A
palavra ética
nos remete a
pensar em
norma, liberdade e responsabilidade. No
entanto,
não
tem
sentido
falar de norma ou de responsabilidade se não partimos do
princípio
de
que o ser humano é
livre
para agir, e
com isso também se torna capaz
de
obedecer ou desobedecer às normas. Neste sentido, ética é
considerada a parte
da filosofia responsável pela investigação dos princípios que
motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano em
qualquer tecido
social.
A
ética de Kant foi considerada, durante muito tempo, como expoente da
ética iluminista. Fiel aos seus princípios, acreditava no poder da
razão e na eficácia da reforma das instituições. Para
ele,
a capacidade que o homem tem de diferenciar o certo do errado é
inata, ou seja, já nasce com ele. Sendo assim, a moral humana
independe da experiência, uma
vez que já
nascemos com ela e
vale para todas as pessoas em qualquer tempo e lugar.
O
homem está constantemente a ser colocado à prova no sentido de ter
que
fazer escolhas
entre as suas inclinações e o cumprimento do dever, e
dessa forma, a
obediência à lei impõe-se acima de todas as coisas, ou
seja, o dever obriga ao
cumprimento da Lei Moral. No
entanto,
é
imperioso a não limitação da
Ética
ao conjunto de regras ou valores, nem apenas tão
somente ao
estudo do comportamento humano, como
ensina Korte (apud Bittar, 2002):
A
ética é um campo de conhecimento em que, à medida que avançamos,
são feitas descrições, constatações, hipóteses, indagações e
comprovações [...] estudando as relações entre o indivíduo e o
contexto em que está situado. Ou seja, entre o que é
individualizado e o mundo a sua volta.
Verifica-se
na concepção de Korte
(apud Bittar, 2002),
que
não se
deve
colocar
a ética
apenas no plano abstrato das
concepções,
no
campo teórico
dos
discurso, e sim utilizá-la como forma de fortalecimento
da
moral,
que
deverá inspirar
as condutas humanas voltadas para o
cumprimento do dever e à
prática do bem. Percebe-se
ainda, que a ética é um condutor das questões humanas e que por si
implica na capacidade de julgar e tomar de decisões. Sobre
o cumprimento do dever, KANT (1974, p. 208), menciona:
Uma ação praticada por dever tem seu valor moral, não no propósito que com ela se quer atingir, mas na máxima que a determina: não depende, portanto da realidade do objeto da ação, mas somente do princípio do querer segundo o qual a ação, abstraindo de todos os objetos da faculdade de desejar, foi praticada […] dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei […] ora, se uma ação realizada por dever deve eliminar totalmente a influência da inclinação e com ela todo o objeto da vontade nada mais resta à vontade do que a possa determinar do que a lei objetivamente e subjetivamente.
Para
Kant, a ação
somente
se dará por certa
se for realizada
mediante o
reconhecimento
do cumprimento
do
seu dever, e o
cumprimento do
dever, significa agir de acordo com certas normas
ou leis
morais criadas
pela sociedade de convívio,
chamadas
de imperativos. A ética Kantiana, na verdade, constitui-se na defesa
dos seres humanos enquanto seres que devem ser tratados como fins em
si mesmo e não como meios aos fins.
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