A partir da década de 1960 se planejou e executou projetos governamentais de colonização e de ocupação da Amazônia. E isso funcionou como uma espécie de plano estratégico de governo. Criou-se, inclusive um slogan: “Integrar para não entregar”.
Eram políticas muitas bem delineadas para efetuar a ocupação de grandes áreas em diferentes regiões da Amazônia, todas dentro da mesma proposta de integração. Destacam-se dois empreendimentos: a construção da rodovia Transamazônica e a ocupação de Rondônia. Ressaltando que essa ocupação regional ocorreu principalmente para aliviar conflitos que se intensificavam no Sul-Sudeste.
Nos anos da década de 1970 a Amazônia, e em especial o estado de Rondônia, era um lugar privilegiado e potencialmente favorável para ser transformado em paraíso terrestre, a terra prometida, novos tempos, uma nova utopia, um novo encorajamento para mudar, mexendo no imaginário das pessoas que em levas constantes deslocaram-se para estas paragens em busca da materialização de antigos sonhos.
E quem era esse homem? Um
retirante que via nestas paragens a possibilidade de resolver sua vida, mudar,
ascender, melhorar de vida! O homem que respondeu ao chamado era vítima de um
projeto maior que amarrou os sonhos individuais num sonho coletivo. Pode-se
dizer que o brasileiro que fez Rondônia trouxe a bagagem enrolada num saco que
atado às costas se fez cacaio.
A partir disso é que se pode
dizer: os que inventaram Rondônia foram as elites, mas quem a construiu foram
os deserdados da terra. Aqueles que por algum motivo precisavam deixar seu
lugar de origem e migrar, buscando um lugar para sustentar-se e manter viva a
família, e o sonho. Dessa forma apareceram as várias cidades, em Rondônia.
O que foi a invenção de Rondônia?
A divulgação de fartura de terras e obras de infraestruturas. Noutros estados
se dizia de Rondônia: terras férteis e fartas, possibilidade de acesso à terra,
arremedo de reforma agrária; falava-se das estradas, telecomunicações, escolas
e todo aparato promovido para maquiar e embelezar o que era um grande espaço
verde feito de nada.
Mas não se resolveu o problema e o
processo não parou. E vão sendo criados, constantemente, novos projetos e novas
propostas são apresentadas. E o homem que faz Rondônia permanece migrante e
carregando uma espécie de chama ardente que o impulsiona para novas frente em
busca do desconhecido, norteado pela “esperança em dias melhores”. Dá até para
dizer que em muitos casos migrar é um projeto de vida. Um projeto que a bem da
verdade foi fomentado e aguçado pela ideologia de ocupação disseminada pelo
Estado autoritário.
E hoje muitos dos que migraram e
fizeram nascer as várias cidades de Rondônia continuam sendo migrantes. Alguns
para outras regiões do estado e outros para outros estados. Todos na eterna
busca do sonho da terra fácil, farta, fértil, própria para colher vida
melhor.
Texto retirado do artigo “A invenção de
Rondônia”.
Autor: Neri de Paula Carneiro
Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/historia-do-brasil/a-invencao-rondonia.htm. Acesso em 20/12/2017.
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