segunda-feira, 22 de março de 2021

A colonização do Vale do Guaporé

Ainda no século XVI representantes da coroa portuguesa se aventuraram pelas brenhas amazônicas, tendo, passado pelos vales do Madeira-Guaporé-Mamoré. Na realidade se pensava em utilizar essa região como ponte de passagem e ligação entre as colônias do Sul e as do extremo Norte. Uma ligação extremamente arriscada e difícil de ser realizada.

Fonte: https://www.manyfoto.com/br/br/Vila_Bela_da_Sant%C3%ADssima_Trindade,mt.html

Um dos primeiros passos de Portugal para assegurar sua posse sobre a região do Guaporé foi a ocupação desses vales, de onde extraia ouro e as drogas do sertão. Essa ocupação se deu pela ação dos bandeirantes que, ao mesmo tempo, explorava e ocupava. Além disso, a ocupação se realizou pela presença militar o que pode ser comprovado pelas inúmeras construções fortificadas.

Era necessária, entretanto uma ocupação estável, para assegurar a posse. Somente as expedições aprisionando indígenas e colhendo as drogas do sertão não assegurava a presença 8 colonizadora e definitiva. Ale disso, não cessava a constância dos conflitos, tanto com os índios como com os castelhanos, que também estavam ocupando a região de oeste para leste.

Foi com vistas nessa presença constante que, ainda antes da assinatura do Tratado de Madri, Dom Antônio Rolim de Moura recebeu a incumbência de povoar a região do Guaporé. Nessa ocasião foi criada a capitania de Mato Grosso e Rolim de Moura coordenou a estruturação da capital daquela província, às margens do Guaporé. E a cidade, Vila Bela da Santíssima Trindade, além de assegurar a presença portuguesa, seria um ponto de coleta de impostos sobre a mineração.

Em 1734, quando da descoberta de ouro nas proximidades do Guaporé a produção do Moto Grosso já estava em declínio. Para melhor explorar os novos locais o governo da capitania de São Paulo promoveu uma "guerra justa" conta os índios a fim de conseguir escravos para a mineração. Essa empreitada, como outras tantas, dizimou alguns grupos indígenas.

Parte do texto: A colonização no Vale do Guaporé Fonte: CARNEIRO. Neri de Paula Carneiro Disponível em: https://www.webartigos.com/artigos/a-colonizacao-do-vale-do-guapore/5116/ Acesso em: 20 de fevereiro de 2017.

MEU IDEAL SERIA ESCREVER

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!” E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria – “mas essa história é mesmo muito engraçada!”

Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má- vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.

Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera, a minha história chegasse – e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria, que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse – “por favor, se comportem, que diabo! eu não gosto de prender ninguém!” E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.

E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em Dublin, a um japonês, em Chicago – mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente, e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: “Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la: essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem: foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto: sim, deve ser uma história do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento: é divina.”

E quando todos me perguntassem – “mas de onde é que você tirou essa história?” – eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi, por acaso, na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: “Ontem ouvi um sujeito contar uma história...”

E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.

(Rubem Braga. 200 Crônicas Escolhidas 2 ed. Rio de Janeiro: Record, 1978, p. 287-8).

terça-feira, 16 de março de 2021

O ensino híbrido

ensino híbrido, ou blended learning, é uma das maiores tendências da Educação do século 21. Caracteriza-se pela promoção da mistura entre o ensino presencial e propostas de ensino online, ou seja, integrando a Educação à tecnologia, que já permeia tantos aspectos no dia-a-dia da vida do estudante.

https://acebqualifica.org.br/ensino-hibrido-ganha-espaco-na-educacao-basica/

No entanto, não basta colocar computadores na escola e deixar os estudantes ali sem qualquer orientação. O ensino híbrido é uma mistura metodológica que impacta a ação do professor em situações de ensino e a ação dos estudantes em situações de aprendizagem.

Para isso, a adoção do ensino híbrido em um nível mais profundo exige que sejam repensadas a organização da sala de aula, a elaboração do plano pedagógico e a gestão do tempo na escola. Dessa forma, o papel desempenhado pelo professor e pelos alunos sofre alterações em relação à proposta de ensino tradicional e as configurações das aulas favorecem momentos de interação, colaboração e envolvimento com as tecnologias digitais.


Neste contexto, e por ser essa, uma ação inovadora e desafiadora para as instituições de ensino, as dúvidas são frequentes nas conversas com especialistas educacionais e principalmente com os pais de alunos. Essa deve ser uma prática que vai combinar os diferentes espaços (escola-casa), fazendo uso da tecnologia para coletar dados e proporcionar o ensino personalizado para o estudante a partir das suas necessidades, potencialidades e interesse.


As vantagens são inúmeras e aquelas que a gente já conhece: o ritmo de aprendizagem é individualizado, o próprio estudante está no centro do seu estudo e, claro, o desenvolvimento da autonomia. É indispensável que em um regime como este o aluno tenha independência e, deste modo, também aprenda a aprender.


A ideia é o aluno ter contato prévio com o tema das aulas antes de, necessariamente, se debruçar sobre o assunto. Diante disso, faz parte do ensino entender no que cada ambiente pode contribuir e empregá-los a favor da aprendizagem. Então, se um aluno ou a classe está com dificuldade em alguma disciplina, é possível oferecer materiais de apoio enquanto eles estão em casa e aplicar atividades presencialmente na escola para acompanhar, auxiliar, e se preciso, corrigir.


Na preparação das aulas e materiais mudam-se os formatos, agora, temos vídeos, jogos, apresentações em multimídia, mas a lógica por trás do planejamento segue a mesma. Tais como: objetivos de aprendizagem definidos; diagnóstico do ponto de partida do aluno; conhecimento sobre a turma; coleta de dados e intervenções. 


Textos de apoio: 

https://mail.google.com/mail/u/0/?tab=rm&ogbl#inbox/FMfcgxwLswJRLRGCrZtMVtGbWhxrmsNx;

https://novaescola.org.br/conteudo/104/ensino-hibrido-entenda-o-conceito-e-entenda-na-pratica

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Novas Tecnologias: Conceito

Etimologicamente, o significado e emprego da palavra tecnologia tem sua origem na união do termo tecno, do grego techné, significa ‘saber fazer’, e logia, do grego logus, que designa ‘razão’. Assim, o conceito de tecnologia é entendido por muitos pesquisadores, e principalmente pelos filósofos, como a razão daquilo que o homem domina e sabe realizar em benefício de sua própria existência (RODRIGUES, 2001, p. 75). Isto é, o conceito de tecnologia designa os estudos da técnica, ou seja, o estudo do ato de modificar, de criar, de explorar, de transformar e agir do ser humano em prol de sua condição de vida social, cultural, geográfica e econômica.

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Nesta perspectiva, Vargas (1999, p. 85) explica que: O uso da palavra tecnologia referindo-se à máquina, equipamentos, instrumentos e sua fabricação, ou a utilização ou manejo deles. É verdade que há uma tecnologia embutida em qualquer instrumento e implícita em sua fabricação; mas isso não é razão para se considerar o saber embutido num objeto, ou implícito na sua produção, com o próprio objeto de indústria. Deriva desse mal uso o emprego da palavra tecnologia para significar a organização, o gerenciamento e, mesmo, o comércio de aparelho. Por uma razão ou outra essa confusão apareceu na área da computação e da informática, onde a máquina é tão importante quanto o saber de onde ela se originou. Há, então, o perigo de se confundir toda a tecnologia, isto é, o conhecimento científico aplicado às técnicas e aos seus materiais e processos com uma particular indústria e comércio.

Consensualmente, vale lembrar que a tecnologia para o senso comum é o mesmo que técnica, geralmente, algo que é moderno vinculado ao mundo eletrônico e digital. Nesta polarização das discussões em torno da tecnologia, encontramos sustentação filosófica no pensamento de Álvaro Vieira Pinto (2005), o qual salienta que a tecnologia permeia todas as fases da história da humanidade e deve ser compreendida não só como resultado de interação humana, mas também como ferramenta de poder a serviço da classe dominante. Para entendermos a fundo a ideia de tecnologia empregada pelo autor, é pertinente pensarmos a partir de três acepções apontadas por ele, tais como: ciência da epistemologia da técnica ou logos da tecnologia, instrumento de dominação e ideologia.

 

Texto do Livro: Tecnologia da Informação e Comunicação no Ensino de Geografia
Autor: Prof. Luiz Martins Junior

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

A invenção do Estado de Rondônia

A invenção do Estado de Rondônia A partir da década de 1960 se planejou e executou projetos governamentais de colonização e de ocupação da Amazônia. E isso funcionou como uma espécie de plano estratégico de governo. Criou-se, inclusive um slogan: “Integrar para não entregar”. Eram políticas muitas bem delineadas para efetuar a ocupação de grandes áreas em diferentes regiões da Amazônia, todas dentro da mesma proposta de integração. Destacam-se dois empreendimentos: a construção da rodovia Transamazônica e a ocupação de Rondônia. Ressaltando que essa ocupação regional ocorreu principalmente para aliviar conflitos que se intensificavam no Sul-Sudeste.


Nos anos da década de 1970 a Amazônia, e em especial o estado de Rondônia, era um lugar privilegiado e potencialmente favorável para ser transformado em paraíso terrestre, a terra prometida, novos tempos, uma nova utopia, um novo encorajamento para mudar, mexendo no imaginário das pessoas que em levas constantes deslocaram-se para estas paragens em busca da materialização de antigos sonhos. E quem era esse homem? Um retirante que via nestas paragens a possibilidade de resolver sua vida, mudar, ascender, melhorar de vida! O homem que respondeu ao chamado era vítima de um projeto maior que amarrou os sonhos individuais num sonho coletivo. 

Pode-se dizer que o brasileiro que fez Rondônia trouxe a bagagem enrolada num saco que atado às costas se fez cacaio. A partir disso é que se pode dizer: os que inventaram Rondônia foram as elites, mas quem a construiu foram os deserdados da terra. Aqueles que por algum motivo precisavam deixar seu lugar de origem e migrar, buscando um lugar para sustentar-se e manter viva a família, e o sonho. Dessa forma apareceram as várias cidades, em Rondônia. 

O que foi a invenção de Rondônia? A divulgação de fartura de terras e obras de infraestruturas. Noutros estados se dizia de Rondônia: terras férteis e fartas, possibilidade de acesso à terra, arremedo de reforma agrária; falava-se das estradas, telecomunicações, escolas e todo aparato promovido para maquiar e embelezar o que era um grande espaço verde feito de nada. Mas não se resolveu o problema e o processo não parou. E vão sendo criados, constantemente, novos projetos e novas propostas são apresentadas.

E o homem que faz Rondônia permanece migrante e carregando uma espécie de chama ardente que o impulsiona para novas frente em busca do desconhecido, norteado pela “esperança em dias melhores”. Dá até para dizer que em muitos casos migrar é um projeto de vida. Um projeto que a bem da verdade foi fomentado e aguçado pela ideologia de ocupação disseminada pelo Estado autoritário. E hoje muitos dos que migraram e fizeram nascer as várias cidades de Rondônia continuam sendo migrantes. Alguns para outras regiões do estado e outros para outros estados. Todos na eterna busca do sonho da terra fácil, farta, fértil, própria para colher vida melhor.


                            Texto retirado do artigo “A invenção de Rondônia”. Autor: Neri de Paula Carneiro Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/historia-do-brasil/a-invencao-rondonia.htm. Acesso em 20 de dezembro de 2017

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Aspectos da Educação Integral

 A Educação Integral, como formação do ser humano, agrega-se à ideia filosófica de homem integral, realçando a necessidade de desenvolvimento integrado de suas faculdades cognitiva, afetivas, corporais e espirituais, resgatando, como tarefa prioritária da educação, a formação do homem, em todas as suas dimensões bio-psicossocial-culturais. Nessa perspectiva a educação visaria à formação e o desenvolvimento global e não apenas o acúmulo informacional. A educação deve responder a uma multiplicidade de exigências do próprio indivíduo e do contexto em que ele vive.

A ideia da formação integral do homem como ser multidimensional exige uma composição de estratégias e alternativas políticas e pedagógicas para repensarmos o modo de funcionamento das instituições educativas, com o objetivo de colocá-las a favor da lógica da inclusão e da formação integral das crianças e adolescentes.

Remete a um campo de responsabilidades compartilhadas, que pressupõe trocas e a busca constante de parcerias, comprometidas, direta ou indiretamente, com a garantia dos direitos da criança e do adolescente. Concebe os vários espaços como potencializadores do aprender e ensinar e que as ações, por meio da Educação Integral, podem e devem fortalecer as políticas públicas, respeitando e cumprindo a legislação vigente, em especial o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que reforça a obrigatoriedade do acesso e permanência na escola, como instrumento estratégico, garantindo o desenvolvimento integral de criança, adolescente e jovem.

A Educação Integral exige mais do que compromissos: impõe também e, principalmente, projeto pedagógico, formação de seus agentes, infraestrutura e meios para sua implantação. Ela será o resultado dessas condições de partida e daquilo que for criado e construído em cada escola, em cada rede de ensino, com a participação dos educadores, educandos e das comunidades, que podem, e devem contribuir para ampliar os tempos e os espaços de formação de nossas crianças, adolescentes e jovens na perspectiva de que o acesso à educação pública seja complementado pelos processos de permanência e aprendizagem.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Novas tecnologia na educação: a escola globalizada

 A melhor maneira de aprender é aquela aonde a cada passo vão sendo elaborados os conhecimentos necessários para garantir as ações no ambiente local. São essas ações que irão auxiliar na melhoria da qualidade de vida na sociedade. É sabido que as estruturas do pensamento, do julgamento e da argumentação resultam de uma construção realizada por aquele que aprende, seja a criança ou jovem, em longas etapas de reflexão e de interação.

Na sociedade globalizada se torna cada vez mais necessário partilhar os novos saberes com o maior número de pessoas possíveis, envolto em discussões conscientes que traduzam a singularidade das pessoas envolvidas, e repercutam para toda a comunidade em melhores condições do ambiente em que vivem, onde cada um possa fazer a sua parte. Em nossa sociedade, a escola pública, em todos os níveis e modalidades da Educação Básica, tem como função social formar o cidadão, isto é, construir conhecimentos, atitudes e valores que tornem o estudante solidário, crítico, ético e participativo.

Para isso, é indispensável socializar o saber sistematizado, historicamente acumulado, como patrimônio universal da humanidade, fazendo com que esse saber seja criticamente apropriado pelos estudantes, que já trazem consigo o saber popular, o saber da comunidade em que vivem e atuam. A interligação e a apropriação desses saberes pelos estudantes e pela comunidade local representam, certamente, um elemento decisivo para o processo de democratização da própria sociedade.

A escola pública poderá, dessa forma, não apenas contribuir significativamente para a democratização da sociedade, como também ser um lugar privilegiado para o exercício de uma cidadania consciente e comprometido com os interesses da maioria socialmente excluída ou dos grupos sociais privados dos bens culturais e materiais, produzidos pelo trabalho dessa mesma maioria.

É preciso formar cidadãos conscientes dos processos educacionais envolto às novas tecnologias chamando a atenção para o estabelecimento de uma relação entre aprender o conhecimento sistematizado com as questões da vida real e a possibilidade de transformação da realidade local onde vivem em sintonia com a global.

As ferramentas tecnológicas estão sendo inseridas a todo instante na escola, e consequentemente, em nossas vidas, modificando o modo de viver e o agir docente a partir do vislumbramento de novas técnicas. O fenômeno técnico tem caráter exossomático inerente à condição humana de reproduzir as próteses que irão potencializar o seu corpo e moldar o ambiente, como afirma Milton Santos:

A principal forma de relação entre o homem e natureza, ou melhor, entre o homem e o meio é dada pela técnica. As técnicas são um conjunto de meios instrumentais e sociais, com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço. (SANTOS, 1999, p. 25).

Para Milton Santos, técnica não é o mesmo que tecnologia. Pois, é preciso ressaltar que a diferença entre técnica e tecnologia é a mesma diferença que há entre inovação e invenção. A invenção é produto de uma dada técnica humana com vistas em resolver um problema que é econômico e social. Mas, nem sempre uma nova invenção se difunde no tecido social e isso a deixa restrita ao conceito de invenção. Agora quando este novo produto técnico tem a capacidade de se difundir no tecido social e se torna aceito pela sociedade que lhe dá um uso, cria interconexão entre as pessoas e setor produtivo passa a ser chamado de inovação.

A inovação é nada mais do que, uma invenção com valor social sistêmico, sendo assim chamado de tecnologia. A técnica tem o poder de criar novos objetos, mas somente quando estes ganham poder sistêmico de se unir com outros objetos gerando novas ações é que eles se tornam tecnológicos. Nos tempos atuais é notável o acelerado avanço tecnológico que o processo de globalização permite e exige.

Tais avanços, ao mesmo tempo, que possibilita inovação para uns educadores, para outros cria um novo problema que precisa de urgente solução, de forma a permitir-lhe também acompanhar tal processo e utilizá-lo a seu favor no dia-a-dia. É a necessidade de um novo olhar sobre a realidade e a compreensão dos processos sobre a construção de outra relação do homem com o meio natural, social e tecnológico.

Atualmente temos acompanhado grandes debates em torno do uso das novas tecnologias como ferramenta pedagógica nas escolas. Autores renomados e revistas especializadas em educação sempre trazem essas discussões chegando a afirmar que “hoje os professores sabem que os computadores possibilitam a criação de um ambiente de aprendizagem” (NOVA ESCOLA, 2003, p. 11).

Por outro lado há os que argumentam sobre a perplexidade do professor perante tal instrumento, misturando uma sensação de admiração, surpresa, critica e cepticismo. Acrescenta-se a estas reações a frustração, a inferioridade e a resistência em usar instrumentos tecnológicos na sala de aula, reafirmadas pela “idéia de que qualquer criança lida melhor com esses instrumentos do que os adultos” (CARNEIRO, 2002, p. 57).

A geografia é uma disciplina que exige cada vez mais a atualização dos professores e a interatividade destes com os discentes. Tem se notado no Brasil, particularmente no Estado de Rondônia, a preocupação em dotar as escolas de equipamentos tecnológicos (computador, data show, internet, DVD, televisão, entre outros), que permitam o dinamismo e o envolvimento de professores e alunos nos conteúdos trabalhados em sala de aula e consequentemente melhorar o aprendizado em todas as áreas do conhecimento.

Acredita-se que tais aparatos tecnológicos a serviço da educação, quando bem utilizados nas aulas de geografia poderão ampliar e desenvolver os saberes nesta área de conhecimento e incentivar o diálogo entre alunos, professores e a sociedade, e consequentemente obter resultados significativos no processo de ensino e aprendizagem. No entanto, é preciso que os professores se movam com clareza no desenvolvimento de suas práticas, tornando-os mais seguro do seu próprio desempenho (FREIRE, 2004, p. 68).

Ribeirinhos da Amazônia: um novo povo

 Analisando a história de Rondônia é possível afirmar que a formação do Estado se deu a partir de ciclos econômicos que resultaram em fluxos migratórios de diferentes regiões do Brasil e do mundo. Têm-se assim, um Estado mesclado de diversos costumes, hábitos e culturas.

Por ocasião do ciclo da extração da borracha, a sua capital Porto Velho concentrou a maior parte dos migrantes nordestinos, que se deslocaram para as cidades amazônicas em busca de uma vida melhor, sem as agruras das secas e da pobreza do sertão.

Fonte: http://sendosustentavel.blogspot.com/2010/06/amazonas-terra-e-agua-de-contrastes-el.html

No entanto, ao chegarem à Amazônia, depararam-se com um ambiente hostil, e com muita dificuldade aprenderam a se adaptar à floresta. Germinava, assim, um “povo novo”, o caboclo, (RIBEIRO, 1995), mistura de indígenas, desgarrados de suas culturas originais, com os retirantes nordestinos, através do compartilhamento de conhecimentos, de culturas, de hábitos e de viveres.

Esse caboclo, costumeiramente chamado de beradeiro ou ribeirinho carrega consigo os sentidos únicos de um povo que vive à beira do rio, formado a partir de identidades fragmentadas, que hoje persiste em conservar e ressignificar o seu modo de viver particular ao enfrentar a crescente urbanização que avança fortemente em todos os recantos da Amazônia brasileira.

Vivem também sob a interferência causada pela construção das usinas do complexo do rio Madeira, o mais recente ciclo econômico da cidade. Essa interferência implica diversas transformações, tanto da parte da resistência, que busca a reconstrução da figura do ribeirinho para preservar uma cultura que se tornou tradicional de Porto Velho, quanto da parte da conveniência, valendo-se dos benefícios que a construção das usinas poderá proporcionar aos beradeiros.

 

Fonte: REZEDE, Jaqueline Ogliari. O viver dos beradeiros do Madeira Aspectos da identidade cabocla ribeirinha em Porto Velho. CELACC/ECA-USP, 2013.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Bacia Hidrográfica do Madeira

Tem uma área de 31.422,1525 há. O rio Madeira atravessa o estado de Rondônia no sentido noroeste – norte, até a foz do igarapé Maicy, divisa dos estados de Rondônia e Amazonas. É um dos principais afluentes da margem direita do rio Amazonas, tem uma extensão de aproximadamente 1.056 km de Porto Velho até a foz, no rio Amazonas e 876 km no estado do Amazonas.

Em um trecho de aproximadamente 360 km, a partir de sua formação, o Madeira tem um desnível de declividade de 20 cm/km e passa por dezoito cachoeiras e corredeiras. Destas, as três maiores: Jirau, Teotônio e Santo Antônio, deram lugar às construções dos Complexos Hidrelétrico Santo Antônio e Jirau.

Além da importância ambiental, ele é essencial para a economia de muitas regiões, pois tradicionalmente proporciona a pesca, o transporte hidroviário e, em suas margens, o plantio de diversos produtos agrícolas. A construção do porto graneleiro na capital Porto Velho, em 1995, e a abertura, em 1997, da hidrovia do rio Madeira, mudam o perfil econômico de Rondônia. Com 1.115 km, a hidrovia liga a capital ao Porto de Itacoatiara, no Amazonas, barateando o transporte de seus produtos agrícolas.

 

   Foto: Arquivo Minhas Raízes, 2019. (Navegação no Rio Madeira – RO).

 

Rondônia abastece a Região Nordeste com feijão e milho, destacando-se também como produtor nacional de cacau, café, arroz e soja. Entre os anos 60 e 80, Rondônia foi considerado o eldorado brasileiro, quando atraiu milhares de imigrantes da região sul do país, seduzindo-os pela distribuição de terras promovida pelo governo federal. Em apenas duas décadas, a população do estado cresce nove vezes. A economia e o seu fortalecimento em Rondônia vêm acontecendo ao longo dos últimos anos, com a agricultura batendo recordes de produção, prestação de serviços em crescimento com consequente oferta de empregos, entre outros, fazem com que o crescimento estadual se torne confiável e bastante sólido.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Floresta amazônica

 Floresta amazônica A floresta amazônica é considerada a maior floresta tropical do mundo e concentra enorme biodiversidade. Além disso, ela faz parte do bioma Amazônia, o maior dos seis biomas brasileiros. Corresponde a 53% das florestas tropicais ainda existentes. Por isso, a sua conservação é debatida em âmbito internacional, em virtude de sua dimensão e importância ecológica.

Fonte: https://blog.ecooar.com/floresta-amazonica-e-as-mudancas-climaticas/

A floresta amazônica localiza-se no norte da América do Sul, abrange os estados do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Pará e Roraima, além de menores proporções nos países: Peru, 199 Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Por estar localizada próxima à linha do Equador apresenta clima equatorial. Assim, é marcada por elevadas temperaturas e umidade do ar. 

As temperaturas médias anuais oscilam entre 22 e 28ºC e a umidade do ar pode ultrapassar os 80%. Outra característica é o elevado índice pluviométrico que varia entre 1.400 a 3.500 mm por ano. Em geral, as estações do ano distinguem-se por dois períodos: o seco e o chuvoso.

O solo é considerado pobre com uma fina camada de nutrientes. Porém, os húmus formados pela decomposição da matéria orgânica, ou seja, folhas, flores, animais e frutos é rica em nutrientes utilizados para o desenvolvimento das espécies e da vegetação da floresta. É uma floresta tropical densa, formada por árvores de grande porte. 

A vegetação é dividida em mata de várzea, mata de igapó e mata de terra firme. A floresta amazônica também abriga diversas espécies animais. Alguns animais encontrados são: onças, suçuaranas, jaguatiricas, peixes-boi, pirarucus, jabutis, ariranhas, tucanos, araras, jiboia, sucuri, etc. 

Fonte: https://www.todamateria.com.br/floresta-amazonica/. 

Acesso em: 10 de maio de 2018.