segunda-feira, 9 de agosto de 2021

A Amazônia é dos Americanos?

O sonho dos americanos é possuir um pedaço de terra na Floresta Amazônica. Nos anos 20, Henry Ford querendo fugir da dominação dos ingleses sobre a borracha foi para a Amazônia. Na construção de casas com estilo faroeste e bairros com a cara de Hollywood, foi um projeto que fracassou devido sua falta de conhecimento.

            Fordilandia – criada por Henry Ford em 1927 na Amazônia. Fonte: http://marciacl.typepad.com

O local foi chamado de Fordlândia e era um ideal para Ford, pois além de querer criar uma base produtora de borracha no Brasil, ele queria uma sociedade saudável aos moldes amazônicos, ou seja, ele ficaria livre de toda aquela elite que ele abominava. Nenhum tipo de especialista no plantio de seringueira estava no local para averiguar os insucessos que ocorreram logo quando Ford iniciou os seus projetos.

As casas construídas eram quentes e ótimas para quem morava nos EUA, mas na Amazônia não provocou o mesmo resultado. Foram construídas às margens do Rio Tapajós, e esse sonho acabou atraindo pragas, queimadas e desmatamentos no local, lixo, doenças e rebeliões.


Acesso em 20 de dezembro de 207.

População tradicional em Rondônia

O termo “populações tradicionais” é bastante amplo e não se deve minimizar seu conceito pela adesão as tradições ou como populações causadoras de baixo impacto sobre o ambiente. Pode se dizer, de modo geral, que são tracionais aqueles povos que mantêm um modo de vida intimamente relacionado ao meio ambiente em que vivem. Além disso, eles têm seus hábitos, costumes, ciências e crenças transmitidas de modo oral, de geração em geração.


Festa da Melancia na comunidade de Nazaré – Porto Velho/RO. Fonte: http://www.amazoniadagente.com.br

Populações tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.

Quem são as populações tradicionais

Duas características são fortemente evidenciadas nesses grupos. A primeira delas diz respeito ao território, que é considerado um espaço necessário para a reprodução cultural, social e econômica dessas comunidades, seja ele utilizado de forma permanente ou temporária. A segunda é o desenvolvimento sustentável: é comum o uso de recursos naturais de forma equilibrada, com a preocupação de manter os recursos para as novas gerações.

População tradicional – ribeirinhosFonte: http://www.dpu.def.br

   

Tipologia das comunidades tradicionais

No Brasil as políticas públicas voltadas para os Povos e Comunidades Tradicionais são recentes e esse público passou a integrar a agenda do governo federal a partir do ano de 2007, por meio do Decreto 6.040, que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.

Comunidade tradicional. Fonte: http://www.ecobrasil.org.br

Entre os povos e comunidades tradicionais no território brasileiro estão os quilombolas, ciganos, matriz africana, seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco de babaçu, comunidades de fundo de pasto, faxinalenses, pescadores artesanais, marisqueiras, ribeirinhos, vargeiros, caiçaras, praieiros, sertanejos, jangadeiros, ciganos, açorianos, campeiros, vazanteiros, pantaneiros, caatingueiros, entre outros.

As comunidades tradicionais constituem aproximadamente 5 milhões de brasileiros e ocupam um quarto do território nacional. Por seus processos históricos e condições específicas de pobreza e desigualdade, acabaram vivendo em isolamento geográfico e/ou cultural, tendo pouco acesso às políticas públicas de cunho universal, o que lhes colocou em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica, além de serem alvos de discriminação racial, étnica e religiosa.

Populações tradicionais na Amazônia

A Amazônia abrange a maior biodiversidade do planeta. Os conhecimentos das comunidades tradicionais, ainda que produzidos localmente, são objeto de discussão global. Se faz necessário, no entanto, entender quem são essas populações e as implicações que essa terminologia suscita nos variados aspectos da vida desses grupos humanos, sobretudo nos seus campos de luta.

Comunidade do Distrito de Nazaré – Porto Velho/RO. Fonte: http://www.folharondoniense.com.br.

O conhecimento tradicional não se restringe aos organismos, mas inclui percepções e explicações sobre a paisagem, geomorfologia, e a relação entre diferentes seres vivos com o ambiente físico.


Manejo de jacaré em Rondônia. Fonte: https://www.xapuri.info. (Foto IcmBio)

Como modelo de desenvolvimento baseado no uso sustentável dos recursos naturais, leva em consideração os seus respectivos sistemas de manejo, que em grande medida contribuíram para formação de ecossistemas diferenciados, e até mesmo em alguns casos, por processos de especiação e domesticação de espécies, que figuram como uma das alternativas econômicas mais promissoras para a região.


Comunidades tradicionais no espaço rondoniense


Ribeirinhos – Os ribeirinhos residem proximidades dos rios e tem como principal atividade de subsistência a pesca. Essas comunidades caracterizam-se pela diversificação nas atividades produtivas, que giram em torno da cultura dos conhecimentos adquiridos sobre a natureza e seu funcionamento, garantindo a sobrevivência de acordo com necessidades e principalmente com o que o ambiente lhes oferece.


Pedras Negras - Rio Guaporé, em RO .Fonte: http://g1.globo.com/ro/(Foto Jonatas Boni/G1)


Seringueiro – Extração do látexFonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br


Seringueiros – Os seringueiros guardam consigo o conhecimento adquirido ao longo dos anos vividos em meio a um ecossistema extremamente diversificado e complexo no meio da floresta amazônica, onde desenvolveram todo um conhecimento na sua convivência com a natureza


Quilombolas são descendentes dos escravos negros que sobrevivem em enclaves comunitários. As comunidades quilombolas apresentam traços culturais relativos a um período histórico que deve ser preservado e que merece seu devido respeito perante toda a sociedade. A busca por uma significância histórica e por seu reconhecimento são as marcas da luta quilombola.




Quilombos de Santa Fé - Costa MarquesFonte: http://gentedeopiniao.com.br
   Povo Indigena Karipuna (RO). Fonte: https://pib.socioambiental.org

Povos Indígenas – A expressão genérica “povos Indígenas” refere-se a grupos humanos espalhados por todo o mundo, e que são bastante diferentes entre si. Em comum há o fato de cada etnia se identificar como uma coletividade específica, distinta de outras com as quais convive e, principalmente, do conjunto da sociedade nacional na qual está inserida.


A agricultura e a explosão demográfica em Rondônia

Na década de 1970, a descoberta de grandes manchas de terras férteis provocou o intenso fluxo migratório dirigido ao então Território Federal de Rondônia e torna a agricultura a alternativa viável. O processo de ocupação humana de Rondônia ligado ao Ciclo da Agricultura foi executado pelo INCRA, inicialmente, através dos Projetos Integrados de Colonização, PIC e dos Projetos de Assentamento Dirigido, PAD, estrategicamente criados para cumprir a política destinada à ocupação da Amazônia rondoniense.

A explosão demográfica provocada pela ocupação humana das terras rondonienses, vinculada ao ciclo da agricultura, além de agricultores, constituiu-se de técnicos, comerciantes e profissionais liberais de todas as áreas, em busca de melhores condições de vida. Esses novos povoadores fixaram-se nos núcleos surgidos nas cercanias das estações telegráficas da Comissão Rondon e expandiram suas áreas urbanas.

As áreas onde ocorreram as maiores concentrações de migrantes foram Vilhena, com extensão a Colorado d’Oeste; Cacoal, Rolim de Moura, Ji-Paraná, Ouro Preto d’Oeste, Jaru e Ariquemes. Essa população migrante que se fixou em

Rondônia entre 1968 e 1982 era formada, basicamente, por paranaenses, gaúchos, mato-grossenses, capixabas, mineiros e paulistas. Em menor número, fixaram-se cearenses, cariocas, baianos, paraibanos, amazonenses, goianos e alguns estrangeiros. Esses povoadores, atraídos pelo ciclo da agricultura, passaram a influenciar decisivamente na transformação do modelo socioeconômico de Rondônia e na sua formação política.

 

                                                          Texto retirado do Artigo “Processos migratórios em Rondônia e sua influência na língua e na cultura”.
Autora: Nair Ferreira Gurgel do Amaral.

Rondônia: População e mobilidade espacial

A urbanização do Estado de Rondônia, igualmente ao que ocorreu em outras regiões da Amazônia Ocidental, contextualiza o reflexo dos processos de integração da região. Tal processo, ao induzir o surgimento de núcleos urbanos, como centros de comando político, administrativo e econômico, produziu um espaço de expansão da recente modernização brasileira que se contrapõe e subverte o antigo modo tradicional do extrativismo que dominava na região.

Porto Velho – capital de Rondônia. Fonte: O autor.


Aspectos populacionais

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2013), a população atual estimada é de 1.787.279 habitantes. Dos 27 estados brasileiros, ocupa a 23ª colocação. Na Região Norte é o terceiro estado mais populoso.

                       

Brasil e Unidades da Federação

População estimada

Brasil

206.081.432

Região Norte

17.707.783

Rondônia

1.787.272

Acre

816.687

Amazonas

4.001.667

Roraima

514.229

Pará

8.272.724

Amapá

782.295

Tocantins

1.532.902

                População residente no Brasil e UFs até 1º d julho de 2016.
Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas-DPE – Coordenação de População e Indicadores Sociais – COPIS.


Um dos motivos principais desse ritmo de crescimento populacional está no desenvolvimento da economia, que começa a se diversificar. O agronegócio, há alguns anos continua liderando a atividade econômica do estado, mas a atividade industrial já se destaca nos grandes centros como Porto Velho e Ji-Paraná.


Os municípios mais populosos do Estado de Rondônia

O aumento populacional deve-se, principalmente, ao fluxo migratório. O primeiro grande movimento migratório ocorreu por volta de 1877, com os nordestinos, em virtude da grande seca. Nos anos seguintes, as buscas por oportunidades de trabalho atraíram muitas pessoas para a região. Porto Velho, capital do Estado continua sendo a cidade mais populosa, com mais de 511.219 habitantes, quase um terço da população rondoniense.


             Fluxo migratório em Rondônia.
               Fonte: http://rondoniaemsala.blogspot.com.br/2012/02/povoamento-forca-dos-migrantes.html


Os cinco municípios atualmente, mais populosos são: Porto Velho (511.219), Ji-Paraná (131.219), Ariquemes (105.896), Vilhena (93.745) e Cacoal (87.877).


Fluxos migratórios para Rondônia

Fluxo migratório é uma referência genérica ao movimento de entrada (imigração) e saída de pessoas (emigração). Migrante é todo aquele que saiu de seu lugar de moradia por um período mais ou menos longo de tempo. Para o lugar de onde ele saiu o migrante é um emigrante. No lugar para onde ele vai, ele será um imigrante. Na atualidade, como no passado, as populações estão em permanente deslocamento


                                Evolução da taxa de urbanização em Rondônia – 1950/2000.

                                           Fonte: Gráfico extraído de relatório de Emanuel Meireles – Sem data



Entre 1970 e 1991 os estados brasileiros que mais receberam migrantes foram Rondônia e Roraima. Isso fez com que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária-INCRA começasse a disciplinar os assentamentos desordenados dos colonos que procuravam Rondônia para se fixar na região.

No período, a população regional demonstrou um crescimento acelerado em função da intensificação migratória, passando de 3,87% da população brasileira em 1970, para 6,8%, em 1990, 7,1%, em 1996 e 7,79% em 2000. As portas à migração por rodovia foram abertas pelo primeiro governador, coronel Aluízio Ferreira.

Figura 12.3: Migrações internas – década de 1980

        Fonte: MARTINS, Dora; VANALLI, Sônia


Na década de 80, a Região Amazónia apresentou a taxa de crescimento mais elevada do país e, pela primeira vez na história, seu aumento populacional absoluto foi maior que o das Regiões Sul e Centro-Oeste. Também foi a única a apresentar um crescimento significativo na sua área rural devido à migração acelerada em direção à fronteira agrícola, motivado tanto pela modernização concentradora nos lugares de origem da migração como pelas promessas e realizações do Estado na região.


Características sociais de Rondônia:

Densidade demográfica: 6,58

Rendimento per capita: 822

Crescimento demográfico: 2,2% ao ano

População urbana: 73%.

Acesso à água tratada: 36%.

Acesso à rede de esgoto: 48,3%.

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): 0,756.

Expectativa de vida: 70,6 anos.

Mortalidade infantil: 22,4 para mil nascidos.

Analfabetismo: 8,6%.

Divisão da população por cor e raça:

Brancos ---- 36%

Negros ----- 4%

Pardos/Mestiços ---- 60%


Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

Figura 12.4: Capa da Revista Veja de 06/jan, de 1982

Fonte: http://picasaweb.google.com


O resultado do intenso fluxo migratório para o Estado de Rondônia é a grande diversidade cultural que atualmente é manifestada em todo o seu território, com influência das tradições indígenas e dos colonizadores portugueses. Entre as diversas manifestações culturais estão a Festa do Divino, Jerusalém da Amazônia, Folia de Reis, Congada, Festival Folclórico de Nazaré, etc.

No âmbito social, a população de Rondônia enfrenta alguns problemas, em especial o déficit nos serviços de saneamento ambiental: menos de 40% das residências têm acesso à água tratada e à rede de esgoto. A taxa de, apesar de estar em constante declínio, permanece um pouco acima da média nacional, que é de 22 óbitos a cada mil nascidos vivos, enquanto a de Rondônia é de 22,4 para cada mil nascidos vivos.

         

Nome do Município

População Estimada

Nome do Município

População Estimada

Alta Floresta D'Oeste

25.506

Alto Paraíso

20.569

Ariquemes

105.896

Buritis

38.450

Cabixi

6.289

Novo Horizonte do Oeste

10.161

Cacoal

87.877

Cacaulândia

6.414

Cerejeiras

17.959

Campo Novo de Rondônia

14.354

Colorado do Oeste

18.639

Candeias do Jamari

24.719

Corumbiara

8.749

Castanheiras

3.583

Costa Marques

17.031

Chupinguaia

10.364

Espigão D'Oeste

32.712

Cujubim

21.720

Guajará-Mirim

47.048

Governador Jorge Teixeira

9.933

Jaru

55.806

Itapuã do Oeste

10.155

Ji-Paraná

131.560

Ministro Andreazza

10.786

Machadinho D'Oeste

37.899

Mirante da Serra

12.308

Nova Brasilândia D'Oeste

21.670

Monte Negro

16.032

Ouro Preto do Oeste

39.840

Nova União

7.796

Pimenta Bueno

37.786

Parecis

5.802

Porto Velho

511.219

Pimenteiras do Oeste

2.417

Presidente Médici

22.337

Primavera de Rondônia

3.456

Rio Crespo

3.790

São Felipe D'Oeste

6.048

Rolim de Moura

56.664

São Francisco do Guaporé

19.353

Santa Luzia D'Oeste

8.362

Seringueiras

12.617

Vilhena

93.745

Teixeirópolis

4.966

São Miguel do Guaporé

24.059

Theobroma

11.348

Nova Mamoré

28.255

Urupá

13.198

Alvorada D'Oeste

16.902

Vale do Anari

10.999

Alto Alegre dos Parecis

13.993

Vale do Paraíso

8.138

         Estimativa da população residente nos municípios de Rondônia até julho de 2016.
          Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas-DPE – Coordenação de População e Indicadores Sociais – COPIS.