quinta-feira, 15 de junho de 2017

Trilho ás margens dos rios Madeira e Mamoré – ferrovia do diabo

A construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré é o principal marco histórico da conquista e do desbravamento da região onde atualmente é o estado de Rondônia. Um feito humano que por longas cinco décadas, ao ser finalmente concluída em 1912, apresentava um rastro de aproximadamente 6.000 trabalhadores mortos. As causas de tantas mortes foram as mais diversas: acidentes de trabalhos, doenças tropicais, ataques de índios e de animais selvagens, acidentes, desaparecimentos na mata, etc.
Ao final da construção a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, às margens dos rios Mamoré e Madeira em Rondônia, apresentava 364 quilômetros de extensão. Não tendo como escoar a produção de borracha por seu território, a Bolívia precisava de uma rota sólida para chegar ao Atlântico. Para isso era preciso subir os rios Mamoré, em solo boliviano, e Madeira, no Brasil O grande empecilho estava no trecho encachoeirado do rio Madeira, cerca de 300km entre o rio Mamoré e Santo Antônio do Madeira.
Naquele momento, o Brasil também tinha interesse no projeto porque poderia aproveitar a ferrovia para transportar sua produção de látex, muito valorizado no mundo. No entanto, logo se percebeu as dificuldades a serem enfrentadas. Nos 10 primeiros anos, apenas 6 quilômetros de trilhos foram assentados.
Mais de 20.000 operários (alguns autores falam em 34.000), Pessoas de cerca de 40 nacionalidades participaram da construção da Madeira-Mamoré. Foi oficialmente inaugurada em 1º de agosto de 1912 e desativada em 1972. A soma de dificuldades que acompanhou toda a construção da ferrovia Madeira-Mamoré deu-lhe um aspecto exageradamente catastrófico, no Brasil e no exterior. As moléstias que mais castigaram os operários foram:
Ø  A pneumonia, que grassava nas obras, causando cerca de 60% de mortes entre os afetados.
Ø  O sarampo, moléstia trazida à região pelo vapor Borborema, em 1910.
Ø  A ancilostomíase, infecção intestinal que atacou cerca de 80% dos operários.
Ø  O beribéri, de causa ignorada à época da construção. Atacou parcela pequena de trabalhadores.
Ø  A febre amarela, trazida por passageiros vindos de Manaus, não chegou a disseminar.
Ø  O impaludismo. Foi o grande mal, e grande a mortandade por ele causada. Devido a ela, Oswaldo Cruz chegou a afirmar que a população local "não sabia o que era estado saudável", a condição de ser enfermo era a normalidade.
Nesse aspecto de fatalidades, histórias e lendas, a Madeira-Mamoré recebeu várias denominações que procuravam identificá-la muito mais com seus graves problemas do que com seus benefícios sociais, políticos e econômicos. Entre os diversos contextos denominam-na de: “Estrada dos Trilhos de Ouro”, “Ferrovia do Diabo”, “Ferrovia de Deus”, e “Ferrovia da Morte”, que serviram para ligar sua construção aos seus dramas. Dizia-se também que cada um dos seus dormentes representa uma vida, para avaliar de forma exagerada o número de trabalhadores mortos no decorrer da sua construção.

Uma ferrovia no meio da floresta amazônica

As ferrovias no Brasil surgiram no século XIX quando Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá as trouxe para o país. Na época o café era o carro chefe da economia no Brasil e em detrimento à falta de transporte, constantemente perdia-se a produção.
O sucesso do novo transporte, não demorou muito para que outras regiões entrassem na moda das ferrovias do Sudeste. Deste modo, o governo brasileiro decidiu iniciar no estado de Rondônia uma imensa ferrovia que cortaria grande parte da floresta amazônica e escoaria o produto principal daquela região: a borracha.
A ideia de construí-la surgiu na Bolívia, em 1846. O país não tinha como escoar a produção de borracha por seu território. O único jeito seria usar o Oceano Atlântico. Mas, para isso, era preciso subir os rios Mamoré, em solo boliviano, e Madeira, no Brasil.
O percurso fluvial tinha, porém, 20 cachoeiras que impediam sua navegação. Pensou-se então na construção de uma estrada de ferro que cobrisse por terra o trecho problemático. O Brasil tinha interesse no projeto porque também poderia aproveitar a ferrovia para transportar sua produção de látex. O produto, chamado na época de ouro branco, muito valorizado no mundo.

Tratado de Petrópolis

O Tratado de Petrópolis foi assinado a 17 de novembro de 1903 entre os governos do Brasil e da Bolívia. É um Tratado de Permuta que resultou na entrega do território do Acre ao Brasil, efetivamente ocupado pelos seringueiros brasileiros durante a corrida à borracha da floresta amazônica. A região do rio acre era no início do século XX, uma região pertencente ao país vizinho, a Bolívia, em razão dos tratados de Madri, Santo Ildefonso e Avacucho que sucessivamente estava sendo ocupada por seringueiros brasileiros em virtude da extração da borracha.
Diante do agravamento dos conflitos na região, o governo brasileiro, procurando resolvê-los de diplomaticamente colocou a disposição para as negociações, o Barão do Rio Branco, que resultaram no Tratado de Petrópolis. A assinatura do documento formalizou a incorporação do Acre ao território brasileiro. Com esse acordo, o Brasil pagou à Bolívia a quantia de 2 milhões de libras esterlinas e indenizou o Bolivian Syndicate em 110 mil libras esterlinas pela rescisão do contrato de arrendamento, firmado em 1901 com o governo boliviano.

Por outro lado, o Brasil cedia algumas terras no Amazonas e se comprometia a construir a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré no trecho encachoeira do rio Madeira partindo de Santo Antônio até Guajará Mirim para que a Bolívia pudesse escoar sua produção fazendo-a chegar até o oceano atlântico.

domingo, 21 de maio de 2017

Quem eram os Soldados da Borracha

Soldados da Borracha foi o nome dados aos brasileiros que entre 1943 e 1945 foram alistados e transportados para a região amazônica pelo Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia, com o objetivo de extrair borracha para os Estados Unidos da América (Acordos de Washington) na II Guerra Mundial. O contingente de Soldados da Borracha é calculado em mais de 55 mil, sendo na grande maioria formado por trabalhadores nordestinos.
Depois de alistados, examinados e dados como habilitados nos alojamentos em Fortaleza, recebiam um kit básico de trabalho na mata, que constitui-se de: uma calça de mescla azul, uma camisa branca de morim, um chapéu de palha, um par de alpercatas, uma mochila, um prato fundo, um talher (colher-garfo), uma caneca de folha de flandes, uma rede, e um maço de cigarros Colomy. Somente ao chegar na Amazônia recebiam o treinamento para a extração da borracha.
Foi prometido aos Soldados da Borracha que, após a guerra, estes retornariam à terra de origem. Na prática, a maioria deles morreu de doenças como malária ou por influência de atrocidades da selva. Os sobreviventes ficaram na Amazônia por não terem dinheiro para pagar a viagem de volta, ou porque estavam endividados com os seringalistas.

RAÚJO, Ariadne. A Saga dos Arigós, A História dos Soldados da Borracha. Ceará, Suplemento especial do jornal O POVO, dia 21 de junho de 1998 Disponível on-lineMaio, 2011
BENCHIMOL, Samuel. Romanceiro da Batalha da Borracha. Manaus: Imprensa Oficial, 1992.

COSTA, Mariete Pinheiro. O Parlamento e os Soldados da Borracha no limiar da 2ª Guerra Mundial. Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Cefor/CD - Curso de Especialização em Instituições e Processos Políticos do Legislativo. Brasília: 2007. Disponível em PDF Maio, 2011

Os ciclo da borracha na Amazônia

Chamamos de ciclo da borracha o momento da história econômica e social do Brasil, relacionado com a extração de latex da seringueira (Hevea brasiliensis) e comercialização da borracha. Teve o seu centro de produção na região amazônia, e proporcionou expansão da colonização, atração de riqueza, transformações culturais e sociais, e grande impulso ao crescimento de Manaus, Porto Velho e Belém
Teve seu auge entre 1879 e 1912 (primeiro ciclo) e em seguida uma sobrevida entre 1942 e 1945 (segundo ciclo), por ocasião da Segunda Guerra Mundial (1939 -1945). Nos dois períodos, o governo brasileiro valeu-se da mão de obra nordestina para a extração do látex e produção da borracha, nos seringais da Amazônia.

O primeiro ciclo da borracha – 1879 a 1912
No decorrer dos primeiros quatro séculos e meio do descobrimento, as populações da vasta região amazônica viviam praticamente em isolamento, uma vez que nem a coroa portuguesa e depois, nem o império brasileiro conseguiram concretizar ações governamentais que incentivassem o progresso na região.
Vivendo do extrativismo vegetal, a economia regional se desenvolveu por ciclos, acompanhando o interesse do mercado nos diversos recursos naturais da região. A produção da borracha de forma exclusiva no período de 1879 a 1912 (primeiro ciclo) passa a gerar lucros e dividendos a quem quer que se aventurasse neste comercio.
A atividade extrativista do látex na Amazônia revelou-se de imediato muito lucrativa. A borracha natural logo conquistou um lugar de destaque nas indústrias da Europa e da América do Norte alcançando elevado preço. Isto fez com que diversas pessoas viessem ao Brasil na intenção de conhecer a seringueira e os métodos e processos de extração, a fim de tentar também lucrar de alguma forma com esta riqueza.
A partir da extração da borracha surgiram várias cidades e povoados, depois também transformados em cidades. Belém e Manaus, que já existiam, passaram então por importante transformação e urbanização e viveram seu apogeu entre 1890 e 1920. Desfrutavam de tecnologias que outras cidades do sul e sudeste do Brasil ainda não possuíam, tais como bondes elétricos avenidas construídas sobre pântanos aterrados, além de edifícios imponentes e luxuosos, como o requintado Teatro Amazonas o Palácio do Governo, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de Manaus.
Por sua vez Belém apresentava o Mercado de São Braz Mercado Francisco Bolonha, Teatro da Paz, Palácio Antônio Lemos corredores de mangueiras e diversos palacetes residenciais. Manaus foi a primeira cidade brasileira a ser urbanizada e a segunda a possuir energia elétrica - a primeira foi Belém no Estado do Pará com o período lemista.

Fim do monopólio da produção da borracha na Amazônia
A partir de 1912 a borracha oriunda da Amazônia começa a perder o monopólio da produção, uma vez que os seringais plantados pelos inglês na Malásia no Ceilão e na África tropical, com sementes oriundas da própria Amazônia, passaram a produzir o mesmo produto com maior eficiência. Com custos e preço final menor, a Ásia passa a assumir o controle do comércio mundial do produto.
Sem uma política governamental de incentivo a criação de projetos para o planejamento sustentado da região, a partir da extração do látex, o reflexo é a imediata estagnação das cidades que viviam em torno da extração e comercialização do produto. Os trabalhadores dos seringais, agora desprovidos da renda da extração, fixaram-se na periferia de Manaus em busca de melhores condições de vida.
Algumas tentativas para contornar a crise não tiveram o efeito esperado, dentre elas a criação da Superintendência de Defesa da Borracha, criada pelo governo central do Brasil e o cultivo de seringais na década de 1920, por Henry Ford com técnicas de cultivo especiais na lograram êxito.
O segundo ciclo da borracha – 1942 a 1945
Durante a Segunda Guerra Mundial a Amazônia vivenciou, embora por pouco tempo, um novo ciclo da borracha. Como o domínio forças militares japonesas no Pacífico Sul no decorrer dos primeiros meses de 1942 e a consequente invasão da Malásia, passaram a também ter o controle dos seringais. O resultado foi brusca queda de 97% da produção da borracha asiática.
Novamente o Brasil, além da grande movimentação realizada pela exportação em alta da borracha há a geração de precedentes para novos investimentos nas atividades rurais e extrativistas, no qual permitia perspectivas de propulsão e crescimento de nossa economia. Parte desse ideal surgia da necessidade de viver com os próprios recursos, a fim de estimular o crescimento da riqueza agropecuária nacional e de produtos que poderiam contribuir com suas exportações.
A minimização do problema da seca no nordeste aliada a necessidade da produção da borracha para suprir as Forças Aliadas na produção de material bélico e a colonização da Amazônia, nesta segunda momento, fazem com que o governo brasileiro de Getúlio Vargas em 1941 celebre com governo dos Estados Unidos o Acordo de Washington. Essa ação do governo brasileiro desencadeou uma operação em larga escala de extração de látex na Amazônia. Essa operação que ficou conhecida como a Batalha da Borracha.
Como os seringais estavam abandonados e mais de 35 mil trabalhadores permaneciam na região, o grande desafio de Getúlio Vargas então presidente do Brasil, era aumentar a produção anual de látex de 18 mil para 45 mil toneladas, como previa o acordo. Para isso seria necessária a força braçal de 100 mil homens.
A saída foi o alistamento compulsório no ano de 1943 de trabalhadores nordestinos realizado pelo Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (SEMTA), com sede em Fortaleza, capital do Ceará, criado pelo então Estado Novo.
Esse movimento levou milhares de trabalhadores de várias regiões do Brasil a serem compulsoriamente levados à escravidão por dívida e à morte por doenças tropicais, desconhecidas até então ou para as quais não possuíam imunidade. Só da região nordestina foram para a Amazônia 54 mil trabalhadores, sendo 30 mil deles apenas do Ceará.
Esses novos seringueiros receberam a denominação de Soldados da Borracha, numa alusão clara de que o papel do seringueiro em suprir as fábricas nos EUA com borracha era tão importante quanto o de combater o regime nazista com armas. Novamente Manaus experimenta um novo crescimento econômico e populacional e a região revive a sensação de riqueza e de pujança com o fortalecimento da economia.
Com final da Segunda Guerra Mundial o Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia foi extinto e um grande contingente de imigrantes, os chamados Soldados da Borracha, ficaram entregue à própria sorte.

http://istoe.com.br/144519_HISTORIAS+INEDITAS+DA+FERROVIA+DO+DIABO/

A borracha e sua importância no século XIX

A borracha e sua importância no século XIX

A grande importância da borracha na indústria se desde o início da Revolução Industrial, no século XVIII. A industrias de máquinas e equipamento e outras de bens de consumo, sempre usaram o derivado do latex como um dos componentes dos seus produtos.
No entanto a grande necessidade pelo uso da borracha surge mesmo no final do século XIX, quando a recém-criada indústria de automóveis estava em plena expansão. A corrida das empresas e da classe média para adquirir o meio de transporte do momento, fizeram com que a demanda pela matéria prima para a fabricação de pneus aumentasse significativamente.
O uso da borracha como matéria prima industrial para a fabricação de pneus se deve aos estudos realizados pelo cientista Charles Goodyear, que desenvolveu o processo de vulcanização, através do qual a resistência e a elasticidade da borracha foram sensivelmente aprimoradas. A região amazônica, uma das maiores produtoras de látex, aproveitou do aumento transformando-se no maior polo de extração e exportação de látex do mundo. No período de três décadas, entre 1830 e 1860, a exportação do látex amazônico foi de 156 para 2.673 toneladas.
Esta rápida expansão da produção de borracha atraiu uma grande quantidade de trabalhadores para a região, principalmente, nordestinos que fugiam da seca que assolava a região e estavam em busca de emprego e melhores condições de vida. O crescimento econômico da região amazônica foi acompanhado de significativo desenvolvimento urbano. Muitas cidades surgiram e outras se desenvolveram como, por exemplo, Manaus, a capital do estado do Amazonas.
Na década de 1910, empresários holandeses e ingleses entraram no lucrativo mercado mundial de borracha. A produção em larga escala e a custos baixos na Ásia (Ceilão, Indonésia e Malásia) fez com que, no começo da década de 1920, a exportação da borracha brasileira caísse significativamente. Chagava assim, o fim do ciclo da borracha no Brasil. Muitas cidades se esvaziaram, entrando em plena decadência.


SOUSA, Rainer Gonçalves. "Ciclo da Borracha"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/historiab/ciclo-borracha.htm>. Acesso em 23 de outubro de 2016.

Da Amazônia para o mundo

A extração e comercialização da borracha na região amazônica no século 19 constituiu uma parte importante da história econômica e social do Brasil. Com a Revolução Industrial, na Europa, a borracha, até então produzida apenas na Amazônia, foi um produto bastante procurado e valorizado pelo mercado internacional.
Nesse período a borracha da Amazônia era matéria prima para muitas empresas estrangeiras. Diante das circunstâncias, o governo brasileiro colocou à venda diversas propriedades no início do século 20, ocorrendo que em 1927, o americano Henry Ford foi o primeiro a comprar terras no vale do Rio Tapajós para produzir os pneus de seus próprios automóveis. A Fordlândia, nome dado por seu comprador recebeu investimento de 125 mil dólares para a exploração dos seringais.
Em pouco tempo, diante das dificuldades do cultivo das seringueiras devido a região ser montanhosa e o solo arenoso, e ainda pela incidência do ataque de um fungo até então desconhecido pelos americanos, a empreitada ocasionou sérios prejuízos para a Companhia Ford Industrial do Brasil.
Na tentativa de recuperar os prejuízos, em 1934, a Ford transferiu-se para Belterra, município de Santarém. Alguns anos se passaram e a mudança não trouxe os resultados esperados. A baixa produtividade, falta de critérios técnicos, queda na demanda mundial por borracha e a produção sintética do produto levaram ao fracasso dos americanos na região do Tapajós, em 1945.

 

O Ciclo da Borracha. http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/ciclo_borracha.htm

Michelle Magri – Estudante de jornalismo da Universidade Nove de Julho (UniNove) e integrante do 5° módulo Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter, realizado pela Oboré.

Exploração Da Borracha Na Amazônia Foi Um Marco No Século 19


https://www.ecodebate.com.br/2011/06/08/exploracao-da-borracha-na-amazonia-foi-um-marco-no-seculo-19/

sábado, 29 de abril de 2017

Rondônia: o Vale do Rio Guaporé-Mamoré

O vale do rio Guaporé-Mamoré


A partir do século XVI vários representantes da coroa portuguesa se aventuraram pelas terras, hoje conhecida como Amazônia, cujo o intuito era ocupar os vales do Madeira-Guaporé-Mamoré e extrair os recursos valiosos, como ouro e as drogas do sertão. A ocupação se deu pela ação exploratória dos bandeirantes e pela presença militar, comprovada pelas inúmeras construções fortificadas, necessária para conter os conflitos com os indígenas e com os espanhóis, que também estavam ocupando a região de oeste para leste.
Para fazer frente a essas investidas, Dom Antônio Rolim de Moura, antes da assinatura do Tratado de Madri, recebeu a incumbência de povoar a região do Guaporé. Criou-se para isso a capitania de Mato Grosso, que sob sua coordenação, dentre outras ações, serviria para estruturar a capital daquela província denominada de Vila Bela da Santíssima Trindade, assegurando a presença portuguesa e como importante ponto de coleta de impostos sobre a mineração na região.
Ocorre que no final do século XVII, com a decadência da mineração, o vale do Guaporé foi sendo abandonado, seja por mineradores que procuravam regiões mais ricas ou pela falta de investimentos. Como a economia girava em torno da mineração, outro tipo de produção econômica era praticamente inexistente. O pouco que se produzia na agricultura e na pecuária até o século XVIII, praticamente de subsistência.
Sem prosperidade nos setores agrícolas, pecuária e nos engenhos havia falta de gente, de comida, de gado e de minerais valiosos. O que ficou foi tão somente escravidão e penúria. O abastecimento da região, inicialmente era feito através de caravanas paulistas. No entanto, depois de 1754, passou a ser feito a partir de Belém, pelos rios Amazonas, Madeira, Mamoré, Guaporé. Mas isso só depois de 1754, quando foi franqueada a navegação.
Ocorre que a partir do séc. XVIII, o Vale do Guaporé transformou-se em abrigo de indesejáveis e depósito dos proscritos do sistema. Uma forma de prisão onde os desclassificados poderiam ser úteis para o poder. Brancos endividados e criminosos viriam a ser a elite dos colonizadores do vale. Em contrapartida o conjunto de anônimos era formado por indigentes de outras áreas, prevalecendo a população negra e mestiça e uma elite branca.
As péssimas condições sanitárias somadas ao ambiente natural hostil, tornavam a região propicia para um elevado número de doenças como malária, corruções, febres catarrais, pneumonia, diarreia, tuberculose, febre amarela, tifo e cólera. A falta de acesso ao tratamento dessas doenças as tornavam sinônimo de morte aos que eram acometidos por essas enfermidades.
Vivendo em condições insalubres os escravos do vale do Guaporé tendiam a se revoltar, tanto de forma individual como coletiva. Durante a segunda metade do século XVII eram comuns as fugas de escravos, e a formação de quilombos. Entre os quilombos daquela época se destacou o de Quariterê que existiu de 1752 a 1795, ano em que foi destruído.
Entre as principais causas de decadência do vale do Guaporé podem ser mencionadas: insalubridade, decadência do ouro, dificuldade de acesso e permanência e hostilidade indígena. Além disso nas primeiras décadas do século XIX a capital foi transferida para Cuiabá, onde os capitães generais já passavam a maior parte do tempo. A partir desse momento, Vila Bela de Santíssima Trindade foi deixada para trás, ficando no local apenas os negros abandonados à própria sorte.



O Real Forte Príncipe da Beira

A construção do Real Forte Príncipe da Beira teve como objetivo assegurar o domínio português, na margem direita do Guaporé permitindo a vigilância dos rios Guaporé e Paraguai. Sua obra foi iniciada no ano de 1776, no governo de Luiz Cáceres e finalizada somente em 1783. O fim do Ciclo do Ouro, no Vale Guaporé, e a Proclamação da República deram esquecimento ao Forte. Não havia mais interesse em manter uma fortaleza na Amazônia.
O Forte Príncipe da Beira não é apenas uma grande fortaleza, ele representa a potência portuguesa ao construir uma obra faraônica na região, com a intenção de defender os limites portugueses, no auge do Ciclo do Ouro, e também vigiar sua inimiga, a Espanha que tencionava atingir o Oceano Atlântico através dos rios Guaporé e Paraguai.
Esta imponente obra de 970 metros de extensão e 10 metros de altura, no coração da Amazônia, nem mesmo chegou a ser utilizada como base militar. A demora nas comunicações viria a impedir que a Capitania de Mato Grosso tomasse conhecimento do tratado de Ildefonso, firmado entre Portugal e Espanha. O tratado legitimava o domínio da margem direita do Guaporé a Portugal, tornando desnecessária a empreitada, entretanto, o comunicado chegaria a Vila Bela, com atraso de ano.
A disputa entre Portugal e Espanha vem de 1750, através do tratado firmado entre os dois reinados, que defendia as linhas de fronteira do rio Guaporé. O Forte Príncipe não foi a primeira construção dessa envergadura na região, no entanto, foi a mais dispendiosa e demorada, pois deveria impor respeito ao inimigo, por sua localização estratégica.
Somente em 1914, através de Marechal Cândido Rondon o forte voltaria a ser lembrado, depois de servir durante muitos anos como presídio e asilo dos extraditados de Portugal.

Luiz de Cáceres chegaria na capitania depois de longos 13 meses de viagem, iniciando a construção da fortaleza sobre forte pressão política de seu rei e da proximidade do inimigo. “A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei...”, escreveria em 1776, ano em que foi iniciado a construção do Forte. As dificuldades impostas pelas distâncias fluviais; a ausência de mão-de-obra especializada, e a ineficiente comunicação com Portugal castigavam, mais não desencorajam a coroa portuguesa que prosseguia com a obra.
Somente em 1914, através de Marechal Cândido Rondon o forte voltaria a ser lembrado, depois de servir durante muitos anos como presídio e asilo dos exilados de Portugal.

CARNEIRO. Neri de Paula. A Colonização Do Vale Do Guaporé. http://www.webartigos.com/artigos/a-colonizacao-do-vale-do-guapore/5116/#ixzz4NrMQUSQW. Acesso em 22 de outubro de 2016.
http://rondoniaemsala.blogspot.com.br/ - Acesso em 22 de outubro de 2016.

Rondônia: ocupação e povoamento

Conceito de espaço geográfico

Como você já sabe, a Geografia é a ciência que estuda o espaço geográfico. Neste sentido iniciamos nossa discussão estabelecendo alguns conceitos sobre espaço geográfico para entendermos a dinâmica da ocupação e do povoamento do Estado de Rondônia.
Das muitas definições de espaço, destacamos o conceito de Lefebvre (1976) que afirma: do espaço não se pode dizer que seja um produto como qualquer outro, um objeto ou uma soma de objetos, uma coisa ou uma coleção de coisas, uma mercadoria ou um conjunto de mercadorias. Não se pode dizer que seja simplesmente um instrumento, o mais importante de todos os instrumentos, o pressuposto de toda produção e de todo o intercâmbio. Estaria essencialmente vinculado com a produção das relações (sociais) de produção. (p.34).
Ancorada nas proposições de Lefebvre, Milton Santos (2002), geógrafo brasileiro encontra a base para a construção do conceito de espaço geográfico afirmando ser o mesmo “formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá”.
Em outras palavras, Espaço Geográfico, portanto, é o espaço habitado, transformado e utilizado pelo ser humano. É composto pelos seres humanos e todas as suas obras e os meios naturais que interferem em suas atividades, como as cidades, as plantações e o meio rural, as indústrias, os objetos, os rios, os climas etc. O processo pelo qual o homem transforma e habita o meio em que vive é chamado de produção do espaço geográfico.

Ocupação do espaço brasileiro

O território brasileiro está localizado, quase em sua totalidade, no hemisfério sul, mais precisamente 93% do território, e no hemisfério norte 7%. Nosso país está estabelecido no ocidente, ou seja, a oeste do meridiano de Greenwich, além disso, é cortado ao norte pelo paralelo do Equador. Encontra-se na zona intertropical, zona temperada sul e no Trópico de Capricórnio. Compõe o conjunto de países da América do Sul e faz fronteira com todos os países dessa porção do continente americano, exceto Equador e Chile.
Quanto à extensão territorial, ocupa o quinto lugar do mundo, por isso é considerado um país de dimensão continental, o espaço geográfico ocupado representa 5,7% das terras emersas do planeta, com uma área de 8.514.876,6 km2. Sua ocupação foi iniciada a partir do século XV pelos portugueses a partir do litoral nordestino. Segundo CHISTOFOLETTI (1991) a ocupação brasileira foi realizada por etapas sendo:
a)    1ª etapa: a ocupação da costa litorânea;
b)    2ª etapa: ocupação do interior do país em relação a oeste.

Neste contexto dizemos que o desenvolvimento e a ocupação do território brasileiro foram acontecendo e se modificando de acordo a mudança das atividades econômicas, do litoral para o interior. Uma expansão alicerçada na exploração econômica do território desde os momentos iniciais do processo de colonização pelos portugueses que foi determinante para a sua configuração espacial, econômica e sociocultural.

Povoando o interior do Brasil
Até a terceira década do século XIX, o Brasil foi colônia de Portugal. Desse fator podemos atribuir o seu processo histórico de povoamento. Assim temos desde esse período a concentração populacional na área litorânea que também influencia à dependência econômica do país em relação aos centros mundiais do capitalismo.
Da mesma forma podemos considerar que a extensão territorial do país nos dias atuais é fruto de sucessivas expansões das áreas coloniais portuguesas na América. Posteriormente, com o Brasil já independente, temos inúmeras ações de da população que passaram a migrar para oeste em busca de melhores condições de vida, alimentada de certa forma por políticas governamentais.
Se compararmos o território atual do país com área de colonização portuguesa no século XVI, delimitada pelo Tratado de Tordesilhas, percebe-se que aquela área praticamente triplicou, pois sequer chegavam a um terço dos atuais 8,5 milhões de km2.
Em síntese, a ocupação do território brasileiro inicia com pequenos arraiais espalhados em diversas localidades. São ocupações que historicamente passam a acontecer por ocasião da necessidade europeia de ampliar o comercio, resultando na procura de novos produtos, e consequentemente, de novas áreas a serem exploradas para essa finalidade.
A consequente expansão do povoamento brasileiro, do litoral para o interior, a partir do século XVI, traz consigo uma série de implicações sociais, mas acima de tudo econômica, como por exemplo, a transferência da pecuária, que antes se desenvolvia na Zona da Mata nordestina, para o sertão nordestino.
Assim, em relação ao povoamento do interior do território brasileiro, temos:
a)    Século XVII – Ocorrem as primeiras expedições denominadas bandeiras, que povoaram em grande escala o território brasileiro, principalmente nas extremidades do rio Amazonas, do rio São Francisco e do sertão nordestino.

b)    Século XVIII – Há grande aumento na população, fato causado pela descoberta de ouro e pedras preciosas em regiões hoje formam os estados de: Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia.

c)    Século XIX - Significativa expansão territorial na qual os territórios ao sul tornaram-se inteiramente povoados motivados pelo cultivo do algodão e do café.
d)    Início do século XX – Surgem grandes movimentos de desbravamento e povoamento de novos espaços territoriais, conhecido frentes pioneiras que teve inicio em São Paulo. Esse processo foi baseado na economia que girava em torno do café, que necessitava de mais lugares para sua lavoura.
Outros motivos de grande importância para o povoamento do interior do país foram a expansão ferroviária, a colonização por imigrantes no Sul, a Marcha para o Oeste (que foi um movimento de ocupação do Centro-Oeste) e o aproveitamento agrícola das áreas do cerrado para o cultivo da soja e para a criação de gado.

As bases para a ocupação humana do espaço rondoniense
O processo histórico da ocupação e povoamento do espaço geográfico que atualmente constitui o estado de Rondônia, remete ao século XVIII, nos vales dos rios Guaporé e Madeira. Advém das entradas e bandeiras formadas por mineradores, comercializadores, militares e padres jesuítas.
Desde de então, inicia-se a formação populacional do estado que em nada foge à semelhança com os demais, distribuídos ao longo do território brasileiro. Uma população que tinha como base os brancos, negros e índios. Mais tarde, em decorrência dos vários ciclos de produção econômica, ocorrem também várias fases de atração migratória onde diversos povos e raças irão também constituir o elemento humano rondoniense.
Ainda no século XVIII, quando o topo da sociedade na região é formado por portugueses e comerciantes paulista, o ciclo da produção aurífera entra em declínio fazendo com que haja um intenso esvaziamento das vilas, arraiais e cidades que surgiram em torno dessas minas. Ficam apenas os negros remanescentes do escravismo, os mulatos e os índios já aculturados.

Ciclos econômicos
Passado o primeiro ciclo econômico do ouro, outros, a partir do século XIX irão constituir a produção de riqueza para o estado e atrair pessoas oriunda do próprio território brasileiro, como de outras nações. Cronologicamente, os ciclos econômicos em Rondônia aconteceram da seguinte forma:
Ø  Descobertas de ouro no rio Corumbiara, afluente da margem direita do rio Guaporé, a partir de 1744. Nessa mesma época houve também o período exploratório das drogas do sertão.
Ø  Primeiro ciclo da borracha por volta de 1877.  Migração de uma grande leva de nordestinos para o vale do Madeira e seus afluentes: rio Machado ou Ji-Paraná, Mamoré, Guaporé e Jamari. Em função do primeiro ciclo da borracha têm-se a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em 1872 (Tratado de Petrópolis) e das Linhas telegráficas em 1909.
Ø  Segundo ciclo da borracha iniciado em 1942, ocasião da Segunda Guerra Mundial. Foi neste período que surgiu o soldado da borracha. Os vales amazônicos foram novamente ocupados novamente em grande maioria por nordestinos.
Ø  Extração da cassiterita em 1952. A descoberta da existência de estanho foi importante, particularmente, para a economia regional de Porto Velho.
Ø  Extração de diamante na década de 1950, no vale do rio Machado, nas proximidades de Vila Rondônia, atual cidade de Ji-Paraná, e Pimenta Bueno (curto de período de duração).
Ø  Construção da BR-364 iniciada em 1956 e concluída em 1966 dá início ao ciclo da agricultura, momento em que o governo federal passa a fazer investimentos maciços em projetos e colonização como forma de atrair uma grande massa de pessoas para a região.
Ø  Extração do ouro no rio Madeira iniciado em 1978. Teve seu apogeu na década de 1980, e a partir da década de 1990 inicia o declínio da sua extração.
Ø  Construção da Usina Hidrelétrica de Samuel iniciada em 1982 e concluída (ultima turbina em funcionamento) em 1996.
Ø  Construção das UHEs de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, iniciada em 2008 e concluída em 2016. São consideradas fundamentais para o suprimento de energia elétrica no Brasil e estão entre as obras mais importantes do Governo Federal atualmente.

O vale do rio Madeira
O rio Madeira nasce com o nome de rio Beni na Cordilheira dos Andes, na Bolívia. Desce das cordilheiras dos andes em direção ao norte onde recebe o rio Mamoré-Guaporé tornando-se o rio Madeira, um rio de planície com 1056 km de extensão que marca a fronteira entre Brasil e Bolívia até o seu encontro com o rio Abunã. Deste ponto em diante, segue em direção a noroeste, desaguando no rio Amazonas.
Seu nome é atribuído ao fato do mesmo, no período das chuvas, ter o seu nível elevado ocasionando a inundação de grandes áreas da planície florestal, arrastando troncos e restos de madeira. Historicamente sabemos que os primeiros relatos sobre o atual rio Madeira são atribuídos aos portugueses, quando a partir do ano de 1542, Francisco Orellana, vindo dos Andes (Peru), descendo o rio Amazonas, passou em sua foz e o denominou de rio Grande.
Mais tarde Nuflo de Chavez saindo de Santa Cruz de La Sierra dos Moxos conhecida atualmente como República da Bolívia, em 1560, percorreu todo o curso do rio Madeira desde o local se sua formação, na confluência dos rios Beni e Mamoré, até a sua foz na margem direita do rio Amazonas. Vale ressaltar que os holandeses possuidores de colônias no norte da Amazônia desde o ano de 1615, já possuíam conhecimento sobre a região, e mantinham o comércio da compra de especiarias nativas com os indígenas do seu baixo curso.
Mais tarde, em 1637, saindo da Vila de Cametá no Grão-Pará, Pedro Teixeira, chefiando uma expedição portuguesa com destino a Quito, Vice-Reino do Peru, subiu o rio Amazonas. Ao passar pela foz do rio Madeira, foi informado pelos indígenas habitantes da ilha de Tupinambarana (Parintins), que aquele era o rio Cayari em cujas margens habitavam várias nações indígenas. Em vista a grande quantidade de troncos de madeiras flutuando em suas águas, Pedro Teixeira o registrou em seu diário de viagem com o nome de rio Madeira.
Por sua vez, o bandeirante Antônio Raposo Tavares em 1650, percorreu desde o local de sua formação até a sua foz na margem direita do rio Amazonas, dando conhecimento à metrópole (Lisboa) de sua extensão, dos habitantes localizados nas suas margens e do seu provável potencial econômico. Assim, a ocupação portuguesa foi consolidada na região que já vinha tendo contato desde 1640, através dos padres jesuítas.
Com o objetivo de centralizar a catequese dos indígenas, apoiar a conquista do vale do rio Madeira e impedir que os índios continuassem a comercializar com os holandeses assentados no rio Negro as ações dos jesuítas no baixo curso do rio, tendo a frente Padre Manoel Pires e padre Grazoni, culmina com a fundação em 1669 da missão de Tupinambarana. Desse local, se expande para as diferentes aldeias indígenas situados em todo o seu vale, apesar da resistência dos nativos.
Apesar disso muitas atividades missionárias e comercias se expandiam ao longo do vale do rio Madeira. Dentre as mais importantes, a chefiada pelo padre jesuíta João Sampayo, que em 1712 se estabeleceu na aldeia indígena de Canumã, erigindo igreja e casas. Mais tarde em 1728, Sampayo funda um novo núcleo de povoamento entre a cachoeira de santo Antônio e a foz do Jamarí. Dessa forma, à medida que a catequese ia se concretizando ao longo dessa região, as possibilidades de ocupação vão se tornando real. A região era riquíssima em drogas do sertão e, acima de tudo em cacau. 
Ao termino do século XVIII, o curso do rio, assim como o seu vale já eram bastante conhecidos e integrava a rota fluvial de abastecimento dos grandes arraiais auríferos do alto Guaporé e Vila Bela/MT e para a exportação desse produto para Portugal via Belém-do-Grão-Para. Da mesma forma, constituía uma área muito rica em especiarias vegetais de alto valor comercial, com destaque para o cacau nativo.

 

LIMA, Abnael Machado de. Descobrimento e Colonização do Vale do Rio Madeira. http:// gentedeopiniao.com/noticia/descobrimento-e-colonizacao-do-vale-do-rio-madeira/32395. Acesso em 22 de outubro de 2016.


RONDÔNA. Atlas Geoambiental de Rondônia. Porto Velho. SEDAM, 2002.

MORET, Artur de Souza e SILVA, Luciane Lima Costa. O Rio Madeira, uma Sociedade e a Indústria de Energia: a construção das usinas hidrelétricas e os impactos e intervenções na sociedade. Boletim do Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego, Campos dos Goytacazes/RJ, v. 4, n. 2, p. 11-31, jul. / dez. 2010.

 

CAMPANA, Ana. Aspectos Econômicos de Rondonia. http://rondoniaemsala.blogspot.com.br/2011/09/aspectos-economicos-de-ro.html. Acesso em 22 de outubro de 2016.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

A GEOGRAFIA E SEUS CONCEITOS

Os estudos geográficos remontam ao pensamento grego da antiguidade. Por isso, a Geografia, pode ser considerada como um dos saberes mais antigos que existem no mundo. Enquanto ciência é produto dos grandes embates políticos e científicos que dominaram as relações de poder entre os alemães e franceses nos séculos XVIII e XIX para enfim adquirir objeto e conceito próprio de ciência.  Para Capel (1981) e Christofoletti (1985), foram longos caminhos percorridos, enquanto história natural ou filosofia natural, tendo iniciado sua estruturação com as obras de Alexandre Von Humboldt (1769-1859) e de Carl Ritter (1778-1859).

Atualmente, contamos com representantes de várias correntes que formam a evolução do pensamento geográfico. No entanto, é consenso para a maioria dos estudiosos que no processo de ensino da Geografia é importante considerar três conceitos fundamentais: as categorias geográficas (espaço, paisagem, lugar, território e região), o tempo (geológico e histórico) e a escala (dimensão dos fenômenos). Isso sem deixar de ressaltar o espaço virtual, uma nova dimensão da geografia no contexto atual, no qual as relações em um determinado lugar (físico) ganham diversas representações no espaço da internet (virtual) permitindo a observação critica em tempo real da dinâmica do planeta.