Segundo o festejado historiador inglês Eric Hobsbaum
(1982), o mundo contemporâneo é filho da dupla revolução; isto é, da Revolução
Industrial Inglesa e da Revolução Francesa. Desta maneira, o século XXI recebe
o legado direto desta impactante dupla revolução seja nas configurações e
realinhamentos dos modelos de representação político-institucional das
democracias liberais e da revolução tecnológica do âmbito da transformação dos
processos produtivos de uma globalizada economia de mercado.
Ainda que no século XXI se viva apenas um momento
passageiro do andamento histórico da humanidade não se deve descurar das
instigantes conseqüências de um mundo em que o prevalecimento das estruturas
tecnológicas envolve e dominam o ser humano. Paradoxalmente quanto mais o
desenvolvimento das forças produtivas se torna mais complexas e sofisticadas,
mais o ser humano torna-se subserviente à sua própria força criadora.
Na medida em que o avanço do saber científico se
expande e se aprofunda na multiplicidade de saberes específicos, faz-se
necessário a reflexão filosófica de maneira minuciosa e assertivas para se
poder localizar e se situar no mundo de uma complexidade e instigante inovação
tecnológica.
O pensador húngaro George Lukacs ( ), em meados do século XX na sua obra “Zerstoerung
der Vernunft” (destruição da razão) notadamente salienta para estruturas
produtivas cada vez mais racionais e objetivas com o objetivo do acúmulo do
capital e concomitantemente na super
estrutura ideológica haveria uma crescente irracionalidade nos diversos campos
do saber e da cultura além das próprias formas de diversão e lazer.
Da mesma forma, George Lukacs ( ), antecedendo os próprios pensadores
alemães da escola de Frankfurt tal como Adorno e Habermas já antevia os insofismáveis
rumos que a era industrial produzia nas sociedades industrializadas e com
domínio absoluto da tecnologia.
O saber cientifico, jamais esteve desvinculado
do poder político, seja na Antiguidade ou no mundo contemporâneo, uma vez que a
ciência não se desvincula dos meandros do domínio político.
Assim sendo, torna-se cada vez mais
premente que sejam constituídos mecanismos de controle sobre os rumos que a
ciência possa conduzir o mundo atual, sob pena de conseqüências imponderáveis,
especialmente após o domínio da energia nuclear.
A ciência nos seus multifacetários
saberes precisa e deve estar atrelada no amplo processo de ensino-aprendisagem
sob as condicionantes de permanente avaliação filosófica para se avaliar para
onde está se rumando, ou seja, uma ciência que tenha efetivos compromissos com
o desenvolvimento ético da própria humanidade.
A ciência como aliança do sistema educacional
é imprescindível, entretanto, os cuidados devem ser relevados, pois a sutileza
do avanço tecnológico tem a tendência de camuflar, escamotear as verdadeiras
intenções da tecnologia em sociedades de pouca representatividade popular nas
instituições políticas.
A América Latina, no pós Segunda
Guerra Mundial se debateu nos estreitos dilemas maniqueístas da Guerra Fria que
ainda assaltam os paises latino-americanos que procuram se livrar das
estruturas do período colonial sem ainda obter uma autonomia político-
administrativa dos grandes centros do poder.
Ressalta-se, no entanto que no
contexto geral do continente americano, a América Latina, apesar das
dificuldades estruturais, ao menos está firmando sistemas político-representativos
como fortalecimento das suas instituições na perspectiva de consolidar uma maior
representatividade através de democracias liberais.
O binômio Ciência e Educação, na
verdade, é uma articulação permanente na qual os países em desenvolvimento
devem manter com o máximo de zelo para garantir no futuro das próximas gerações
as conquistas sociais até aqui obtidas.
No entanto, trata-se de colocar à
disposição do processo educativo os recursos da tecnologia moderna para que
todos realmente tenham acesso ao processo educativo pleno, e de criar um novo
ambiente que propicie oportunidades iguais para o educando e o educador. Nesse
novo processo, o educador será a pessoa dotada de sabedoria prática, disposto a
incentivar o novato na aventura educativa, de ao estimular suas expectativas e
auxiliá-lo a libertar as suas forças críticas e criativas.
Se a
Filosofia é interrogação, questionamento radical e implacável, a golpe de
martelo, como dizia NIETSCHE ( ), ela
será sempre contestação daquilo que é, mas também contestação daquilo que
poderá vir a ser. Portanto, a Filosofia da Educação deve levar-nos à procura
das raízes do processo educativo como fato, mas também como ideal prático a ser
por nós construídos.
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