Urbanização
é o processo de afastamento das características rurais de um lugar
ou região, para características urbanas. Demograficamente, o termo
significa a redistribuição das populações das zonas rurais para
assentamentos urbanos, mas também pode designar a ação de dotar
uma área com infraestrutura e equipamentos urbanos, como água,
esgoto, gás, eletricidade e serviços como transporte, educação e
saúde, dentre outros.
Urbanização
– transformação do espaço
No
Brasil, em 1960, a população urbana representava 44,7% e a rural
55,3%. Dez anos depois, essa relação se inverteu, com números
quase idênticos, apresentando 55,9% de população urbana e 44,1% de
população rural. No ano de 2000, o percentual de pessoas residentes
nas áreas urbanas cresceram ainda mais, pois o censo registrou 81,2%
da população brasileira vivendo em cidades.
A
urbanização é a mola propulsora das transformações na sociedade,
porque traz consigo mudanças nos processos sociais capazes de
modificar as formas espaciais. Em linhas gerais, no
Brasil, a urbanização ocorreu de uma forma rápida, no entanto,
desorganizada, pois dependia muito dos recursos econômicos
encontrados no local. A partir do século XX, o fator motivador para
o aceleramento desse processo foi a industrialização.
Na
amazônia, o processo de urbanização inicia-se com a
construção e pavimentação de rodovias, associada ao estímulo da
migração proporcionado pelo governo federal ou de forma espontânea.
A partir dos anos 70, a ocupação da Amazônia tornou-se prioridade
nacional e o governo federal passou a viabilizar e subsidiar a
ocupação de terras para a expansão pioneira. A velocidade do
processo de urbanização, na medida em que torna a região um
importante mercado regional, traz consigo carência de serviços
básicos à população e sérios problemas ambientais.
Paralelamente
à evolução da preocupação ambiental, ao longo das três últimas
décadas, a região tem experimentado as maiores taxas de crescimento
urbano do Brasil. Em 1970, a população urbana correspondia a 35,5%
da população total. Esta proporção aumentou para 44,6% em 1980,
para 58% em 1991, 61% em 1996 e 70% em 2000.
Figura
8 – Evolução da população por unidade de federação da
Amazônia Legal.
Fonte:
Relatório Técnico, INPE, 2001.
A
diversificação das atividades econômicas e as mudanças
populacionais resultantes, reestruturaram e reorganizaram a rede de
assentamentos humanos na região. A visão da Amazônia atualmente,
apresenta padrões e arranjos espaciais de uma Amazônia diferente,
um tecido urbano complexo em meio a floresta, que se estruturou, e
continua crescendo em proporções diferenciadas em relação às
demais regiões brasileiras.
Padrões
de urbanização regional
Os
diversos contextos e padrões espaciais de organização das cidades,
os maiores adensamentos urbanos, a organização das cidades de
acordo com sua geografia, história e relações externas, dentre
outros é possível identificar alguns modelos de urbanização
regional.
-
Urbanização espontânea – ação indireta do Estado: estradas e incentivos fiscais, povoados e vilas dispersos dominados por centros regionais e ausência de cidades médias.
-
Urbanização dirigida – executada pelo Estado ou companhias colonizadoras. Fundamentada no Urbanismo rural do INCRA que consistia de um sistema de núcleos urbanos rurais hierarquizados.
-
Urbanização por grandes projetos – minerais e madeireiros. Fronteira de recursos isolada, desvinculada com a região, parte de organização transnacional. Dependem de bases urbanas para instalações, residência de trabalhadores nas companytown, complementada por favelões que abrigam a mão de obra temporária e não especializada.
Rondônia
– urbanização e transformação do espaço
Assim
como ocorreu em outras regiões brasileiras, a urbanização de
Rondônia decorreu, sobretudo, em função dos mecanismos internos de
desenvolvimento do país, que necessitava de subsídios para o
desenvolvimento de outras regiões brasileiras, e no caso da Amazônia
fornecer matéria prima e terras para a solução dos problemas
fundiários existentes naquele momento.
Com
destaque para a capital Porto Velho e as cidades do centro-sul do
estado. A rede urbana de Rondônia formou-se basicamente, pelos
núcleos demográficos ao longo da BR 364, em três momentos
distintos:
-
Surgimento dos núcleos tradicionais ao norte e noroeste do estado, respectivamente Porto Velho e Guajará Mirim, oriundos da Madeira-Mamoré;
-
Criação dos núcleos pioneiros ao longo da BR 364, em torno dos antigos postos telegráficos (Ji-Paraná, Pimenta Bueno e Vilhena) e/ou por conta dos projetos de colonização (Ouro Preto d‟Oeste).
-
Surgimento das cidades nas novas áreas de assentamento ao longo dos eixos secundários da expansão colonizatória (por exemplo, Rolim de Moura).
Dentro
dos processos de colonização implantados na Amazônia, Rondônia se
constituiu com uma particularidade, pois seu processo de colonização
foi de natureza totalmente oficial. Os modos de conceber as terras em
Rondônia foram a grande empresa capitalista e o campesinato,
politicas implantadas pelo governo militar naquele momento para a
região. Dentre os principais programas de colonização de Rondônia
tem-se:
a)
Programa de Polos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia
A
criação da Poloamazônia (Programa de Polos Agropecuários e
Agrominerais da Amazônia) em 1974, envolvia o Ministério do
Interior da Agricultura e dos Transportes, e tinha como objetivo
concentrar recursos em áreas selecionadas, com o objetivo de
estimular a migração, promover
as potencialidades agropecuárias, agroindustriais, florestais e
minerais em diversas áreas da Amazônia,
assim como a melhoria da infraestrutura urbana.
b)
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA
A
criação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –
INCRA, fazia parte do pacote de mudanças previstas para a década de
1970, cujo objetivo era organizar a distribuição de terras, além
de ordenar os aparatos necessários para o seu aproveitamento, visto
que em Rondônia nesse período, quase 93% das terras existentes na
região pertenciam a União, que pregava a ideologia
do vazio demográfico.
Segundo
os dados do IBGE, a população do Território Federal de Rondônia
na década de 70 era de 111.483 pessoas, ou seja, houve um acréscimo
de 37% na população entre as décadas de 60 e 70, em função das
políticas que incentivaram a vinda de migrantes, na esperança de
obter terras baratas. A população urbana era composta de 59.069
pessoas, correspondendo a 53% da população e a população rural
era composta de 52.412 pessoas, correspondendo a 47% da população.
c)
Programa de Desenvolvimento Integrado para o Noroeste do Brasil
O
objetivo do Programa de Desenvolvimento Integrado para o Noroeste do
Brasil – POLONOROESTE era corrigir os problemas socioambientais
gerados pela colonização da década de 1970, e incluía medidas
como:
-
Pavimentação da BR 364 a partir de Cuiabá até Porto Velho;
-
Construção de estradas vicinais;
-
Preservação de comunidades indígenas e extrativistas;
-
Promover a preservação do sistema ecológico e a proteção das comunidades florestais.
Devido
à fragilidade do desempenho do POLONOROESTE, em 1984 o programa
sofre uma reformulação, com o intuito de arrumar as inconsistências
entre o que havia sido estabelecido no plano e o que foi efetivamente
implantado. Esse foi o período de consolidação das políticas de
colonização.
A
falta de terras para comportar todas as famílias que se deslocaram
para a região, na ilusão de adquirir sua terra, fez com que grande
parte dessa população engrossasse os centros urbanos, neste período
a população urbana segundo os dados do IBGE, corresponde a 58% da
população total, ou seja, 659.327 pessoas das 1.132.692 que moravam
no Estado se encontravam na zona urbana. Nesse período houve uma
inversão na origem dos migrantes, a década de 70 foi marcada pela
massiva migração nordestina, enquanto que na década de 80 os
migrantes passaram a vir de outras regiões do país principalmente
sul, sudeste e centro-oeste.
d)
Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia
O
Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia – PLANAFLORO continha
uma série de componentes para mitigar os problemas causados pelos
programas anteriores incluindo uma série de objetivos relacionados à
proteção ambiental. Um pré-requisito para a aprovação do
empréstimo por parte do Banco Mundial foi a criação do Zoneamento
Agroecológico de Rondônia dividindo o estado em seis zonas
diferentes, assegurando uma utilização controlada dos recursos
naturais existentes no estado.
O
Planafloro é o marco inicial da terceira fase de colonização
induzida em Rondônia, sendo a primeira e a segunda de cunho
tecnocrata, foram implementadas pelo Incra e pelo Polonoroeste. A
terceira com a diretriz do zoneamento agroecológico, tinha como
premissa o envolvimento das comunidades abrangidas pelo programa, nas
mais diferentes formas de organização. Atualmente, o Estado de
Rondônia vive as consequências de todas essas políticas, e ações
que permearam a sua formação, problemas ambientais e sociais que
refletem nos piores índices de violência e de infraestrutura.
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