terça-feira, 5 de dezembro de 2017

CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO

Segundo o festejado historiador inglês Eric Hobsbaum (1982), o mundo contemporâneo é filho da dupla revolução; isto é, da Revolução Industrial Inglesa e da Revolução Francesa. Desta maneira, o século XXI recebe o legado direto desta impactante dupla revolução seja nas configurações e realinhamentos dos modelos de representação político-institucional das democracias liberais e da revolução tecnológica do âmbito da transformação dos processos produtivos de uma globalizada economia de mercado.
Ainda que no século XXI se viva apenas um momento passageiro do andamento histórico da humanidade não se deve descurar das instigantes conseqüências de um mundo em que o prevalecimento das estruturas tecnológicas envolve e dominam o ser humano. Paradoxalmente quanto mais o desenvolvimento das forças produtivas se torna mais complexas e sofisticadas, mais o ser humano torna-se subserviente à sua própria força criadora.
Na medida em que o avanço do saber científico se expande e se aprofunda na multiplicidade de saberes específicos, faz-se necessário a reflexão filosófica de maneira minuciosa e assertivas para se poder localizar e se situar no mundo de uma complexidade e instigante inovação tecnológica.
O pensador húngaro George Lukacs (   ), em meados do século XX na sua obra “Zerstoerung der Vernunft” (destruição da razão) notadamente salienta para estruturas produtivas cada vez mais racionais e objetivas com o objetivo do acúmulo do capital e concomitantemente na  super estrutura ideológica haveria uma crescente irracionalidade nos diversos campos do saber e da cultura além das próprias formas de diversão e lazer.
         Da mesma forma, George Lukacs (    ), antecedendo os próprios pensadores alemães da escola de Frankfurt tal como Adorno e Habermas já antevia os insofismáveis rumos que a era industrial produzia nas sociedades industrializadas e com domínio absoluto da tecnologia.
          O saber cientifico, jamais esteve desvinculado do poder político, seja na Antiguidade ou no mundo contemporâneo, uma vez que a ciência não se desvincula dos meandros do domínio político.
          Assim sendo, torna-se cada vez mais premente que sejam constituídos mecanismos de controle sobre os rumos que a ciência possa conduzir o mundo atual, sob pena de conseqüências imponderáveis, especialmente após o domínio da energia nuclear.
          A ciência nos seus multifacetários saberes precisa e deve estar atrelada no amplo processo de ensino-aprendisagem sob as condicionantes de permanente avaliação filosófica para se avaliar para onde está se rumando, ou seja, uma ciência que tenha efetivos compromissos com o desenvolvimento ético da própria humanidade.
          A ciência como aliança do sistema educacional é imprescindível, entretanto, os cuidados devem ser relevados, pois a sutileza do avanço tecnológico tem a tendência de camuflar, escamotear as verdadeiras intenções da tecnologia em sociedades de pouca representatividade popular nas instituições políticas.
          A América Latina, no pós Segunda Guerra Mundial se debateu nos estreitos dilemas maniqueístas da Guerra Fria que ainda assaltam os paises latino-americanos que procuram se livrar das estruturas do período colonial sem ainda obter uma autonomia político- administrativa dos grandes centros do poder.
           Ressalta-se, no entanto que no contexto geral do continente americano, a América Latina, apesar das dificuldades estruturais, ao menos está firmando sistemas político-representativos como fortalecimento das suas instituições na perspectiva de consolidar uma maior representatividade através de democracias liberais.
           O binômio Ciência e Educação, na verdade, é uma articulação permanente na qual os países em desenvolvimento devem manter com o máximo de zelo para garantir no futuro das próximas gerações as conquistas sociais até aqui obtidas.
          No entanto, trata-se de colocar à disposição do processo educativo os recursos da tecnologia moderna para que todos realmente tenham acesso ao processo educativo pleno, e de criar um novo ambiente que propicie oportunidades iguais para o educando e o educador. Nesse novo processo, o educador será a pessoa dotada de sabedoria prática, disposto a incentivar o novato na aventura educativa, de ao estimular suas expectativas e auxiliá-lo a libertar as suas forças críticas e criativas.
           Se a Filosofia é interrogação, questionamento radical e implacável, a golpe de martelo, como dizia NIETSCHE (   ), ela será sempre contestação daquilo que é, mas também contestação daquilo que poderá vir a ser. Portanto, a Filosofia da Educação deve levar-nos à procura das raízes do processo educativo como fato, mas também como ideal prático a ser por nós construídos. 

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