A
Região Ribeirinha do baixo Rio Madeira, no Estado de Rondônia,
formada por quatro Distritos São Carlos, Nazaré, Calama e
Demarcação é constituída por uma variedade de ecossistemas e
biodiversidades e abrange uma área de 7.833,85 km². Possui uma
diversidade de povos com saberes, habilidades, costumes e valores
próprios que torna a região um espaço inter/multicultural, com
populações cujas diversidades cultural, social e étnica sustentam
a sua riqueza sócio histórica. Sua população contabiliza cerca de
5.957 habitantes, distribuídos em 1.421 domicílios (IBGE, 2018).
É
uma região caracterizada por apresentar um conjunto de comunidades
tradicionais que sobrevivem da agricultura e do extrativismo vegetal
e animal. Atualmente, contam com geração e distribuição pública
de energia, linha telefônica, televisão com recepção via antena
parabólica e internet. Os Centros de Saúde instalado na sede de
cada distrito apresentam condições satisfatórias nos aspectos
físicos, se comparado aos demais da região. Um grande desafio dos
habitantes corresponde à falta de profissionais qualificados.
A
água consumida é captada diretamente do rio através de bombas
elétricas ou de poços semiartesiano. A má qualidade gera muitos
problemas de saúde, especialmente na época em que o nível do Rio
Madeira começa a subir, e do mesmo modo, quando começa a descer. O
atendimento educacional é regular. As escolas possuem estruturas
físicas satisfatórias e conta com professores habilitado. Nas sedes
dos distritos a população conta com o ensino fundamental e médio e
transporte escolar rural.
Organizados
em associação, os produtores realizam festas tradicionais, festejos
de santos em várias épocas do ano, atraindo centenas de pessoas
para a região. Para
Almeida (2008), a repetida inovação de modernidade e progresso, que
parecia justificar que os agentes sociais atingidos pelos grandes
projetos fossem menosprezados ou tratados etnocentricamente como
primitivos e sob o rótulo de atrasado, tem sido abalado face à
gravidade de conflitos prolongados e à eficácia dos movimentos
sociais e das entidades ambientalistas em impor novos critérios de
consciência econômica e ambiental.
Neste ecossistema, as terras representam para a população
que nela vive, uma relação de propriedade provisória, dependendo
de sua utilização para o trabalho (CHAVES, 1990). São terras
baixas da Amazônia Legal, inundadas periodicamente, ocupadas em
grande parte por caboclos ribeirinhos (FABRÉ, et al, 2007),
populações tradicionais que têm suas vidas inseridas num modo
peculiar de viver, trabalhar e construir saberes.
Este
modo de vida é marcado por uma cultura diferenciada, caracterizada
principalmente pelo contato com as águas – cheias e vazantes,
terras e floresta (FERREIRA, 2008). São esses homens e mulheres que
decidem o que manter, criar e desenvolver em cada ecossistema, por
meio de um conjunto de recursos, técnicas e estratégias apropriadas
ao longo do tempo (AMÂNCIO, 2000), eles são camponeses amazônicos
possuidores de uma vasta experiência na utilização e conservação
da biodiversidade e da ecologia dos ambientes onde vivem e trabalham
(BARREIRA, 2007).
A
peculiaridade e riqueza dessas localidades, marcada pela subida e
descida das águas, tem mostrado ao longo dos anos uma riqueza de
conhecimentos diante das dignificativas manifestações da natureza,
no que se refere a percepção das alterações na dinâmica da
paisagem que a cada ano redefine a margem dos rios. Tais fatos, os
obriga também a redefinir o uso e ocupação desses espaços.
Ao
mesmo tempo que as populações ribeirinhas redefinem seus novos
espaços de ocupação, de algum modo comprometem também suas
atividades sociais e econômicas, além de comprometer as estruturas
e até modificações nas moradias. A proposta desse estudo é
proporcionar a discussão sobre o entendimento da capacidade de
adaptabilidade dessa população diante de uma nova realidade que
lhes é apresentada a cada período de cheias e vazantes.
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