segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Gestão educacional e tecnologia


A gestão educacional, a partir da década de 1990, passou a ganhar evidência, ocupando espaço na literatura e no contexto dos sistemas de educação, sendo reconhecida como fundamental para a organização das unidades de ensino com vistas à melhoria da qualidade social da educação. Para LÜCK (2008), nessa mesma década o Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED) passou a ver gestão educacional como uma de suas políticas prioritárias, tanto no nível de gestão como também no ambiente escolar tendo em vista a perspectiva da organização e a criação de um ambiente educacional autônomo, de participação e compartilhamento, autocontrole e transparência de processos e resultados.
Lück (2008, p. 26) destaca que: “torna-se fundamental que se construa uma consistência entre os processos de gestão do sistema de ensino e o que se espera que ocorra no âmbito da escola, mediante uma orientação única e consistente de gestão”. Segundo Lück:

O conceito de gestão muda de enfoque se amplia da mera administração e passa a ser visto como mobilização da energia e talento do elemento humano organizado coletivamente, passando a ser condição básica e essencial para a qualidade do ensino e da transformação da identidade das escolas, dos sistemas de ensino e da educação brasileira. (LÜCK, 2008, p.26)

Nesta visão, o conceito de gestão passa a ser tratado de forma ampliada, a partir do conceito de administração, dando ênfase a valorização do elemento humano, condição necessária para a organização coletiva da escola. A respeito do conceito de gestão Libâneo (2001) a define:
O conjunto de todas as atividades de coordenação e acompanhamento do trabalho das pessoas, envolvendo o cumprimento das atribuições de cada membro da equipe, a realização do trabalho em equipe, a manutenção do clima de trabalho, a avaliação de desempenho. Essa definição se aplica aos dirigentes escolares, mas igualmente aplicável aos professores, seja em seu trabalho de sala de aula, seja quando são investidos de responsabilidades no âmbito da organização escolar. (LIBÂNEO, 2001, p. 349)

O entendimento de Libâneo sobre o conceito de gestão pressupõe a ideia de participação, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e o agir sobre elas. Esse entendimento também é compartilhado por Cury (2002, apud Freitas, 2007), ao afirmar que a gestão “(...) é a geração de um novo modo de administrar uma realidade e é, em si mesma, democrática já que se traduz pela comunicação, pelo envolvimento coletivo e pelo diálogo”(p.165).
É nessa perspectiva o tema Tecnologias da Informação e Comunicação irá embasar as questões referentes ao uso das tecnologias e as mudanças ocorridas na sociedade provocando mudanças na organização escolar pela necessidade de se ampliar os canais de comunicação. De acordo com Hessel (2004):
Para acompanhar essas profundas transformações a escola deve passar por mudanças organizacionais, para incorporar novas formas de trabalhar o conhecimento. Inserida num espaço social onde cresce a necessidade de interação e participação dos sujeitos para enfrentarem seus desafios, a agência educativa pode facilitar a conectividade, com adoção das TIC. A questão não se reduz somente a assimilar as TIC como ferramenta de ensino e aprendizagem, de pesquisa, de automação de rotinas ou como provedora de informações gerenciais. Trata-se de dar suporte e ampliar os canais de comunicação, quer seja internamente, porque a descentralização do poder deve promover a integração da equipe escolar, quer seja externamente, porque a escola precisa compartilhar informações, estabelecer contatos de todas as espécies, além de ativar uma rede comunicativa que facilite a interação entre pais, alunos, professores, etc. (HESSEL, 2004 p. 8).

Autores como Moran (2003), Kenski (2003), Tapscott (1997), Hessel (2004), e Dias (1998) com vasto estudo sobre o uso das TICs na gestão escolar concordam que a evolução tecnológica não se restringe aos novos usos de determinados equipamentos e produto, mas vislumbram a transformação dos fazeres de todo um grupo social. Desta forma possibilita que as pessoas façam mais em menos tempo, de forma que a eficiência resulta em economia de tempo que, por sua vez, pode ser reinvestida na eficácia das suas ações. A respeito do uso das TIC no processo de gestão escolar Hessel comenta:

A articulação dos aspectos administrativos e pedagógicos, a preocupação com o trabalho em equipe, a integração e a rede de comunicação dentro do âmbito escolar representam a adoção de um estilo de gestão que também incorpora as TIC - tecnologias de informação e comunicação- como auxílio ao trabalho. Comumente, os gestores não percebem as potencialidades das TIC, nem avaliam o uso que podem fazer dela, para dar suporte ao seu trabalho de integração dos esforços e das ações da escola. (HESSEL, 2004, p. 5).

A autora destaca o uso das TICs na escola no sentido de facilitar o trabalho de gestão. Ela ressalta também que a articulação dos aspectos administrativos e pedagógicos, a preocupação com o trabalho em equipe, a integração e a rede de comunicação dentro do âmbito escolar representam a adoção de um estilo de gestão que também incorpora as TICs como auxílio ao trabalho.


Nenhum comentário:

Postar um comentário