A construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré é o
principal marco histórico da conquista e do desbravamento da região onde
atualmente é o estado de Rondônia. Um feito humano que por longas cinco
décadas, ao ser finalmente concluída em 1912, apresentava um rastro de
aproximadamente 6.000 trabalhadores mortos. As causas de tantas mortes foram as
mais diversas: acidentes de trabalhos, doenças tropicais, ataques de índios e
de animais selvagens, acidentes, desaparecimentos na mata, etc.
Ao final da construção a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré,
às margens dos rios Mamoré e Madeira em Rondônia, apresentava 364 quilômetros
de extensão. Não tendo como escoar a produção de borracha por seu território, a
Bolívia precisava de uma rota sólida para chegar ao Atlântico. Para isso era
preciso subir os rios Mamoré, em solo boliviano, e Madeira, no Brasil O grande empecilho estava no trecho encachoeirado do rio Madeira, cerca de 300km entre o rio Mamoré e Santo Antônio do
Madeira.
Naquele
momento, o Brasil também tinha interesse no projeto porque poderia aproveitar a
ferrovia para transportar sua produção de látex, muito valorizado no mundo. No
entanto, logo se percebeu as dificuldades a serem enfrentadas. Nos 10
primeiros anos, apenas 6 quilômetros de trilhos foram assentados.
Mais de 20.000 operários (alguns autores falam
em 34.000), Pessoas
de cerca de 40 nacionalidades participaram da construção da Madeira-Mamoré. Foi oficialmente inaugurada em 1º de
agosto de 1912 e desativada em 1972. A soma de
dificuldades que acompanhou toda a construção da ferrovia Madeira-Mamoré
deu-lhe um aspecto exageradamente catastrófico, no Brasil e no exterior. As moléstias que mais castigaram os operários
foram:
Ø A pneumonia, que
grassava nas obras, causando cerca de 60% de mortes entre os afetados.
Ø O sarampo, moléstia
trazida à região pelo vapor Borborema, em 1910.
Ø A ancilostomíase,
infecção intestinal que atacou cerca de 80% dos operários.
Ø O beribéri, de causa
ignorada à época da construção. Atacou parcela pequena de trabalhadores.
Ø A febre amarela,
trazida por passageiros vindos de Manaus, não chegou a disseminar.
Ø O impaludismo. Foi o
grande mal, e grande a mortandade por ele causada. Devido a ela, Oswaldo Cruz
chegou a afirmar que a população local "não sabia o que era estado
saudável", a condição de ser enfermo era a normalidade.
Nesse aspecto de
fatalidades, histórias e lendas, a Madeira-Mamoré recebeu várias denominações que procuravam
identificá-la muito mais com seus graves problemas do que com seus benefícios
sociais, políticos e econômicos. Entre os diversos contextos
denominam-na de: “Estrada dos
Trilhos de Ouro”, “Ferrovia do Diabo”, “Ferrovia de Deus”, e “Ferrovia da Morte”, que serviram para ligar sua construção aos seus dramas. Dizia-se também que cada um dos seus
dormentes representa uma vida, para avaliar de forma exagerada o número de
trabalhadores mortos no decorrer da sua construção.