quinta-feira, 17 de maio de 2018

Espaço físico de Rondônia: relevo


Em Geografia, o significado de relevo se refere ao conjunto de formas que sobressaem na crosta terreste, concebidas sob ação de forças internas e externas denominadas agentes de relevo. Os agentes internos (endógenos) são os vulcões, os movimentos tectônicos e os abalos sísmicos que agem de dentro para fora da Terra. Os agentes externos (exógenos) são as chuvas, os mares, os rios, as geleiras, os animais e as ações do homem que modificam a superfície

Relevo de Rondônia

O relevo de Rondônia é formado por terrenos antigos da Era Arqueozóica e Proterozóica. Existe ocorrência de áreas sedimentares mais recentes da era Cenozóica, em partes da Planície Amazônica. A altitude, em sua quase totalidade, situa-se acima de 100 metros do nível do mar. As maiores elevações encontram-se nas serras dos Pacaás Novos e Parecis, atingindo altitudes superiores a 1000 metros acima do nível do mar.
´No aspecto geral, o relevo é muito diversificado e com grande variação de altitude entre 70 e 600m. As áreas com maiores incidências de altitudes podem ser encontradas no Município de Vilhena (acima de 500m) e as menores no Município de Porto Velho (entre 90 e 200m). Pela não apresentação de grandes elevações em sua quase totalidade caracteriza-se como plano e suave ondulado.

Aspectos geomorfológicos

Costuma-se dividir o relevo de Rondônia em quatro porções geomorfológicas distintas:
  • Planície Amazônica
  • Encosta Setentrional do Planalto Brasileiro
  • Chapada dos Parecis – Pacaás Novos
  • Vale do Guaporé – Mamoré.

Planície Amazônica

A planície Amazônica em sua porção limitada pelo Estado de Rondônia apresenta a altitude de 90 a 200 metros acima do nível do mar, estende-se desde o extremo norte nos limites deste com o Estado do Amazonas, se prolongando nas direções sul e sudeste até encontrar as primeiras ramificações da chapada dos Parecis e da Encosta Setentrional. A Planície Amazônica se constitui em sua superfície aplainada morfoclimática típica de floresta, resultante das oscilações climáticas do período quaternário com climas mais secos sucedidos por climas mais úmidos, atuando para o seu aplainamento e compartimentação da superfície.
Os médios e baixos cursos do rio Madeira e de seus afluentes de encaixam na planície acomodando-se nas falhas e fraturas do terreno. Nos baixos cursos nas áreas de várzeas formam extensas planícies de inundações e nas áreas de barrancos de 5 a 10 metros de altura em relação ao nível normal das águas de seus cursos, exercem uma ação erosiva por infiltração de água no solo desses barrancos provocando os seus desabamentos, conhecidos como fenômeno das terras caídas.
Os seus médios cursos ao atravessarem as áreas de terras firmes constituídas por terrenos pré-cambianos os desgastam atingindo o substrato rochoso originando corredeiras, lajeados e cachoeiras. Os rios, dessa forma, são os principais agentes de modificação e remodelação da planície, aliados a outros fatores.

Encosta setentrional do planalto brasileiro

Corresponde a uma área de terreno arqueano (período pré-cambriano), constituído por restos de uma superfície de aplainamento rebaixada pelas sucessivas fases erosivas, subdividindo-se em patamares de altitudes que variam de 100 a mais de 500 metros acima do nível do mar.
Estende-se na direção sul até atingir as encostas das chapadas dos Parecis e Pacaás Novos. Na linha de limites entre o Estado de Rondônia e o Estado de Mato Grosso. A Encosta Setentrional é limitada ao Norte pela Planície Amazônica; a Noroeste e Nordeste pela linha de fronteira entre o Estado do Amazonas e o Estado de Rondônia; ao Leste, sudeste e Sul pelas chapadas dos Parecis e Pacaás Novos e ao Oeste a linha de fronteira entre Rondônia e o Estado do Acre e entre Rondônia e a República da Bolívia.

Chapada dos Parecis – Pacaás Novos

A chapada dos Parecis e Pacaás Novos surgem no Estado de Rondônia como prolongamento do Planalto Brasileiro no sentido sudeste noroeste. Representam as maiores altitudes de nosso estado, que variam de 600 a 900 metros. Há pontos culminantes com mais de 1.000 metros, como por exemplo, o Pico do Tracuá ou Pico Jaru com 1.126 metros na Chapada dos Pacaás Novos.

Vale dos Rios Guaporé e Mamoré

O vale dos rios Guaporé e Mamoré corresponde a uma vasta planície tabular formada de sedimentos recentes com altitudes que variam de 100 a 300 metros acima do nível do mar e apresenta terrenos alagadiços e platôs mais elevados. No estado de Rondônia, estende-se do sopé das chapadas dos Pacaás novos e dos Parecis a leste até a margem direita dos rios Mamoré e Guaporé. Em sentido sul-sudeste, avança desde o norte até a divisa com Mato Grosso, no qual se prolonga.
As áreas mais baixas sofrem inundações de dezenas de quilômetros na época das enchentes, formando lagos temporário e amplos meandros divagantes de escoamento bastante complexo.

Geologia

O quadro geológico do sudoeste do Cráton Amazônico, na área abrangido pelo Estado de Rondônia, compreende unidades litológicas e sistemas estruturais envolvidos em uma longa história geodinâmica que registra os seus primórdios no final do período paleoproterozóico, com continentalização no início do período neoproterozóico.

Fonte: Atlas Geoambiental de Rondônia, SEDAM.

A região foi compartimentada com o objetivo de facilitar o entendimento da história geológica regional, nos terrenos Jamari, Roosevelt e Nova Brasilândia, sendo o primeiro subdividido nos domínios Ariquemes-Porto Velho e Central de Rondônia. Essa subdivisão baseou-se em critérios estratigráficos, tectonometamórficos, geofísicos, geoquímicos e geocronológicos. As coberturas fanerozóicas são comuns a todos os terrenos e, portanto, tratados separadamente.

Terreno Jamari

Neste segmento crustal agrupam-se os tipos litológicos mais antigos considerados como pertencentes ao embasamento regional de Rondônia, historicamente denominado de Pré-Cambriano. Este ambiente, recoberto pela Floresta Tropical Aberta e ainda muito pouco alterado pela intervenção humana, notabiliza-se por sua estabilidade morfodinâmica frente aos processos erosivo e deposicionais e a movimentos de massa.
O Terreno Jamari caracteriza-se por um quadro estrutural onde se ressalta a superposição de estruturas em condições de alto grau metamórfico (temperaturas entre 700°C e 750°C, relacionados a, no mínimo, dois ciclos de geração de retrabalhamento de rochas na crosta terrestre (ciclos orogênicos).

Terreno Roosevelt

A região crustal denominada Terreno Roosevelt é constituída por fragmentos do embasamento regional (Complexo Jamari), pelo denominado Grupo Roosevelt, por uma suíte granítica de composição rapakivi (Suit Intrusiva Serra da providência), pelos corpos máficos relacionados à Suíte Básica-Ultrabásica Cacoal e por coberturas sedimentares indeformadas correlacionáveis à Formação Palmeiral.
Idades obtidas em rochas vulcânicas na região do médio Rio Roosevelt indicam, para este terreno, idades máximas próximas a 1,74 bilhão de anos. As evidências estruturais permitem interpretar que a região foi palco de dois eventos tectônicos: o primeiro entre 1,74 e 1,62 bilhão de anos, em condições metamórficas de baixo/médio grau (temperaturas entre 500°C e 600°C) e o segundo evento, de idade mais jovem que 1,55 bilhão de anos, em condições metamórficas de baixo grau (temperaturas entre 300°C e 400°C).
Terreno Nova Brasilândia

O Terreno Nova Brasilândia é constituído dominantemente por uma sequência de rochas ígneas e sedimentares metamorfisadas em condições de alto grau (temperatura em torno de 720°C), denominada de Grupo Nova Brasilândia, por granitóides intrusivos das Suítes Rio Pardo e Costa Marques, pelo Granito Rio Branco, por coberturas sedimentares continentais da Formação Palmeiral e por coberturas sedimentares marinho-continentais Paleo/Mesozóicas dos grupos Primavera e Vilhena.
Está diretamente associado ao desenvolvimento da Bacia dos Parecis, cujos preenchimentos são caracterizados por sequências decorrentes de ciclos marinhos alternados com períodos de continentalização, envolvendo glaciação e desertificação. Muito expressivas neste terreno são, igualmente, as coberturas sedimentares cenozoicas inconsolidadas relacionadas à evolução da Planície do Guaporé.
Um fator complicador para o entendimento da arquitetura pré-cambriana da região diz respeito à definição dos megalineamentos, ou traços tectônicos que a organizam, do ponto de vista de sua adequada localização geográfica-geológica, de suas características mecânicas, dos seus aspectos geométricos e cinemáticos e de sua cronologia.

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