procurado e valorizado pelo mercado internacional.
Nesse período a borracha da Amazônia era matéria prima para muitas empresas estrangeiras. Diante das circunstâncias, o governo brasileiro colocou à venda diversas propriedades no início do século 20, ocorrendo que em 1927, o americano Henry Ford foi o primeiro a comprar terras no vale do Rio Tapajós para produzir os pneus de seus próprios automóveis. A Fordlândia, nome dado por seu comprador recebeu investimento de 125 mil dólares para a exploração dos seringais.
Em pouco tempo, diante das dificuldades do cultivo das seringueiras devido a região ser montanhosa e o solo arenoso, e ainda pela incidência do ataque de um fungo até então desconhecido pelos americanos, a empreitada ocasionou sérios prejuízos para a Companhia Ford Industrial do Brasil.
Na tentativa de recuperar os prejuízos, em 1934, a Ford transferiu-se para Belterra, município de Santarém. Alguns anos se passaram e a mudança não trouxe os resultados esperados. A baixa produtividade, falta de critérios técnicos, queda na demanda mundial por borracha e a produção sintética do produto levaram ao fracasso dos americanos na região do Tapajós, em 1945.

 

O Ciclo da Borracha. http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/ciclo_borracha.htm

Michelle Magri – Estudante de jornalismo da Universidade Nove de Julho (UniNove) e integrante do 5° módulo Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter, realizado pela Oboré.

Exploração Da Borracha Na Amazônia Foi Um Marco No Século 19


https://www.ecodebate.com.br/2011/06/08/exploracao-da-borracha-na-amazonia-foi-um-marco-no-seculo-19/