A Região
Ribeirinha do baixo Rio Madeira no Município de Porto Velho, Estado de Rondônia
é formada por quatro Distritos: São Carlos, Nazaré, Calama e Demarcação.
Abrange uma área de 7.833,85 km² constituída por uma variedade de ecossistemas
e possui uma diversidade de povos com saberes, habilidades, costumes e valores
próprios que torna a região um espaço inter/multicultural, com populações cujas
diversidades cultural, social e étnica sustentam a sua riqueza sócio histórica.
Sua população contabiliza cerca de 5.957 habitantes, distribuídos em 1.421
domicílios (IBGE, 2013).
Apresenta
um conjunto de comunidades tradicionais que sobrevivem da agricultura e do
extrativismo vegetal e animal. Atualmente, a sede dos distritos contam com
geração e distribuição de energia, telefonia, televisão com recepção via antena
parabólica e internet. Os Centros de Saúde apresentam condições regulares nos
aspectos físicos e de atendimento, se comparado aos demais da região. Um grande
desafio dos habitantes corresponde à falta de profissionais qualificados.
A água
consumida é captada diretamente do rio através de bombas elétricas ou de poços
semiartesianos. A má qualidade gera muitos problemas de saúde, especialmente na
época em que o nível dos rios começa a subir, e do mesmo modo, quando começa a
descer. O atendimento educacional é regular, presentando dificuldades
relacionadas ao transporte escolar. As escolas possuem estruturas físicas
satisfatórias e contam com professores habilitados, porém ainda não em número
suficiente para atender todas as disciplinas do ensino fundamental e médio.
Organizados
em associação, os ribeirinhos realizam diversas atividades e festas
tradicionais em várias épocas do ano, atraindo centenas de pessoas para a
região. Para Almeida (2008),
a repetida inovação de modernidade e progresso, que parecia justificar que os
agentes sociais atingidos pelos grandes projetos fossem menosprezados ou
tratados etnocentricamente como primitivos e sob o rótulo de atrasados, tem
sido abalado face à gravidade de conflitos prolongados e à eficácia dos
movimentos sociais e das entidades ambientalistas em impor novos critérios de
consciência econômica e ambiental.
Neste ecossistema, as terras representam para a população que nela vive, uma relação de propriedade provisória, dependendo de sua utilização para o trabalho (CHAVES, 1990). São terras baixas da Amazônia Legal, inundadas periodicamente, ocupadas em grande parte por caboclos ribeirinhos, populações tradicionais que têm suas vidas inseridas num modo peculiar de viver, trabalhar e construir saberes (FABRÉ, et al, 2007).
O modo de
vida é marcado por uma cultura diferenciada, caracterizada principalmente pelo
contato com as águas – cheias e vazantes, terras e floresta (FERREIRA, 2008).
São seres humanos que decidem o que manter, criar e desenvolver em cada
ecossistema, por meio de um conjunto de recursos, técnicas e estratégias
adquiridas ao longo do tempo (AMÂNCIO, 2000). São possuidores de uma vasta
experiência na utilização e conservação do espaço, da biodiversidade e da
ecologia dos ambientes onde vivem e trabalham (BARREIRA, 2007).
A
peculiaridade e riqueza dessas localidades, marcada principalmente pela subida
e descida das águas, tem mostrado ao longo dos anos uma riqueza de
conhecimentos diante das significativas manifestações da natureza, no que se
refere a percepção das alterações na dinâmica do clima e da paisagem que a cada
ano redefine a margem dos rios. Tais fatos, os obriga também a redefinir o uso
e ocupação desses espaços.
Ao mesmo
tempo que as populações ribeirinhas redefinem seus novos espaços de ocupação,
de algum modo prejudicam também suas atividades sociais e econômicas, além de
comprometer as estruturas e até modificações nas moradias. A proposta desse
estudo é evidenciar a percepção dos ribeirinhos e discutir os efeitos das mudanças
climáticas nas comunidades ribeirinhas da Amazônia, diante de uma nova
realidade que lhes é apresentada, não apenas em período de cheias e vazantes,
mas também nas atividades do cotidiano.
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