O Prof. Dr. Matthew Lipman,
filósofo e educador norte-americano, criou o Programa Filosofia para Crianças
no final década de 60. Pioneiro em pensar a contribuição da filosofia para a
formação das crianças, sua intuição foi aos poucos se constituindo em um novo
paradigma de educação que a compreende como investigação em
comunidade. Lipman se baseia em J. Dewey e L.Vygotsky que enfatizam a
necessidade de ensinar a pensar e não apenas memorizar conteúdos. Incorpora
contribuições de diversos psicólogos e filósofos na estruturação de um projeto
de ensino da filosofia. Podemos acrescentar nesta lista nomes como George H.
Mead, C. S. Peirce, Jean Piaget, Justus Buchler, Gilbert Ryle, Ludwig Wittgenstein,
Martin Buber, Kant, dentre outros.
Para Lipman há algo em comum
entre as crianças e os filósofos: a capacidade de se maravilhar com o mundo. Os
filósofos levam esta capacidade de maravilhamento às últimas conseqüências,
descobrindo e investigando os problemas da experiência humana. Tais problemas
giram em torno de conceitos centrais, comuns e controversos em nossa
experiência. Desta forma, os filósofos conseguem criar e reconstruir conceitos
e buscar formas de explicação mais abrangentes para os problemas da vida. As
crianças ficam intrigadas com os mesmos conceitos problemáticos, ou seja,
colocam-se questões sobre a verdade, as regras, a justiça, a realidade, a bondade,
a amizade, etc. Necessitam, portanto, de uma educação filosófica para tratar
destas questões e, simultaneamente, aprender os processos do raciocínio e do
julgamento.
A proposta educacional de
Lipman oferece uma pedagogia específica para esta tarefa que é a Comunidade de
Investigação e um currículo de filosofia desde a Educação Infantil até o Ensino
Médio, consubstanciado em textos que ele denominou de Novelas Filosóficas. Esta
é a forma que Lipman encontrou para apresentar a filosofia às crianças, como uma
possibilidade de fazer filosofia a partir da própria filosofia. Estas têm a
preocupação de estimular a imaginação das crianças sobre questões filosóficas
como forma de incentivar as crianças a pensar por si mesmas.
Percebe - se que o fenômeno de expansão do Programa de
Filosofia para Crianças no Brasil aconteceu concomitante ao processo de
abertura política, ao processo de democratização do país, pós 1988. A campanha
a esse movimento de democratização a difusão de ideário democrático, que se
pautava na proposta de uma educação crítica e que teve como objetivo formar a
criança, o adolescente o adulto para a cidadania.
No Brasil, após o período em que ascendeu no poder uma
junta militar e depois se instaurou um “regime militar” incentivou reformas na
Constituição Brasileira com o ideário democrático; implantaram na área
educacional princípios educacionais, em consonância com este ideário, criou a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) reafirmando os princípios
democráticos, e criou os Parâmetros Curriculares Nacional (PCN’S), tendo em
vista orientar a prática pedagógica no cotidiano escolar.
É neste contexto que ocorre a expansão do ensino de
filosofia para crianças, desde as séries iniciais. O idealizador desse programa
compreende a sala de aula como sendo uma “comunidade de investigação”, pois é,
neste espaço que os alunos são incentivados a dialogar, a fazer e responder
perguntas filosóficas.
A filosofia para crianças nasceu com Mathew Lipman em 1973
nos Estados Unidos e, nos anos de 1984 ela chegou ao Brasil. Educar não
significa transferir os conhecimentos, a educação forma o ser humano, o
humaniza, este deve ser um processo que desafia o educando para o pensar
crítico e autônomo. A educação não é somente ensinar o código da escrita é,
emancipar o sujeito. Emancipar segundo Kohan (2003, p. 04) é o “exercício, se
nos permite, ao final das contas, de educar sem subestimar ninguém”.
Os novos tempos exigem que o cidadão seja crítico,
reflexivo, porém educar para a autonomia do pensamento se tornou um desafio,
pois atualmente encontramos tudo pronto e acabado. Como relata Thomal (2001, p.
09) "A filosofia, continua sendo um desafio no campo educacional, mas em
tempos atuais é necessário inseri- la já nas séries iniciais do Ensino
Fundamental, para que não se torne um tabu, de que é privilégio de poucos".
Nesse contexto, Matheuw Lipman propôs o projeto após verificar
que o sistema educacional americano era incapaz de promover um desenvolvimento
adequado aos alunos. E sendo a curiosidade inata da criança, percebeu o
programa como uma possibilidade, para o conhecer. Porém os limites surgem a
partir das questões didáticas metodológicas a se aplicar no ensino de
filosofia.
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