A Educação Matemática, no contexto geral é
o estudo das relações de ensino e aprendizagem da matemática em si como
disciplina, e dos aspectos pedagógicos estabelecidos na fronteira ente a
pedagogia com a psicologia. A discussão envolvendo a pratica do ensino dessa
ciência nas instituições educacionais nos remete ao século XX e mais recente
nas ações da UNESCO e da França nas décadas de 1950 e 1970 respectivamente.
As discussões até então,
desencadeiam-se para uma abordagem cartesiana como possibilidade de encontrar
os elementos básicos do pensamento humano e seu comportamento, sendo a
aprendizagem para muitos teóricos, uma serie de conexões entre situações e respostas.
Nesse contexto, argumenta D’Ambrosio (1997, p. 125):
A disciplina identificada como
matemática é na verdade uma etnomatemática. Originou-se e chegou a forma atual
na Europa. Recebeu, porém contribuições das civilizações hindus e islâmica, sendo
imposta a todo o mundo a partir do período colonial. Hoje adquire um caráter de
universalidade, sobretudo ao predomínio da ciência e tecnologia modernas,
desenvolvidas a partir do século XVII, na Europa (D’AMBROSIO, 1997, p. 125).
Essas discussões têm como
principio três leis fundamentais para a aprendizagem: a) Lei do efeito: uma
conexão recém estabelecida tem sua força aumentada se acompanhada por uma
sensação de satisfação. b) Lei do exercício: quanto mais utilizada uma conexão,
mais forte ela se torna e c) Lei da prontidão: parte da idéia de que as
conexões podem ou não estar prontas para serem postas em prática, se uma
conexão está pronta, seu uso gera satisfação, se não está seu uso gera
desconforto. Da mesma forma outras correntes estabelecem que à aprendizagem se
liga a capacidade de compreender estruturas e não de decorar procedimentos.
O sistema educacional
brasileiro utiliza as teorias do ensino da matemática européia. Uma herança
colonial portuguesa que vigora até os dias atuais, ressaltando que atualmente a
matemática tem outra natureza, com maior rigor científico, passando a exigir
cada vez mais currículos modernos, adaptados as situações locais, em
conformidade com a Lei nº 9.394/96, que trata das diretrizes e bases da
educação nacional.
No entanto, ainda é comum,
até mesmo por falta de aprimoramento de metodologias inovadoras neste campo do
conhecimento, que ainda se conduza o ensino de forma tradicional, aplicando aos
currículos o modelo cartesiano do século XX, que se caracteriza numa distribuição
fragmentada de conteúdos, a fim de realizar uma posterior junção das partes. Busca-se,
assim a compreensão do todo por meio do exercício de cognição. Desse modo,
rejeita-se um currículo dinâmico articulado com experiências individuais e
coletivas, ou seja, descontextualizada da realidade atual.
Os expostos nos propõem a refletir sobremaneira que várias
dificuldades de aprendizagem apóiam-se em consensos como, por exemplo, que a
Matemática é, por excelência, uma ciência abstrata e por isso mais difícil de
ser assimilada ou ainda que a sua compreensão exige do aprendiz posturas e habilidades
especiais. Outras tendências educacionais e correntes pedagógicas atuais
propõem, de modo geral, uma abordagem de conteúdos que sejam capazes de
contemplar o contexto social do estudante e suas individualidades.
Nessa perspectiva podem-se considerar os trabalhos de Jean
Piaget, juntamente a inúmeros estudiosos que compartilham de suas idéias,
defende o construtivismo e propõe um ensino de Matemática que ressalte situações
concretas. Paulo Freire, educador brasileiro de renome internacional,
preocupa-se com o educando inserido num contexto social a partir do qual se
dará a inserção de conteúdos.
Outro fator importante a ser levado em consideração, no
que se refere ao sistema de educação no Brasil são os Parâmetros Curriculares
Nacionais, que na sua concepção procura promover a interação entre o ensino com
a prática apontando diretrizes voltadas para a identificação de sentidos e
significados da matemática para os estudantes e fazendo conexões entre a
prática com o seu cotidiano.
A Educação Matemática, mais que uma disciplina ou ensino
de matemática caracteriza-se como um processo imerso na totalidade concreta e
se desenvolve a partir de pensamentos matemáticos. Através dela se pretende dar
conta de um conjunto de práticas ligadas à justificação e à argumentação, com
base na perspectiva das relações sociais manifestadas na realidade concreta. Embora
a Matemática se caracterize pela abstração e formalismo, o conhecimento
matemático é reforçado através das interações entre o indivíduo e o meio.
Portanto, o que deve predominar como pressupostos
teóricos na educação matemática é a compatibilidade da teoria com a prática, constituindo
uma unidade indissolúvel, assim como nos demais componentes curriculares, sob
diferentes configurações. Tal unidade deverá ser propositiva no que se refere
às condições de interrogar e articular de forma funcional os aspectos
didáticos, pedagógicos, filosóficos e psicológicos. São desafios que a ciência
matemática já deu grandes passos, mas que ainda está longe da sua excelência em
quanto pratica de ensinamento.
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