sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Educação como caminho para a autonomia


O pensamento Kantiano sempre procurou mostrar a pedagogia através do prisma filosófico e não apenas pelo caráter prático e metodológico, como muitos pensadores o fazem. Sabendo pois, que o sujeito não nasce um ser moral e sendo través da educação que o mesmo se torna moral é possível perceber a pedagogia como objeto filosófico. Nesta perspectiva o objetivo principal da educação, na visão de Kant e despertar a critica e a autonomia do ser humano, ou seja, levá-lo a pensar (KANT, 2006, p. 27).
A doutrina da educação, ou pedagogia se divide em física e prática. A educação física é aquela que o homem tem em comum com os animais, ou seja, os cuidados com a vida corporal. A educação prática ou moral, no entanto, é aquela que diz respeito à construção cultural do homem, para que possa viver como um ser livre. Para este pensador a educação consiste em três aspectos: na cultura escolástica, ou mecânica, a qual diz respeito à habilidade, que tem um aspecto puramente didático, na formação pragmática, a qual se refere à prudência e por fim, na cultura moral, tendo em vista a moralidade.
A educação se torna, um meio de ligação entre a natureza e a moral e, dessa forma têm-se a pedagogia como o caminho que suscita grande relevância para a obtenção da autonomia do indivíduo, como bem destaca CAMBI (1999), ao analisar a obra “Sobre a pedagogia” de Kant:

trata-se na verdade de um texto certamente menor mas que, se relacionado com as pesquisas de Kant sobra a moral, […] permite ler com clareza o perfil do pensamento pedagógico kantiano e fixar com precisão tanto seus vínculos com alguns pedagogos contemporâneos como as contribuições mais estritamente originais, além do decisivo destaque histórico, já que a posição kantiana terá uma influência não-marginal na histórica das teorias pedagógicas (CAMBI, 1999, p. 361).


Na análise de Höffe (2005, p. 187), a obra Kantiana é uma interpretação do processo educacional como uma espécie de ponte entre natureza e moral, entre o caráter empírico e o caráter inteligível do homem. Isso fica claro na própria afirmação do autor que diz: “o homem é a única criatura que precisa ser educada” (2006, p. 11). Nessa distinção do ser humano fica claro o pensamento de que ao homem é dado a razão e que precisa ser educado, uma vez que este não nasce dotado de todo os valores necessário para o convívio em sociedade, como bem afirma PINHEIRO (2007):

a razão cumpre a tarefa de diferenciar o homem dos outros seres; entretanto, ela não vem acabada, pronta. É necessário um longo caminho para que a razão possa cumprir a totalidade de sua tarefa. Por isso, a educação ocupa um espaço tão importante em toda a filosofia de Kant, já que o mais importante fator diferencial do homem, a razão, necessita de um processo educacional para o seu desenvolvimento (PINHEIRO, 2007, p. 33).


Tando na visão de Cambi (1999), como para Pinheiro (2007), Kant, percebe no processo pedagógico a maneira de tirá o homem do estado animal para o estado humano. Asim, a educação tem como objetivo guiar o ser humano pela razão. E mais do que a simples formas de guiar pela razão, levá-lo ao caminho da autonomia, ou dotar-se de capacidade para se autodeterminar, segundo uma legislação moral estabelecida na sociedade de convívio.
A partir do entendimento que educação se refere ao cuidado, a disciplina e a instrução com a formação, Kant se refere ao homem como a única criatura que precisa ser educada. E assim sendo, só poderá se tornar um verdadeiro homem pela educação, uma vez que este, é aquilo que a educação dele faz.

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