terça-feira, 5 de abril de 2011

Ruralista fazem manifestação em defeza do relatório de Aldo Rebelo propondo mudanças no Código Florestal

Em julho do ano passado, uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou a proposta de Rebelo para alterar a legislação ambiental. Polêmico, o texto foi alvo de contestações de ambientalistas, da comunidade científica e de movimentos sociais ligados à área rural. No início de março, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), decidiu reabrir a discussão para que instituições enviassem sugestões ao relatório de Rebelo.

Até agora, o relatório já recebeu pelo menos 54 sugestões de emendas. Cabe à Rebelo decidir se acolhe ou não as contribuições. O deputado já adiantou que pretende fazer algumas mudanças no texto, como a possibilidade de redução ainda maior das áreas de preservação permanente (APPs) nas margens de rios e a retirada da proposta de moratória de cinco anos para qualquer novo desmatamento.

Sete partidos já fecharam acordo para apoiar o relatório de Rebelo, mesmo antes de conhecer as possíveis mudanças: PMDB, PTB, PR, PP, PSC, PSB e DEM. O PT não concorda com todos os pontos, como a redução de APPs e anistia para desmatadores e enviou nota técnica sugerindo mudanças ao relator. O PSDB deve definir a posição do partido em reunião marcada para hoje (05/04/11).

Segundo Rebelo, já há consenso sobre "mais de 90% do texto. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse ontem (04/04/114), em São Paulo, que a discussão sobre o novo código está na "reta final para consolidar uma proposta que seja convergente de consensos".

A expectativa é que Rebelo apresente a nova versão do texto ainda esta semana. Representantes de grandes produtores, liderados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), querem a aprovação de novas regras antes de 11 de junho de 2011, limite para regularização ambiental de propriedades rurais, previsto em decreto presidencial.

Para a manifestação de hoje, a CNA promete reunir cerca de 20 mil produtores. A programação inclui missa campal na Esplanada dos Ministérios, "abraço simbólico" no Congresso Nacional e visitas a deputados para pedir apoio à proposta original de Rebelo.

"RETA FINAL"

As discussões sobre o novo Código Florestal estão em sua fase final, afirmou ontem (04/04/11) a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Ela disse que algumas questões técnicas sobre o projeto de reforma da legislação ainda precisam ser concluídas, mas que os fundamentos políticos do texto já fazem parte de um consenso entre agricultores, ambientalistas e governo.

"Estamos na reta final de consolidar uma proposta que seja convergente de consensos", afirmou a ministra, após participar de um debate sobre o projeto na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Há pontos que ainda merecem ser debatidos em função do que está se colocando. É mais uma questão técnica do que política."

Segundo a ministra, ainda estão em aberto critérios para preservação obrigatória das reservas legais nas propriedades rurais. Essas áreas precisam ser preservadas pelos donos das propriedades. Discute-se a possibilidade de que as reservas venham a ser formadas por áreas compradas ou alugadas fora da propriedade rural.

Também está em pauta a possibilidade de o produtor rural contabilizar as áreas de preservação permanente (APPs) protegidas como reserva legal. Assim, quem é obrigado a manter essas APPs deverá preservar uma reserva legal menor em sua propriedade.

A ministra disse que essas questões são temas de várias sugestões em análise no governo federal e Congresso Nacional, onde tramita o projeto do novo Código Florestal. "Quem decide sobre a votação [do novo Código Florestal] é o Congresso Nacional", afirmou ela.

Izabella disse ainda que a pressão da sociedade a respeito do código é "absolutamente legítima". Está programada para hoje (05/04/11), por exemplo, uma manifestação de agricultores em Brasília para pedir urgência na votação do projeto de reforma. Já ambientalistas estão planejando atos públicos contra o texto. "A sociedade brasileira se manifesta pelos seus vários grupos de interesse."

Após o debate, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também falou sobre o projeto. Segundo ele, 97% do texto é consenso. Faltam apenas ajustes para que o texto possa ser votado no Congresso e estabeleça segurança jurídica necessária para a agricultura do país. "Há de se chegar a um equilíbrio porque é fundamental que se leve adiante o Código Florestal e que se faça com que as pessoas trabalhem dentro da lei, com a preservação do meio ambiente", afirmou Skaf.

FONTE

Agência Brasil
Luana Lourenço, Danilo Macedo e Vinicius Konchinski - Repórteres
João Carlos Rodrigues - Edição

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