A base do pensamento do Ocidente
teve na Antiga Grécia o seu mais destacado marco, não obstante, o Oriente
Próximo (Oriente Médio) também tivesse deixado sua marca indelével através da
tradição religiosa judaico-cristã. Se buscar as raízes mais profundas do racionalismo,
uma pedra angular da filosofia, e do experimentalismo técnico-científico, há de
se encontrá-los na Grécia Clássica.
A civilização grega teve a peculiaridade
de reunir em seu restrito território e em curto lapso temporal o que possuía de
melhor e de mais elaborado no campo do pensamento e das ciências aplicadas dos
mais diversos ramos, como matemática, arquitetura, escultura, construção naval
etc.
A singularidade da localização geográfica
grega no Mediterrâneo entre Europa, África, Ásia, aliada ao livre modo de
interpretar o mundo foi o fundamento ímpar, da originalidade única das diversas
maneiras de conceber o universo.
Os gregos, ao contrário, de outros povos
da Antiguidade não estavam sujeitos aos conceitos opressores e terrificantes da
religiosidade sufocantes, antes sim, seus deuses eram concebidos à imagem e
semelhança dos homens diferentemente do Egito, da Mesopotâmia e do Judaísmo. Dialeticamente o livre pensar favoreceu a
prática democrática no mundo grego, e vice-versa.
Os pré-socráticos são a demonstração
cabal de algo diferente na história do pensamento e o avanço com Sócrates,
Platão e Aristóteles, deixando o legado inestimável em pleno século XXI. A criação do liceu, da academia, das
escolas dos estóicos, pitagóricos e outros iniciados são bases de um sistema
educacional que deitam suas raízes ao mundo helênico, romano, medieval e dos
tempos modernos. O ideário da Paidéia, a formação integral
do cidadão grego, tão bem estudado por Werner Jaeger continua sendo o sistema
educacional contemporâneo dentro de um mundo cibernético e digital.
A figura do pedagogo; isto é “aquele que
conduz a criança”, segundo a tradução do grego, tornou-se um elemento fundamental
no processo educacional para a elite dominante do mundo romano, cujos filhos
eram preferencialmente educados pelos escravos cultos de origem grega. A classe
patrícia da república e do império romano confiavam nos preceptores gregos para
tornar seus filhos equipados com o que estava em voga no mundo de então, uma
vez que mesmo a Grécia dominada por Roma militarmente, era por aquela dominada
culturalmente.
No mundo romano nunca se criou um
sistema educacional sistematizado, pois o que se buscava era a formação para o
debate no senado ou nas assembleias populares através da retórica, dialética,
silogismo e da oratória.
Durante a Idade Média no reino de Carlos
Magno criou-se um embrião de futuros centros de ensinos, por meio da escola palatina,
para a qual foram contratados professores e sábios de outros reinos da Europa,
ainda que o próprio rei franco fosse analfabeto.
Observa-se que durante a Antiguidade Clássica
e Idade Média a educação estava antes voltada ao atendimento das necessidades
imediatas das classes sociais dirigentes, sem qualquer preocupação para a incorporação de elementos das classes
subalternas à educação como prática
regular e oficial de uma elite dominante.
Na Baixa Idade Média, ou seja, a partir
do século XI o Ocidente europeu passou a conhecer as universidades como
Salamanca, Bolonha, Oxford, Paris e outras que se destacaram como notáveis
centros do saber e do conhecimento cientifico de então.
Entretanto, não se pode olvidar do
importante papel prestado pela Igreja Católica ao se tornar depositária da
clássica cultura greco-romana, conservando e reproduzindo os textos dos sábios
da Antiguidade por meio do trabalho dos monges copistas, dado que livros
impressos advêm apenas na transição do fim da Idade Média para o início da
Idade Moderna. A escolástica foi o sistema educacional
predominante na Idade Média para a formação de religiosos nos mosteiros de toda
a Europa.
O método praticado no sistema de ensino
escolástico privilegiava a memorização, sem possibilitar o estímulo à
criatividade e a originalidade do educando. Assim, o sistema de ensino
utilizado ao longo da Idade Média antes satisfazia aos interesses da
instituição religiosa e estava no compasso do poder feudal predominante.
Com a expansão do capitalismo e a busca
incessante por novos mercados nas colônias tornava-se necessário que os
nascentes Estados Modernos tivessem a preocupação de não apenas fornecer um
sistema educacional adequado para a nascente elite econômica, como também
precisava abastecer a sua própria burocracia com quadros eficazes para atender
as novas exigências político-administrativas.
Na própria Contra Reforma ou Reforma Católica,
os Jesuítas criaram um sistema educacional com duplo propósito de tanto obstar
o avanço do protestantismo como também melhorar o nível de aperfeiçoamento dos
próprios membros da Companhia de Jesus, que quando na América atuaram de forma
decisiva para o fortalecimento das duas monarquias ibéricas.
Com o processo de emancipação dos
nascentes Estados Nacionais em meados do século XIX fazia-se necessário a
organização político-administrativos e os novos grupos dirigentes, normalmente
as oligarquias rurais e as burguesias urbanas criam escolas ainda tendo como
padrão um sistema de ensino baseado nas escolas confessionais, ou jesuítas ou
dominicanas, que se espalhavam por toda a América latina. Um sistema de ensino laico e de
embasamento menos acadêmico e mais científico foi se firmando ao longo dos séculos
XIX e XX
A própria Escola Nova está dentro
do contexto das novas demandas de uma economia capitalista em expansão,
exigente de profissionais qualificados para o atendimento das novas forças
produtivas que em avanço permanente
partindo dos centros econômicos
dominantes, ou dos Estado Unidos, ou da Europa Ocidental atingindo à Ásia,
África, América Latina e mesmo o Brasil.
Com
a redemocratização no final dos anos 80, o Brasil incorporou milhões de
estudantes em suas escolas possuidoras dos mais diversos níveis e estruturas,
sejam do sistema privado ou oficial de ensino, mas todas de olhos voltados a
uma economia de amplitude global, na qual a qualificação e o treinamento
tornam-se ferramentas indispensáveis para os novos desafios.
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