A discussão atual que trata das políticas de formação
de professores e currículo contextualiza os aspectos político e cultural que
ganharam corpo a partir das transformações ocorridas a partir da década de 1990
que tem como finalidade a apropriação de um determinado conjunto de
conhecimentos específicos e técnicos. No entanto, esse pensamento à medida que
o mundo do trabalho evolui passa a ser substituído pela construção de
capacidades cognitivas flexíveis e competências relacionadas ao saber fazer.
Pressupostos que visa permitir ao trabalhador resolver de forma rápida e
eficiente os problemas da prática cotidiana adaptando-se a um universo produtivo
volátil, como descreve (Anfope, 2002):
A formação de professores é um desafio que tem a ver
com o futuro da educação básica, esta por sua vez, intimamente vinculada com o
futuro de nosso povo e a formação de nossas crianças, jovens e adultos. No entanto,
as perspectivas de que essa formação se faça em bases teoricamente sólidas, e fundada
nos princípios de uma formação de qualidade e relevância social, são cada vez
mais remotas, se não conseguirmos reverter o rumo das políticas educacionais implementadas
(ANFOPE, 2002).
A formação de professores no cenário brasileiro toma como centro de
atenção, praticamente por volta da década de 1980, e tem representado um campo
de pesquisa bastante frutífero, diante da variedade de objetos que permitem analises
e discussões de diversos contextos. Para Azevedo (1997), a formação de
professores é uma questão socialmente problematizadora. Tem sido um tema
bastante discutido, no entanto, carece de um olhar mais atento sobre o
currículo dos cursos de formação, uma vez que no currículo as concepções de
sociedade, educação, conhecimento, professor e aluno precisam ser mais bem articulados
entre si e aos conhecimentos teóricos e práticos necessários ao trabalho
docente.
Para Campos (2002), construir uma análise da formação de professores no momento
atual é ao mesmo tempo conhecer as condições de produção do discurso hegemônico
de formação docente, visualizando na profissionalização a principal estratégia
para o enfrentamento dos dilemas da atualidade, mais precisamente o dilema da
produção para o desenvolvimento econômico. Dessa forma o que coloca em questão
não é apenas os aspecto da qualificação, mas a construção de um novo profissional,
alicerçado nas referências da adaptabilidade e eficácia que a sociedade precisa
(CAMPOS, 2002, p. 59).
Podemos observar, diante dos expostos de Campos que a questão da formação
de professores, precisa ser objeto de atenção, tanto do ponto de vista
epistemológico quanto político. Assim, cada vez mais essa temática ganha
importância diante das exigências que são postas no contexto da educação básica
no Brasil, partindo do ponto de vista que a competência pratica do professor é
um conjunto de capacidades que lhe permitam resolver rapidamente problemas
concretos e imediatos do cotidiano escolar, a partir da realidade vivenciada na
escola.
O que se percebe diante de tantas argumentações teóricas e pesquisas
realizadas é que a formação de professores deverá ancorar como eixo orientador
a aquisição de competências e habilidades pedagógicas para compreender uma
organização curricular que seja capaz de p materializar-se na sua pratica
cotidiana. São competências que não
podem ser apreendidas apenas pela comunicação de idéias. A construção de ações
mentais é essencial, mais insuficiente para que a prática se realize, ou seja
não basta uma pessoa ter conhecimentos sobre seu trabalho é preciso saber
fazê-lo.
Em fim, analisando o panorama geral, percebemos que o modelo de formação
de professores, a partir da concepção da formação para a prática iremos claramente
reconhecer que cada vez mais se faz necessário implementar um modelo de
currículo para os cursos de formação mais dinâmico, flexível e interdisciplinar
que seja capaz de apreender o mundo da prática adaptando-se e moldando-se
continuadamente.
Além disso, é preciso reconhecer quanto da definição dos currículos, as
mudanças sociais, políticas e econômicas que configuraram o atual modelo de
educação. Diante dessa lógica, se faz necessário a percepção da importância do
planejamento curricular, pois as grandes questões que norteiam a função social
do ensino, em algum momento futuro poderão tornar-se novos componentes
curriculares. Daí a importância de compreender o significado do currículo, uma
vez que este será o definidor e organizador de conhecimentos e práticas que
refletem uma concepção e um ideal de educação e que serão apropriados pela
sociedade de forma geral.
Por isso, é salutar que a proposta de formação de professores considere a
multidimensionalidade do fenômeno educativo e ao mesmo tempo propicie respostas
aos desafios históricos e emergentes e da educação básica brasileira de forma a
constituir-se em elemento de resistência às concepções de formação que por
muitas vezes não atendem as prerrogativas do ser professor e do que esperado
pela sociedade, quanto ao papel do professor como agente de transformação na
construção do conhecimento.
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