terça-feira, 26 de agosto de 2025

TRAJETÓRIA HUMANA E MEIO AMBIENTE

Durante toda a trajetória da humanidade, a ocupação e o uso espacial da terra aconteceu com a utilização dos recursos naturais e destes depende a sua sobrevivência. No entanto, os problemas ambientais só começaram a ser identificados como sendo impactantes a partir de dois fatores básicos: a revolução industrial, ocorrida a partir da metade do século XVIII, por volta do ano de 1750, produzida pela passagem do artesanato e da manufatura à fábrica, pela criação das máquinas de fiar (tear mecânico), o que ocasionou uma grande mudança no processo de produção.

Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/silhueta-de-menina-e-paisagem-natural-dupla-exposi%C3%A7%C3%A3o-gm1350558321-426615194. Acesso em 25/08/2025.

O outro fator que causou grande impacto ao meio ambiente foi a organização urbana, representada pelas construções das grandes cidades, sem nenhum planejamento, originadas com a revolução industrial.

Neste contexto, Geddes apud Dias (2002), considerado o “pai” da educação ambiental, já expressava a sua preocupação com os efeitos da Revolução Industrial iniciada em 1779 na Inglaterra e pelo seu desencadeamento no processo de urbanização com conseqüências para o ambiente natural.

Atualmente, a maior parte da população humana vive em ecossistemas urbanos, influenciando toda a biosfera. As cidades atraem cada vez mais pessoas, sendo que a população urbana mundial aumenta cerca de 70 milhões todos os anos. Os seres humanos constituem uma espécie majoritariamente urbana, sendo que mais de 70% das populações dos Estados Unidos, Canadá, Europa Ocidental e Japão são urbanas, cerca de 74% na América Latina e 81% no Brasil (DIAS, 2002).

Percebe-se que a humanidade não tem o devido cuidado com o planeta, nem com os seres que nele vivem. A ocupação desordenada do solo e a pressão exercida sobre os recursos naturais têm provocado grandes impactos na natureza, a partir da retirada da cobertura vegetal, contaminação dos cursos de água, a poluição atmosférica, a devastação das florestas, a caça indiscriminada, aterramento de margens de rios, riachos, assoreamentos dos mananciais, queimadas e outros.

Ao contrário de outros seres vivos, que possuem seu crescimento controlado pela simbiose das cadeias alimentares, a espécie humana tem dificuldade em estabelecer o seu limite de crescimento, assim como para relacionar-se com outras espécies e com o planeta. Essa é a fronteira entre o conhecimento e a ignorância humana sobre o Planeta Terra (PÁDUA & TABANEZ, 1997).

Considerando essa dificuldade do homem conviver de forma equilibrada com o meio ambiente, em 1972 um estudo do Clube de Roma entidade formada por intelectuais e empresários que não eram militantes ecologistas, incentivou o surgimento das discussões a respeito da preservação dos recursos naturais do planeta Terra, apontando pela primeira vez “Os Limites do Crescimento”, que relacionavam quatro grandes questões que deveriam ser solucionadas para que se alcançasse a sustentabilidade: controle do crescimento populacional, controle do crescimento industrial, insuficiência da produção de alimentos e o esgotamento dos recursos naturais (CAMARGO, 2002).

Após a publicação da obra “Os Limites do Crescimento” pelo Clube de Roma em 1972, este conceito toma um grande impulso no debate mundial, atingindo o ponto culminante na Conferência das Nações Unidas de Estocolmo, naquele mesmo ano.

A ideia de um novo modelo de desenvolvimento para o século XXI, compatibilizando as dimensões econômicas, sociais e ambientais, surgiu para resolver, como ponto de partida no plano conceitual, o velho dilema entre crescimento econômico e redução da miséria, de um lado, e preservação ambiental de outro.

O conflito vinha, de fato, arrastando-se por mais de vinte anos em hostilidade contra o movimento ambientalista, enquanto este, por sua vez, encarava o desenvolvimento econômico como naturalmente lesivo aos empresários, como aos seus agentes mais representativos (CAMARGO et. al, 2004).

Em 1987, a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas, na Noruega, elaborou um documento denominado “Nosso Futuro Comum” também conhecido como Relatório Brundtland, onde os governos signatários se comprometiam a promover o desenvolvimento econômico e social em conformidade com a preservação ambiental. (CAMARGO, 2002).

Nesse relatório foi elaborada uma das definições mais difundidas do conceito: “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”. Quatro décadas depois, a destruição das florestas, a degradação ambiental e a poluição aumentaram de forma vertiginosa, gerando o aquecimento do planeta pelas emissões de gases causadores do efeito estufa.

O desenvolvimento sustentável se mostra pouco duradouro, porque não é considerado ecologicamente sustentável. Tanto o Relatório Brundtland quanto os demais documentos sobre o Desenvolvimento Sustentável produzidos pelo Clube de Roma, foram fortemente criticados porque creditaram a situação de insustentabilidade do planeta, principalmente, à condição de descontrole da população e à miséria dos países do Terceiro Mundo, efetuando uma crítica muito branda à poluição ocasionada durante os últimos séculos pelos países do Primeiro Mundo (GONÇALVES, 2005).

Em 1997, na cidade japonesa de Kioto, foi assinado um acordo por 189 nações, chamado Protocolo de Kioto, que se comprometeram em reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa em 5%, na comparação com os níveis de 1990. O principal alvo é o dióxido de carbono (CO2). Especialistas acreditam que a emissão desenfreada desse e de outros gases esteja ligada ao aquecimento global, fenômeno este que pode ter efeitos catastróficos para a humanidade durante as próximas décadas.

O Protocolo entrou em vigor em fevereiro de 2005 e previa que suas metas fossem atingidas entre 2008 e 2012. A principal crítica ao Protocolo de Kioto é que as metas instituídas representam pouco na luta contra o aquecimento global, causando um impacto pequeno na mudança do panorama atual.

Hoje, diante do fracasso dos esforços para deter o aquecimento global, surge novamente a consciência dos limites do crescimento e a chamada ao decrescimento. Neste sentido têm-se observado ao longo das décadas comportamentos específicos por parte da sociedade e respostas político-econômicas variadas.


Desta maneira, mundialmente, observa-se que nos anos 50, a prioridade era em combater o desemprego e a miséria. Não havia preocupação, nem da população e nem das autoridades, com as questões ambientais. Houve um rápido crescimento industrial, nos anos 60 e 70, surgindo a atuação de grupos ambientalistas que demonstraram interesse pela qualidade de vida e os cuidados com a água e o ar. Foi criada uma nova legislação objetivando o aumento da consciência pública, em relação aos problemas ambientais.

Já nos anos 80, ocorreram muitos acidentes causando poluição do solo e disposição de resíduos. Com isto, surge a ideia de criação de selos verdes a fim de incentivar os produtores a respeitar o meio ambiente e aumentar a consciência ambiental. Nos anos 90, percebe-se um aumento da consciência ambiental e discussões em todo o mundo sobre desenvolvimento sustentável. Há intensificação da valorização de produtos ecologicamente corretos e com isto o aumento da criação de selos verdes.

Neste contexto, faz-se necessária a constante busca para se atingir um novo estilo de vida, uma necessidade de mudança do comportamento humano em relação à natureza, no sentido de promover um modelo de desenvolvimento sustentável, baseado numa ética global, regida por valores humanitários harmonizadores.

O papel da educação atual, se não for o de resgatar o ser humano, será nenhum, especialmente o da chamada Educação Ambiental, pois esta só foi criada pelo reconhecimento da ineficácia da educação. Não se consegue ver relevância em qualquer atividade de Educação Ambiental que não foi conduzida às pessoas para essa reflexão (DIAS, 2002).


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