A realidade dos estados da Região Norte do Brasil é bem diferente dos
demais estados brasileiros. A economia em processo de desenvolvimento apresenta o reflexo das
políticas nacionais descontinuadas e determina impactos e problemas sociais
diversos. Rondônia é o terceiro
estado mais rico do norte do país, responsável por uma grande parcela do Produto Interno Bruto – PIB, da região.
3º Rural Show - Rondônia. Fonte:
Decom/RO – Foto: Paulo Sérgio.
Economia em desenvolvimento
O Produto Interno Bruto é
a soma de todas as riquezas produzidas em um dado território durante um
determinado tempo. Representa o nível de crescimento econômico no qual um país,
região, estado ou município encontra-se, dimensionando o nível de produção nos
setores primário, secundário e terciário.
Estados
|
Agropecuária
|
Industria
|
Serviços
|
Pará
|
4,5
|
0,8
|
-1,5
|
Amazonas
|
7,2
|
1,1
|
0,7
|
Rondônia
|
9,4
|
-0,5
|
-0,7
|
Tocantins
|
10,6
|
-0,2
|
0,2
|
Amapá
|
9
|
-2,1
|
1,3
|
Acre
|
1,3
|
-1,4
|
-0,5
|
Roraima
|
8,7
|
-1,7
|
1,2
|
PIB dos estados projetado para 2017. Fonte: IBGE/SEPOG, Contas Regionais do
Brasil.
Nas participações das
atividades econômicas estão sempre projetados os serviços, o agronegócio
evidenciado no setor agropecuário, seguido pelo setor industrial. Rondônia é o
destaque na Região Norte do Brasil, figurando como o Estado que mais contribui
para o Produto Interno Bruto Nacional (PIB) na região, marcado pelo desempenho
da sua agropecuária.
Participação dos
Setores da Economia no Valor adicionado Bruto - Rondônia-2012.
Fonte: IBGE/SEPOG, Contas Regionais do Brasil
Produto interno bruto per
capita
É
uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num período, na
agropecuária, indústria e serviços. É um indicador muito utilizado na macroeconomia de um país, estado ou
região. Quanto mais rico o país é, mais seus
cidadãos se beneficiam. O PIB possui apenas uma consideração, é possível que
aumente enquanto os cidadãos ficam mais pobres, e isso ocorre, por não considerar
o nível de desigualdade de renda das sociedades.
Atividades que
compõem o PIB per capita. Fonte:
http://g1.globo.com
Principais
atividades econômicas
Agricultura
Com uma agricultura forte alicerçada em pequenas e médias propriedades
rurais, o Estado de Rondônia desponta no cenário nacional na produção de milho,
soja, arroz, peixes e outros gêneros de primeira necessidade e exporta carne
para mais de 30 países. Os mais recentes
dados relativos aos principais produtos agrícolas produzidos em Rondônia estão
apresentados no quadro abaixo:
Produtos
|
Produção
|
Taxa
de crescimento
|
2010
|
2011
|
2012
|
2011/2010
|
2012/2011
|
Arroz
(em casca) (t)
|
164.701
|
168.956
|
239.082
|
2,58
|
41,51
|
Cana-de-açúcar
(t)
|
233.527
|
218.975
|
221.870
|
-6,23
|
1,32
|
Feijão
(em grão) (t)
|
8.747
|
35.563
|
37.685
|
306,57
|
5,97
|
Mandioca
(t)
|
505.004
|
513.515
|
472.207
|
1,69
|
-8,04
|
Milho
(em grão) (t)
|
365.980
|
340.045
|
534.423
|
-7,09
|
57,16
|
Soja
(em grão) (t)
|
385.388
|
419.522
|
470.485
|
8,86
|
12,15
|
Banana
(cacho) (t)
|
53.037
|
53.965
|
59.151
|
1,75
|
9,61
|
Cacau
(em amêndoa) (t)
|
17.486
|
15.770
|
16.314
|
-9,81
|
3,45
|
Café
(em grão) total (t)
|
141.160
|
88.119
|
85.444
|
-37,58
|
-3,04
|
Coco-da-baía
(Mil frutos)
|
1.550
|
90
|
913
|
-94,19
|
914,44
|
Arroz
(em casca) (t)
|
164.701
|
168.956
|
239.082
|
2,58
|
41,51
|
Produção e taxa de crescimento (%) da produção das principais lavouras
Rondônia – 2010-2012. Fonte:
SEPOG-RO/IBGE. Produção Agrícola Municipal.
Observa-se que há um
volume significativa de milho, soja, mandioca e uma taxa de crescimento
expressiva da produção de feijão nos últimos anos. A produção de soja é
integralmente comercializada para fora do estado. A agricultura de Rondônia,
entretanto, ainda não satisfaz adequadamente seu consumo interno em alguns
produtos, além de sofrer algumas outras restrições que limitam seu poder de
competitividade com a produção do Centro Sul brasileiro.
Produção
de soja. Fonte: SEPOG-RO/IBGE.
Produção Agrícola Municipal.
Fruticultura
A
fruticultura rondoniense ainda é pouco expressiva.
A
industrialização cresce, mas a maioria das frutas ainda são vendidas in natura. A produção está
concentrada ao norte e no centro do Estado, principalmente nos municípios de
Porto Velho, Cujubim, Buritis; Cacoal; Ariquemes; Guajará-Mirim; Seringueiras;
Presidente Médici; Novo Horizonte; Pimenta Bueno; Espigão do Oeste; Rolim de
Moura; Itapuã do Oeste e Ji-Paraná.
O abacaxi é a fruta mais
produzida do Estado, seguida da banana, cupuaçu; coco; maracujá; melancia;
laranja; açaí; pupunha e mamão. A fruticultura é um seguimento que tende a
crescer com o incremento de pesquisas e novas tecnologias.
Outro fator importante para desenvolver a fruticultura no Estado é a
assistência técnica eficiente, uma vez que o segmento, em grande parte é
desenvolvido por agricultores familiares. As boas condições ambientais de clima
e solo e a crescente demanda por frutas da região amazônica, credenciam a
fruticultura como atividade econômica de elevado potencial para exploração
agrícola em Rondônia, principalmente as fruteiras consideradas perenes.
Polos de Produção de frutas
em Rondônia. Fonte: Emater, dados de janeiro a novembro de
2014
Piscicultura
As primeiras referências da atividade de piscicultura no
Estado aconteceram por iniciativa da Empresa Estadual de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Estado de Rondônia – EMATER-RO, na década de 1980. Cerca de
trinta anos depois Rondônia se tornou um dos principais criadores de peixe,
destacando-se como o maior produtor de peixes redondos da região norte, e
encontra-se na vanguarda da produção da espécie pirarucu (Arapaima
gigas).
Uma das peculiaridades do crescimento da piscicultura no
Estado é a participação decisiva da agricultura familiar. Essa evolução se deve
ao conjunto de inúmeros fatores:
· Aspectos
físicos como disponibilidade de recursos hídricos, temperatura, etc.,
· Opção por
espécies nativas, como o tambaqui, que possui bom desempenho zootécnico e
tecnologia de produção conhecida;
· Mercado em
expansão, pronto para ser ocupado não só pela diminuição da oferta de pescado
oriundo da pesca artesanal, mas pelo aumento do consumo per capta, tendência
mundial até o incentivo do governo por meio de políticas públicas, somados ao
interesse dos agricultores familiares pela atividade como alternativa de uso do
solo e renda, potencializada pela assistência técnica que promove o
desenvolvimento da atividade.
Piscicultura em
Rondônia 2012 - 2015. Fonte: EMATER,
disponível em: http://www.emater.ro.gov.br/ematerro/piscicultura.
Em Rondônia, a piscicultura é caracterizada pela produção de
peixes em regime semintensivo de criação. O aumento expressivo na produção reflete
a adoção de Boas Práticas de Manejo, o caminho para a produção com condições de
sanidade animal que atendam às expectativas do mercado consumidor, cada vez
mais exigente.
Pecuária
A produção agropecuária responde com uma parcela significativa na
economia do Estado, bem acima da média nacional. É a
atividade do setor primário que mais se expandiu nos últimos anos,
especialmente a bovina, que hoje se apresenta como plenamente capaz de
satisfazer o consumo interno e ainda oferecer excedentes exportáveis.
Foi à
atividade do setor primário que mais se expandiu nos últimos anos no Estado,
especialmente a bovina, que hoje se apresenta como plenamente capaz de
satisfazer o consumo interno e ainda oferecer excedentes exportáveis.
A pecuária de corte possui nível tecnológico mais elevado que a pecuária
de leite e tem evoluído mais rapidamente junto com a expansão das áreas de
pastagens, contra uma estagnação, até mesmo redução de áreas de lavoura.
Criação de bovinos em Rondônia. Fonte: http://g1.globo.com/ro
Extrativismo mineral
O extrativismo mineral com exceção da madeira e da extração de
cassiterita, que marcou toda a história de Rondônia, perdeu nos dias atuais
qualquer sentido verdadeiramente econômico. Borracha, castanha do Pará, pau
rosa, copaíba, ouro, que foram todos itens importantes na pauta de exportações
de Rondônia até há algumas décadas atrás, representam pouco atualmente.
A extração de ouro,
que já teve grande importância, é hoje totalmente insignificante. A exploração
de minerais não metálicos, tipo areia, argila e cascalho, é feita em grande
parte pela economia informal, tendo significativa importância social. Há
importante ocorrência de rochas graníticas com elevado valor de mercado, para
uso na construção civil.
A mineração de calcário dolomítico, em Pimenta Bueno, com capacidade
para 50.000 ton/ano, representa um importante insumo agrícola na correção da
acidez do solo, característica predominante em grandes áreas da Amazônia.
Usina de calcário. Fonte:
http://www.rondonia.ro.gov.br
Granito e pedras ornamentais
Embora o potencial das jazidas de granito do Estado não esteja
perfeitamente dimensionado, a ocorrência desse minério em vários municípios
como Ariquemes, Jaru, Ouro Preto e Ji-Paraná, além de outros, permite afirmar
que o suprimento dessa matéria prima para a indústria está assegurado por
muitas décadas. Por outro lado, o granito encontrado em Rondônia em forma bruta
é de excelente qualidade, apresentando várias tonalidades e, por conseguinte,
atendendo a exigência de diversos mercados.
Indústria madeireira
A
indústria madeireira em Rondônia, devido ao seu caráter pioneiro, típico das
novas áreas de ocupação e de colonização, assumiu um papel histórico, uma vez
que contribuiu, ao lado das atividades extrativas minerais e agropecuárias,
para a formação e o desenvolvimento de muitos municípios.
Essa
atividade ainda é muito significativa para a economia do Estado, por ser grande
empregadora de mão-de-obra e importante geradora de renda e tributos. Em
decorrência das dificuldades vivenciadas, o setor foi induzido a buscar outras
alternativas de exploração das madeiras abundantes em todo o Estado,
principalmente na produção de laminados e compensados.
Produção de energia
Além de
contar com a Usina Hidrelétrica de Samuel,
localizada no município de Candeias do Jamari, construída nos anos
80 para atender à demanda energética dos estados de Rondônia e Acre, bem como
diversas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), foi construída no Rio
Madeira, as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, que juntas apresentam uma capacidade
instalada de 6.450 MW.
As usinas são apontadas pelos especialistas da área como uma solução
para os problemas de racionamento de energia do país. Apesar da polêmica criada
em torno das obras por parte de ambientalistas e organizações
não-governamentais, são as primeiras da Amazônia a utilizar o sistema de
turbinas tipo "bulbo", o que não requer grandes volumes de água, uma
vez que as mesmas são acionadas pela correnteza do rio e não pela queda d'água.
Turismo
Rondônia tem um grande
potencial turístico a ser explorado. Nos últimos anos vem atraindo turistas
interessados em conhecer a rica história da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e a
arquitetura clássica do Mercado Cultural bem como os passeios em barcos que os
levam até a monumental Usina Hidrelétrica de Santo Antônio.
Destaca-se também o turismo ecológico e histórico em vários
municípios do estado, que contam uma excelente infraestrutura hoteleira.
O setor de turismo,
ora construído estrategicamente no estado, possui potencial de crescimento se aproveitadas
as oportunidades que o mesmo oferece, principalmente aos pequenos negócios.