Mesmo com a valorização atribuída à Geografia como ciência, ainda é visível em
muitas unidades educacionais ações frequentes entre professores, nas quais a aula é
desenvolvida de forma pouco atrativa, ainda que todos almejem à formação de um cidadão
consciente, crítico, capaz de conceber a leitura de mundo por meio da compreensão dos
conteúdos dessa disciplina. " A leitura do mundo é fundamental para que todos nós, que
vivemos em sociedade, possamos exercitar nossa cidadania" (CALLAI, 2005, p. 228).
Nesse contexto, a modernização aliado ao avanço tecnológico reforça a necessidade
de uma reavaliação quanto à importância atribuída à Geografia e o real espaço que ela ocupa
em sala de aula, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que,
embora considerado um processo complexo, o ato de compreender essa disciplina desenvolve
no indivíduo a sua visão de mundo, tornando-o capaz de ampliar seus conhecimentos e
analisar criticamente o mundo a sua volta.
De acordo com CALLAI (2005):
A geografia tem permanecido na escola de forma tradicional, não qual
oferta pouca contribuição ao conhecimento do aluno. A geografia nomeada
como tradicional, distinguida pela enumeração de dados geográficos e que
trabalha espaços despedaçados, em geral opera com questões incoerentes,
em vez de considera lá no contexto de um espaço geográfico abstruso, que é
o mundo da vida (CALLAI, 2005, p. 229).
Partindo do pressuposto acima, entende se que com o processo de modernização
aliado ao avanço tecnológico, surge a necessidade de ensinar a Geografia de forma
contextualizada e associada a realidade do discente, com o intuito de auxiliá-los na construção
de sua leitura de mundo.
Para BOGO (2010) as séries iniciais apontam o princípio do processo de educação e o período
em que são favoráveis as imaginações em torno das experiências dos
estudantes e a edificação de informações em ambientes formais de
aprendizagem. Os docentes desempenham um papel fundamental nesse
período por serem intermediários entre a natureza vivenciada pelos
educandos e a linguagem conceitual na qual se estruturam os diversos
espaços do conhecimento.
Nesse sentido, o raciocínio geográfico é um processo cognitivo que pode oportunizar
habilidades aos discentes de compreenderem as dinâmicas das práticas espaciais por meio da
utilização dos conceitos e princípios geográficos. Esses são os elementos fundantes para o
desenvolvimento e a mobilização dessa cognição, como: espaço, território, paisagem, lugar,
região e os seus princípios lógicos como: localização, distribuição, distância, extensão,
posição, escala, rede, arranjo, configuração.
Dito isso, raciocínio geográfico é uma cognição desenvolvida no ensino de Geografia
orientado nos fundamentos da Geografia (SILVA; ROQUE ASCENÇÃO; VALADÃO, 2018).
Assim, é preciso incentivar a aprendizagem da Geografia ainda nas séries iniciais, tendo em
vista que nessa fase as crianças fazem inúmeras descobertas nas quais resultam em
experiências transformadoras em sua vida.
Bogo (2010) relata que o conceito do conhecimento geográfico, promulgo através de sua linguagem
científica, admite deliberar, conceituar e compreender o ambiente social em
suas inter-relações.
E os professores desempenham papel essencial nesse
processo. São eles os medianeiros entre o mundo vivenciado pelos alunos e a
linguagem conceptual na qual se estruturam os diversos campos do
conhecimento (BOGO, 2010, p. 2).
Com isso, torna-se oportuno a aplicação de ações metodológicas que viabilizem a
compreensão da Geografia nas séries iniciais, haja vista que essa ciência amplia as
experiências e concepções de mundo das crianças.
Por fim, a função não é simplesmente
reproduzir a Geografia acadêmica, mas, possibilitar o desenvolvimento dos alunos por meio
da habilidade cognitiva do raciocínio geográfico para interpretar e atuar em suas práticas
espaciais de forma crítico-reflexiva (FILIZOLA, 2009).