segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O ribeirinho e seus conhecimentos

               Em meio as adversidades da vida, ao longo de vários anos de discriminação e desvalorização dos conhecimentos tradicionais, as comunidades ribeirinhas, indígenas, seringueiros e outras tantas, parecem ter encontrado um caminho de aporte da tradição, dos costumes e do que tem a oferecer ao mundo, no que se refere ao saber passado de geração à geração.
               De certo passamos por um período muito forte de valorização do conhecimento em todas as áreas do saber. Isso faz com que muitos pesquisadores olhem para as populações tradicionais com um  olhar de quem tem muito a oferecer na área da pesquisa. É a tônica do momento. São projetos e mais projetos de pesquisa acadêmica sobre populações indígenas, por exemplo. Há grupos de pesquisa especificamente para fazer trabalhos com as populações ribeirinhas.
            Sobre os ribeirinhos, onde tenho minhas origens, vale relator o que presenciei em setembro de 2011, na comunidade de Nazaré. A comunidade de Nazaré está localizada na área do baixo rio Madeira, no Município de Porto Velho. Esta comunidade tem por tradição realizar todos os anos a "Festa da Melancia", por ser a maior produtora desse fruto, no Estado de Rondônia.
                Ao me depará com um grupo de pesquisa da  Universidade   Federal de  Rondônia, até me causo surpresa. O que fazer a universidade em um lugar que a tato tempo ficou esquecido pelos intelectuais professores universitários. De certo é o interesse pelo conhecimento popular dos ribeirinhos que agora começa a ganhar força nos centros acadêmicos. E isso com certeza não acontece somente no Estado de Rondônia, é um fato no país inteiro.
             O fato é que realmente é fascinante o sujeito que se criou na cidade, se depará com um exímio contador de histórias do seu  cotidiano e do povo. Ouvir um rezador, um benzedeira, um dono de festejo, um caçador de onça e de jacaré. Histórias sobre mitos são as mais diversas. Pessoas que viram o curupira, o saci pe-re-rê. É campo de pesquisa muito amplo, misterioso e fascinante.
            O povo ribeirinho e seus conhecimento realmente encanta qualquer intelectual que se dispõe a conhecer e até conduzi-lo para o campo da pesquisa. Já estava na hora de valorizar o que realmente é natural, nobre e intrisicamente brasileiro. O conhecimento popular ao meu ver, ganha novos rumos. A valorização do saber do povo. Espero que não seja mero acaso de acadêmicos cansados de pesquisar na área urbano e que na ânsia de concluir seus cursos, voltem-se a pesquisar este campo que nem por sonho merece ser especulado.
                  Que os resultados das pesquisas sejam base para o progresso e para a melhora da qualidade de vida dessa sofrida população onde os olhos do poder público só chega em épocas de campanhas eleitorais. Que se divulguem seus objetivos e não apenas extraiam o conhecimento do povo e os deixem na mesmice. Que as pesquisam sirva de de ajuda no campo social e politico que é o que eles mais precisam para crescer e sobreviver no mundo capitalista.