A Região Ribeirinha do baixo Rio
Madeira, no Estado de Rondônia, formada por quatro Distritos São
Carlos, Nazaré, Calama e Demarcação é constituída por uma
variedade de ecossistemas e biodiversidades e abrange uma área de
7.833,85 km². Possui uma diversidade de povos com saberes,
habilidades, costumes e valores próprios que torna a região um
espaço inter/multicultural, com populações cujas diversidades
cultural, social e étnica sustentam a sua riqueza sócio histórica.
Sua população contabiliza cerca de 5.957 habitantes, distribuídos
em 1.421 domicílios.
É uma região caracterizada por
apresentar um conjunto de comunidades tradicionais que sobrevivem da
agricultura e do extrativismo vegetal e animal. Atualmente, contam
com geração e distribuição pública de energia, linha telefônica,
televisão com recepção via antena parabólica e internet. Os
Centros de Saúde instalado na sede de cada distrito apresentam
condições satisfatórias nos aspectos físicos, se comparado aos
demais da região. Um grande desafio dos habitantes corresponde à
falta de profissionais qualificados.
A água consumida é captada
diretamente do rio através de bombas elétricas ou de poços
semiartesiano. A má qualidade gera muitos problemas de saúde,
especialmente na época em que o nível do Rio Madeira começa a
subir, e do mesmo modo, quando começa a descer. O atendimento
educacional é regular. As escolas possuem estruturas físicas
satisfatórias e conta com professores habilitado. Nas sedes dos
distritos a população conta com o ensino fundamental e médio.
Organizados
em associação, os produtores realizam festas tradicionais, festejos
de santos em várias épocas do ano, atraindo centenas de pessoas
para a região. Para
Almeida (2008), a repetida inovação de modernidade e progresso, que
parecia justificar que os agentes sociais atingidos pelos grandes
projetos fossem menosprezados ou tratados etnocentricamente como
primitivos e sob o rótulo de atrasado, tem sido abalado face à
gravidade de conflitos prolongados e à eficácia dos movimentos
sociais e das entidades ambientalistas em impor novos critérios de
consciência econômica e ambiental.
Neste
ecossistema, as terras representam para a população que nela vive,
uma relação de propriedade provisória, dependendo de sua
utilização para o trabalho (CHAVES, 1990). São terras baixas da
Amazônia Legal, inundadas periodicamente, ocupadas em grande parte
por caboclos
ribeirinhos (FABRÉ, et al, 2007), populações tradicionais que têm
suas vidas inseridas num modo peculiar de viver, trabalhar e
construir saberes.
Este modo de vida é marcado por
uma cultura diferenciada, caracterizada principalmente pelo contato
com as águas, terras e floresta (FERREIRA, 2008). São esses homens
e mulheres que decidem o que manter, criar e desenvolver em cada
ecossistema, por meio de um conjunto de recursos, técnicas e
estratégias apropriadas ao longo do tempo (AMÂNCIO, 2000), eles são
camponeses amazônicos possuidores de uma vasta experiência na
utilização e conservação da biodiversidade e da ecologia dos
ambientes onde vivem e trabalham (BARREIRA, 2007).
A escola que nasce e se
desenvolve nesses territórios possui extrema importância para a
reprodução social das populações ribeirinhas (FABRÉ, et al,
2007). Apesar da peculiaridade e riqueza dessas localidades, marcada
pela subida e descida das águas, a política de educação escolar
tem sido predominantemente pautada no modelo urbanocêntrico e
reproduzindo fortemente a desvalorização do modo de vida,
reforçando o êxodo rural e consequentemente a falta de
desenvolvimento econômico da região.
Essa desvalorização, marcada
pela pouca atuação do Estado, tem proporcionado um considerável
índice de jovens e adultos não alfabetizados e de pessoas com tempo
de escolaridade inferior a quatro anos. Possui um baixo IDH e índices
do IDEB (2017) nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Esses baixos
indicadores sociais e humanos refletem o peso do tratamento
subalterno que a população ribeirinha recebeu historicamente.
Neste sentido, com o intuito de
superar essas fragmentações, indicando o destino aonde se quer
chegar através de um currículo que efetivamente defina como
alcançar os objetivos que os estudantes e a comunidade esperam
atingir, surge o questionamento sobre até que ponto as propostas
pedagógicas das escolas ribeirinhas trazem perspectivas de
desenvolvimento social e econômico para a região, que tem sua
economia baseada na agricultura, na pesca e no extrativismo.
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