Analisando a história de Rondônia é possível afirmar que a formação do Estado se deu a partir de ciclos econômicos que resultaram em fluxos migratórios de diferentes regiões do Brasil e do mundo. Têm-se assim, um Estado mesclado de diversos costumes, hábitos e culturas.
Por ocasião do ciclo da
extração da borracha, a sua capital Porto Velho concentrou a maior parte dos
migrantes nordestinos, que se deslocaram para as cidades amazônicas em busca de
uma vida melhor, sem as agruras das secas e da pobreza do sertão.
No entanto, ao chegarem
à Amazônia, depararam-se com um ambiente hostil, e com muita dificuldade
aprenderam a se adaptar à floresta. Germinava, assim, um “povo novo”, o
caboclo, (RIBEIRO, 1995), mistura de indígenas, desgarrados de suas culturas
originais, com os retirantes nordestinos, através do compartilhamento de
conhecimentos, de culturas, de hábitos e de viveres.
Esse caboclo, costumeiramente
chamado de beradeiro ou ribeirinho carrega consigo os sentidos únicos de um
povo que vive à beira do rio, formado a partir de identidades fragmentadas, que
hoje persiste em conservar e ressignificar o seu modo de viver particular ao
enfrentar a crescente urbanização que avança fortemente em todos os recantos da
Amazônia brasileira.
Vivem também sob a
interferência causada pela construção das usinas do complexo do rio Madeira, o
mais recente ciclo econômico da cidade. Essa interferência implica diversas
transformações, tanto da parte da resistência, que busca a reconstrução da
figura do ribeirinho para preservar uma cultura que se tornou tradicional de
Porto Velho, quanto da parte da conveniência, valendo-se dos benefícios que a
construção das usinas poderá proporcionar aos beradeiros.
Fonte: REZEDE, Jaqueline Ogliari. O viver dos beradeiros do Madeira Aspectos da identidade cabocla ribeirinha em Porto Velho. CELACC/ECA-USP, 2013.
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