sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Noção de ética


A palavra ética nos remete a pensar em norma, liberdade e responsabilidade. No entanto, não tem sentido falar de norma ou de responsabilidade se não partimos do princípio de que o ser humano é livre para agir, e com isso também se torna capaz de obedecer ou desobedecer às normas. Neste sentido, ética é considerada a parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano em qualquer tecido social.
A ética de Kant foi considerada, durante muito tempo, como expoente da ética iluminista. Fiel aos seus princípios, acreditava no poder da razão e na eficácia da reforma das instituições. Para ele, a capacidade que o homem tem de diferenciar o certo do errado é inata, ou seja, já nasce com ele. Sendo assim, a moral humana independe da experiência, uma vez que já nascemos com ela e vale para todas as pessoas em qualquer tempo e lugar.
O homem está constantemente a ser colocado à prova no sentido de ter que fazer escolhas entre as suas inclinações e o cumprimento do dever, e dessa forma, a obediência à lei impõe-se acima de todas as coisas, ou seja, o dever obriga ao cumprimento da Lei Moral. No entanto, é imperioso a não limitação da Ética ao conjunto de regras ou valores, nem apenas tão somente ao estudo do comportamento humano, como ensina Korte (apud Bittar, 2002):

A ética é um campo de conhecimento em que, à medida que avançamos, são feitas descrições, constatações, hipóteses, indagações e comprovações [...] estudando as relações entre o indivíduo e o contexto em que está situado. Ou seja, entre o que é individualizado e o mundo a sua volta.


Verifica-se na concepção de Korte (apud Bittar, 2002), que não se deve colocar a ética apenas no plano abstrato das concepções, no campo teórico dos discurso, e sim utilizá-la como forma de fortalecimento da moral, que deverá inspirar as condutas humanas voltadas para o cumprimento do dever e à prática do bem. Percebe-se ainda, que a ética é um condutor das questões humanas e que por si implica na capacidade de julgar e tomar de decisões. Sobre o cumprimento do dever, KANT (1974, p. 208), menciona:

Uma ação praticada por dever tem seu valor moral, não no propósito que com ela se quer atingir, mas na máxima que a determina: não depende, portanto da realidade do objeto da ação, mas somente do princípio do querer segundo o qual a ação, abstraindo de todos os objetos da faculdade de desejar, foi praticada […] dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei […] ora, se uma ação realizada por dever deve eliminar totalmente a influência da inclinação e com ela todo o objeto da vontade nada mais resta à vontade do que a possa determinar do que a lei objetivamente e subjetivamente.

Para Kant, a ação somente se dará por certa se for realizada mediante o reconhecimento do cumprimento do seu dever, e o cumprimento do dever, significa agir de acordo com certas normas ou leis morais criadas pela sociedade de convívio, chamadas de imperativos. A ética Kantiana, na verdade, constitui-se na defesa dos seres humanos enquanto seres que devem ser tratados como fins em si mesmo e não como meios aos fins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário