A
hidrografia é o ramo da geografia física que estuda as águas do
planeta, abrangendo, portanto, rios, mares, oceanos, lagos, geleiras,
água do subsolo e da atmosfera. A grande parte da reserva hídrica
mundial (mais de 97%) concentra-se em oceanos e mares, com um volume
de 1.380.000.000 km³. Já as águas continentais representam pouco
mais de 2% da água do planeta, ficando com um volume em torno de
38.000.000 km³.
O
Brasil possui 8% de toda a água doce que está na superfície da
Terra. Além disso, a maior bacia fluvial do mundo, a Amazônica,
também fica no Brasil. Somente o rio Amazonas deságua no mar um
quinto de toda a água doce que é despejada nos oceanos.
Hidrografia
de Rondônia
Rondônia
é um Estado privilegiado pela abundância de água doce. Sua
rede hidrográfica é composta por 7 (sete) bacias. São elas:
-
Bacia hidrográfica do rio Guaporé;
-
Bacia hidrográfica do Mamoré;
-
Bacia hidrográfica do Madeira;
-
Bacia hidrográfica do Jamari;
-
Bacia hidrográfica do Machado e;
-
Bacia hidrográfica do Roosevelt.
Fonte:
CPRM, 2010
Essas
bacias se subdividem em 42 sub-bacias.
A principal bacia é a do Rio Madeira que nasce no Peru, passa pela
Bolívia e pelo Brasil.
Bacia
Hidrográfica do Madeira
Principal
bacia hidrográfica de
Rondônia. Tem
uma área de 31.422,1525 há. O
rio Madeira atravessa
o estado de Rondônia no sentido noroeste
– norte,
até a foz do igarapé Maicy, divisa dos estados de Rondônia e
Amazonas. É
um dos principais afluentes da margem direita do rio Amazonas, tem
uma extensão de aproximadamente 1.056 km de Porto Velho até a foz,
no rio Amazonas, sendo aproximadamente 180 km dentro dos limites de
Rondônia e 876 km no estado do Amazonas.
Em
um trecho de aproximadamente 360 km, a partir de sua formação, o
Madeira tem um desnível de declividade de 20 cm/km e passa por
dezoito cachoeiras e corredeiras. Destas, as três maiores: Jirau,
Teotônio e Santo Antônio, deram lugar às construções dos
Complexos Hidrelétrico Santo Antônio e Jirau.
Bacia
Hidrográfica
do Guaporé
A
bacia formada pelo rio Guaporé nasce
na Chapada dos Parecis (Estado
de Mato Grosso), na divisa dos municípios de Vale do São Domingos e
Tangará da Serra, percorrendo aproximadamente 600 km até desaguar
na margem direita do rio Mamoré, junto à localidade de vila
Surpresa. Ao longo de seu percurso, no âmbito do estado de Rondônia,
passa por cidades de porte médio como Pimenteiras do Oeste e Costa
Marques.
Representa
um rio de jurisdição federal, possuindo uma área de drenagem de
cerca de 320.000 km², antes de desembocar no rio Mamoré. Como
afluentes maiores destacam-se o rio Cabixi, Colorado, São Miguel e
Cautário, todos pela margem direita, considerando que sua margem
esquerda pertence ao espaço físico da Bolívia, com a qual
estabelece divisa internacional.
Bacia
Hidrográfica do Mamoré
O
rio Mamoré, um dos formadores do rio Madeira, possui suas nascentes
localizadas na vizinha Bolívia. Adentrando em espaço geográfico
brasileiro na localidade de vila Surpresa, recebe em sua margem
esquerda o rio Guaporé, estabelecendo, a partir daí o limite
internacional entre os dois países. Percorre cerca de 250 km até
vila Murtinho, quando se junta ao rio Beni, originando o rio Madeira.
Os
rios Guaporé e Pacaás Novos constituem os afluentes principais em
solo brasileiro. Ao longo de seu trajeto, drena as cidades coirmãs
de Guajará-Mirim (Brasil) e Guayaramerin (Bolívia), servindo de
limite (e também de ligação) entre elas. Trata-se de um rio de
jurisdição federal.
Bacia
Hidrográfica do Abunã
O
rio Abunã, formado pela confluência dos rios Iná e Xipamanu, nasce
na vizinha república boliviana. Ao entrar em território brasileiro,
passa a se constituir no divisor internacional entre os dois países.
Percorre um trajeto de cerca de 400 km até desaguar na margem
esquerda do rio Madeira. Historicamente, teve importância nas
décadas de 1940 e 1950, devido ao intenso desenvolvimento da
extração da seiva da seringueira, para obtenção da borracha de
utilização para a florescente indústria automotiva.
Em
seu trajeto, drena dois estados da União (Acre e Rondônia),
constituindo-se em um rio de jurisdição federal, por representar um
divisor internacional.
Bacia
Hidrográfica do Jamari
O
rio Jamari possui suas nascentes principais na Chapada dos Pacaás
Novos, próximo à divisa dos municípios de Governador Jorge
Teixeira e Guajará-Mirim. Percorre cerca de 400 km até sua foz, na
margem esquerda do rio Madeira, abaixo da cidade de Porto Velho,
constituindo um rio de domínio estadual. Seus afluentes principais
são os rios Candeias e Preto do Crespo.
Ao
longo de seu percurso, drena a cidade de Ariquemes, um dos maiores
núcleos urbanos do estado de Rondônia. O barramento localizado
dessa drenagem possibilitou a implantação da Usina Hidrelétrica de
Samuel, principal unidade geradora de energia hidrelétrica em
operação no estado.
Bacia
Hidrográfica do Roosevelt
A
bacia hidrográfica do rio Roosevelt tem suas nascentes na Chapada
dos Parecis, no município de Vilhena. Contudo, a sua maior parte
situa-se nos estados de Mato Grosso e Amazonas. Constitui um afluente
da margem esquerda do rio Aripuanã, que, por sua vez, deságua no
baixo rio Madeira, junto à cidade de Novo Aripuanã. Apresenta um
curso geral orientado sul-norte, tendo como tributários principais
os rios Capitão Cardoso e Tenente Marques (pela margem direita) e
Machadinho e Branco (pela margem esquerda).
O
rio Roosevelt, cuja extensão é de aproximadamente 1.400 km, recebeu
essa designação em decorrência de uma expedição realizada em
1913, da qual participaram o ex-presidente norte-americano Theodore
Roosevelt e o marechal Cândido Rondon, que percorreram esse rio até
a sua foz, no rio Aripuanã.
Bacia
Hidrográfica do Machado ou Ji-paraná
O
rio Machado, também chamado Ji-Paraná, recebe esse nome após a
confluência dos rios Barão de Melgaço e Pimenta Bueno, próximo à
cidade de Pimenta Bueno, sendo que suas nascentes estão localizadas
no município de Vilhena. Percorre cerca de 800 km até sua foz,
situada na margem direita do rio Madeira, próximo à Calama. Seus
afluentes principais são os rios Jaru, Urupá, Machadinho e Jacundá,
todos pela margem esquerda.
Constitui
um rio de domínio estadual, drenando diversas cidades importantes do
estado, tais como Ji-paraná, Cacoal e Pimenta Bueno, ressaltando-se
a existência de numerosas cachoeiras e corredeiras ao longo de seu
trajeto, algumas das quais viáveis para futuros empreendimentos
hidrelétricos, a partir do inventário realizado pela Eletronorte –
Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.
Funcionamento
e uso da Rede Hidrográfica
A
rede hidrográfica de Rondônia é densa, perene e isso ocorre devido
à conjugação de fatores físicos e naturais. Da mesma forma a
sazonalidade do escoamento superficial é uma consequência dos
períodos secos que duram de três a quatro meses na região. Durante
este período de estiagem muitas nascentes e igarapés apresentam
trechos intermitentes enquanto os maiores cursos d’água são
perenes, embora com expressiva variação de vazão.
Usos
múltiplos da água
Usos
múltiplos da água é direito de igualdade de uso por todos os
setores usuários dos recursos hídricos. Como as demandas por água
para os mais variados usos vêm aumentando, o número de conflitos de
interesses envolvendo a água também cresceu. No Estado de Rondônia
alguns tipos de usos são considerados:
Consumo
humano – residencial e comercial
O
consumo humano da água é um tipo de uso prioritário por está
diretamente relacionado com o direito a vida. Em linhas gerais o
abastecimento da água potável para a população faz parte do
conjunto de ações do saneamento básico de um lugar.
Em
Rondônia a Companhia de águas e Esgotos – CAERD é a empresa
pública responsável por esta demanda, apesar de alguns municípios
já terem conseguido implantar sistema próprio de abastecimento de
água e coleta de esgoto sanitário.
Indústria
A
indústria utiliza a água de diferentes formas sem seus processos de
produção:
-
Usos consuntivos: referem-se aos usos que retiram a água de sua fonte natural diminuindo suas disponibilidades, espacial e temporalmente. Ex: dessedentação de animais, irrigação, abastecimento público, processamento industrial, etc.
-
Usos não-consuntivos: referem-se aos usos que retornam à fonte de suprimento, praticamente a totalidade da água utilizada, podendo haver alguma modificação no seu padrão temporal de disponibilidade. Ex: navegação, recreação, piscicultura, hidroeletricidade, etc.
Mineração
A
mineração em Rondônia é desenvolvida principalmente nas bacias
hidrográficas do rio Madeira (ouro) rio Roosevelt (diamante) no
garimpo do Bom Futuro (cassiterita). Os equipamentos mais utilizados
nos leitos dos rios para extrair o mineral são as balsas e dragas.
Há também a extração da areia para construções e da argila para
a fabricação tijolos e telhas.
Navegação
fluvial
A
navegação fluvial consiste no uso dos rios para o transporte. O rio
Madeira é uma das principais vias de transportes da região
amazônica, para escoamento de produtos através do Porto de Porto
Velho a outras regiões do país. O rio Mamoré e o seu afluente
Guaporé também são rios navegáveis a partir de Guajará Mirim a
Mato Grosso, e servem de fronteira entre Brasil e Bolívia.
Turismo
e lazer
Os
rios de Rondônia contribuem para uma diversidade de ações
relacionadas ao turismo e ao lazer. Além da pesca esportiva
desenvolvida em vários lugares do estado, há os festivais de prais
que atraem pessoas de várias partes do país.
Geração
de energia elétrica
Rondônia,
assim como a região amazônia apresenta um grande potencial de
geração de energia elétrica, seja por seus rios encachoeirados ou
pelo aproveitamento dos demais recursos naturais.
Agricultura,
irrigação e pecuária
A
agricultura é um importante tipo de usos múltiplos das águas e com
ela está diretamente associada a irrigação. A pecuária está
relacionada a dessedentação de animais, um uso prioritário em caso
de escassez.
Outros
usos múltiplos:
O
potencial hídrico disponível no Estado de Rondônia proporciona o
desenvolvimento de ações com os mais variados múltiplos das águas,
como é o caso da crescente atividade de aquicultura, psicultura,
hidroponia e pesca artesanal.
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