Em
todos os estudos sobre a Educação de Jovens e Adultos, o que mais tem se
destacados são os desafios que os educadores têm tido nas várias práticas pedagógicas
de escolarização. Dificuldades em ensinar, em lidar com a motivação, em
conseguir resultados no decorrer do processo é a tônica permanente nos
depoimentos daqueles que buscaram o trabalho nessa modalidade de ensino,
particularmente quando se trata das camadas populares da sociedade, escolas
localizadas em áreas periféricas dos centros urbanos ou rural.
A
condição, no entanto, para o ingresso nessa modalidade é uma premissa da lei de diretrizes e bases da educação brasileira
estabelecem que todos que não tiveram oportunidade de concluir seus estudos na
idade regular devem ter acesso a cursos gratuitos que ofereçam oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho. O desafio é criar um sistema que
possa atender de modo satisfatório um grupo tão diverso de estudantes, que
abrange alunos em várias etapas da vida.
Dentre
os inúmeros desafios, a taxa de evasão no ensino dos adultos é o que mais preocupa
os educadores. A evasão, por sua vez, precede os índices de repetência quando
os alunos não se sentem objetivamente encaminhado ao que eles buscam na escola,
com uma perspectiva inovadora de forma que tenham uma motivação maior para
continuar seus estudos, e consequentemente utilizar os conhecimentos utilizados
no trabalho e nos afazeres do dia-a-dia.
A
alfabetização de jovens e adultos deve acontecer de maneira envolvente de modo
que os alunos se sintam valorizados como parte integrante do processo educativo
e no contexto das demais atividades desenvolvidas pela escola. É importante
identificar e valorizar o conhecimento trazido pelos estudantes, considerando o
meio onde vivem promovendo a interação entre os saberes formal e informal, como
afirma Pinto (2005, p. 83):
O educador tem de considerar o
educando com um ser pensante. É um portador de ideias e um produtor de ideias
dotado frequentemente de alta capacidade intelectual, que se revela
espontaneamente em sua conversação, em crítica aos fatos, em sua literatura
oral.
A
educação, no contexto do ser pensante, deve ser considerada com um ato político.
Ao pensar dessa maneira, Paulo Freire argumenta que a mesma deverá estar sempre
voltada aos interesses de alguém e consequentemente contra outros. Isso é uma
premissa de um país onde a desigualdade e a divisão de classes se faz
transparecer sem qualquer repúdio, sendo praticamente impossível que se tenha
uma educação que venha atender a todos os cidadãos, prevalecendo sempre os que
têm maior visibilidade.
Para Freire
(1980), essa é uma realidade onde o educador tem papel fundamental quanto a sua
transformação, ou seja, é ele quem deve motivar o desencadeamento de mudança no
comportamento dos seus educandos. Tais incentivos, em muitos casos, são o que
eles precisam para reconhecer e admitir socialmente a importância da educação
na modificação no meio onde vivem.
O que
admite o educador Paulo Freire, é a necessidade de uma educação que torne o
indivíduo compromissado com a criticidade sobre as forças que o cerca. Sendo
assim, a partir do momento em que o mesmo sai da neutralidade de convicções e assume
o compromisso através de sua criticidade, será possível superar os limites,
buscando cada vez mais uma educação que não somente lhe instrua no campo das atividades
diárias e imediatas, mas para a vida.
FATORES QUE CAUSAM A DESISTÊNCIA DO ALUNO
Apesar
dos fatores políticos e a sua inércia para atuar no campo da Educação de Jovens
e Adultos, essa modalidade de ensino tem crescido de forma bastante na última
década, tanto no campo da alfabetização como no segmento de escolarização
daqueles, que por razões diversas, não concluíram o ensino fundamental ou o
ensino médio, como também na formação profissional voltada à qualificação e
requalificação para o trabalho.
Apesar de
todos esses fatores, nos deparamos cotidianamente com problemas educacionais,
dentre eles a desistência escolar que se tornou um desafio a ser considerado
nas escolas brasileiras. O estudante adulto quando procura a escola traz
consigo um vasto conhecimento adquirido através das experiências ao longo da
vida. Este conhecimento deve ser respeitado pelo educador e por meio do
trabalho dialógico desenvolver uma prática educativa que em conjunto promova a
construção do saber com bases científicas.
Essa
forma de encaminhar o processo educativo, além de compreender o universo do educando
tem como fundamento para a sua alfabetização, o seu próprio mundo, ou seja,
palavras e ações do meio vivido no seu cotidiano. Tais fatores, na medida em
que ensejam a ambientação do estudante adulto, poderão também ser utilizadas na
aprendizagem da leitura e escrita, bem como o ponto de partida para os demais
campos do saber.
Segundo Pinto (2007), o ato de educar não se reduz à
transmissão de conteúdos particulares de conhecimento, nem tampouco o ensino de
determinadas matérias; é muito mais do que isto, pois se trata de preparar o
educando para um novo modo de pensar e de sentir a existência em face das
condições sociais com que se defronta; é dar-lhe a consciência de sua constante
relação com comunidade, país e mundo, e que todo o seu saber deve contribuir
para o empenho coletivo de transformação da sua própria realidade.
Pesquisas atuais apontam que a desistência escolar carrega
consigo, na soma de todos os eventos que a mesma desencadeia na sociedade,
várias consequências. Essas causas são concorrentes e não exclusivas, ou seja,
a evasão escolar se verifica em razão da somatória de vários fatores e não
necessariamente de um especificamente. Na opinião de Charlot (2000,
p. 18), a problemática da evasão escolar deve ser vista sob vários ângulos,
tais como:
Sobre o
aprendizado... sobre a eficácia dos docentes, sobre o serviço público, sobre a
igualdade das chances, sobre os recursos que o país deve investir em seu
sistema educativo, sobre a crise, sobre os modos de vida e o trabalho na
sociedade de amanhã, sobre as formas de cidadania.
Soma-se
a essa opinião às questões pertinentes ao contexto extraescolar como, falta de
incentivo da família, trabalho e gravidez precoce. Concorrem igualmente às
dificuldades de aprendizagem, distância entre a escola e a moradia do aluno,
falta de comprometimento dos gestores escolares com os alunos, e a existência
de um distanciamento entre o educador e os alunos.
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