O Estado de Rondônia tem seu
desenvolvimento marcado por várias atividades econômicas denominada
historicamente de ciclos econômicos. Esses ciclos distintos determinaram
características especificas, seguidas por novas crises em sua sustentabilidade.
Os ciclos econômicos
em Rondônia
São momentos, em sua grande
maioria gerada por políticas publica alheia a
realidade do Estado, tais como a briga por terras no sul do país e a
fuga da seca e da fome no Nordeste brasileiro.
Principais ciclos econômicos de Rondônia. Fonte: ROCHA, Gilberto de Miranda;
BRITO, Sandra de Oliveira, 2013.
O quadro acima mostra
os três grandes ciclos que contribuíram para o desenvolvimento do estado.
Outros também merecem destaque, como veremos em seguida.
Ciclo do Ouro – século XVIII
A ocupação humana das terras do atual Estado de
Rondônia teve início no século XVIII com a descoberta de grandes jazidas de
ouro, por Pascoal Moreira Cabral, no rio Coxipó-Mirim, afluente do rio Cuiabá,
em 1718. Em 1722, outra grande jazida é descoberta na mesma área, por Miguel
Subtil, que, somente em um mês, produziu dezesseis toneladas de ouro. Começava
o Ciclo de Ouro na região.
A partir de então, o processo de ocupação humana da área geográfica que
constitui o Estado, do início do século XVIII até meados do século XX, foi
estimulada por ciclos naturais de extração mineral, em particular o ciclo do
ouro, que inclusive propiciou a construção do Real Forte Príncipe da Beira.
Primeiro Ciclo da Borracha
A região amazônica, uma das maiores produtoras
de látex, transformou-se no maior pólo de extração e exportação de látex do
mundo. Entre 1830 e 1860, a exportação do látex amazônico foi de 156 para 2673
toneladas.
Extração do látex – Ciclo da Borracha. Fonte: Fonte:
http://www.ebah.com.br
Vários fatores contribuíram a partir da década
de 1850, para o aumento da demanda da extração do látex na Amazônia e a sua
comercialização no mercado internacional, entre os quais, a internacionalização
da navegação pelo Rio Amazonas.
Entre os anos de 1910
e 1914, termina o primeiro ciclo da borracha. No entanto, o látex continua
sendo extraído em menor escala até a segunda guerra mundial. Durante todo este
ciclo econômico a característica peculiar foi o processo de migração de forma
desordenada, onde principal fomento foi a necessidade de fuga dos nordestinos
da seca e da fome que atingiam aquela região naquele momento.
Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
A Estrada de Ferro
Madeira Mamoré resultou do Tratado de Petrópolis assinado entre Brasil e
Bolívia em 1903 e foi construída com o intuito de ligar Santo Antônio, um
pequeno povoado, a Guajará-Mirim, na divisa da Bolívia, e, com isso, facilitar
o comércio deste país através do rio Amazonas e de lá para o Atlântico. Por
cerca de 400 quilômetros, a linha férrea acompanhava os rios Madeira e Mamoré,
inavegáveis devido às inúmeras cachoeiras em seu trajeto.
Pátio da Estrada de
Ferro Madeira Mamoré. Fonte:
http://www.newsrondonia.com.br
Após várias
tentativas frustradas de construção da ferrovia, em 1907, empresa May, Jekyll
& Randolph assume os trabalhos e os conclui em 1912.
Linhas Telegráficas
Em 1909 Rondon
chegava às beiras do rio Madeira, em Santo Antônio após atravessar uma extensão
de 1415 quilômetros desde Tapirapoã, em Mato Grosso abrindo picadas para trazer
a linha telegráfica pontilhada de pequenos núcleos de povoação que prosperaram
e mais tarde se transformaram em municípios, a partir da abertura da BR-364.
Posto telegráfico de Vilhena. Fonte:
http://g1.globo.com/ro
Em 1915,
tem-se a inauguração da linha telegráfica unindo Cuiabá ao então Município de Porto
velho, nessa época, o telégrafo a fio já era obsoleto, entretanto, a instalação
de postos telegráficos deu origem a cidade de Vilhena e contribui para o
desenvolvimento de outras como Pimenta Bueno, Ji-Paraná, Jaru, Ariquemes, que
atualmente são municípios do Estado de Rondônia. As clareiras abertas pela expedição Rondon contribuíram para a migração
e povoamento da região e seu desenvolvimento econômico.
O segundo ciclo da Borracha
A
segunda guerra mundial propicia um novo impulso a exploração da borracha na
Amazônia, uma vez que os seringais ingleses situados na Malásia foram ocupados
pelas tropas Japonesas que faziam parte dos países do eixo, causando uma
situação muito desconfortável para a Inglaterra que estava em Guerra com a
Alemanha.
Segundo Ciclo da
Borracha. Fonte: https://www.redetvro.com.br
O segundo ciclo da
borracha iniciou com a guerra e findou também com ela, embora Rondônia o tenha
mantido até a década de 1960. O acontecimento de maior relevância nesse período
para a região foi a criação do Território Federal do Guaporé, a elevação de
Porto velho a categoria de capital, como também um grande número de obras
recebidas entre 1943 e 1950, como escolas, centro político-administrativo,
aeroporto, hotel, dentre outras.
A Cassiterita
A descoberta de estanho em Rondônia, ocorreu na
década de 1950, na região de Ariquemes. Expandiu-se para outros locais ao longo
do estado, sempre em grande quantidade levando Rondônia a obter a maior
produção do minério no país, nos anos 1980.
Extração de cassiterita. Fonte:
http://brasilcc.blogspot.com.br
Com a proibição em 31 de março de 1971, da
garimpagem manual, dava-se início a exploração mecanizada. A partir daí a exploração mecanizada do minério significou o primeiro
impulso industrial no Estado que chegou a representar 67,43% da produção
nacional.
A BR-364 e a Colonização
Em 1957, o 5º Batalhão
de Engenharia e Construção, iniciava os trabalhos de complementação da estrada,
anteriormente denominada BR-29, que vinha a ser concluída em 1966, agora
denominada BR-364.
Abertura da BR 364 na década de 1970. Fonte:
http://rondoniaemsala.blogspot.com.br
O ciclo da
agricultura obtém uma série de benefícios dos agregados populacionais de todos
os momentos econômicos anteriores levando Rondônia a projeções nacional e
internacional com um Estado produtor da região norte. A ação governamental de
implementação de infraestrutura básica para os assentados a partir da proposta
militar de “integrar para não entregar”, promove no período de 1970 a 1978, um
grande crescimento populacional e o surgimento dos principais municípios as margens
da BR-364.
O ciclo da agricultura em pouco mais de uma
década, proporcionou ao Território Federal de Rondônia as condições econômicas,
sociais e políticas necessárias para que fosse transformado na 23ª Unidade
Federada brasileira.
O ouro
do Rio Madeira
A
extração do ouro na história do Estado de Rondônia existe desde o século XVII,
no entanto, uma nova grande corrida ganha força em 1978, dessa vez no vale do
rio Madeira que na década de 1980 vive o seu apogeu na extração desse precioso
minério e dez anos depois começando o seu declínio. Apesar da grande produção de ouro ao longo do leito do rio Madeira, que
chegou a cerca de 8.000 toneladas em 1987, seus reflexos em benefícios sociais
foram praticamente nulos.
Garimpo de ouro no
Rio Madeira. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
Restou, para a
população, além dos aspectos sociais negativos, poluição ambiental, contaminação
do lençol freático e dos peixes, enormes erosões do leito e das margens dos
rios, destruição ambiental, poluição por óleo combustível, rejeitos lançados
nas águas, equipamentos abandonados e sedimentação do canal navegável e violência
no seu mais amplo sentido.