quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Ribeirinhos da Amazônia: um novo povo

 Analisando a história de Rondônia é possível afirmar que a formação do Estado se deu a partir de ciclos econômicos que resultaram em fluxos migratórios de diferentes regiões do Brasil e do mundo. Têm-se assim, um Estado mesclado de diversos costumes, hábitos e culturas.

Por ocasião do ciclo da extração da borracha, a sua capital Porto Velho concentrou a maior parte dos migrantes nordestinos, que se deslocaram para as cidades amazônicas em busca de uma vida melhor, sem as agruras das secas e da pobreza do sertão.

Fonte: http://sendosustentavel.blogspot.com/2010/06/amazonas-terra-e-agua-de-contrastes-el.html

No entanto, ao chegarem à Amazônia, depararam-se com um ambiente hostil, e com muita dificuldade aprenderam a se adaptar à floresta. Germinava, assim, um “povo novo”, o caboclo, (RIBEIRO, 1995), mistura de indígenas, desgarrados de suas culturas originais, com os retirantes nordestinos, através do compartilhamento de conhecimentos, de culturas, de hábitos e de viveres.

Esse caboclo, costumeiramente chamado de beradeiro ou ribeirinho carrega consigo os sentidos únicos de um povo que vive à beira do rio, formado a partir de identidades fragmentadas, que hoje persiste em conservar e ressignificar o seu modo de viver particular ao enfrentar a crescente urbanização que avança fortemente em todos os recantos da Amazônia brasileira.

Vivem também sob a interferência causada pela construção das usinas do complexo do rio Madeira, o mais recente ciclo econômico da cidade. Essa interferência implica diversas transformações, tanto da parte da resistência, que busca a reconstrução da figura do ribeirinho para preservar uma cultura que se tornou tradicional de Porto Velho, quanto da parte da conveniência, valendo-se dos benefícios que a construção das usinas poderá proporcionar aos beradeiros.

 

Fonte: REZEDE, Jaqueline Ogliari. O viver dos beradeiros do Madeira Aspectos da identidade cabocla ribeirinha em Porto Velho. CELACC/ECA-USP, 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário