quinta-feira, 3 de julho de 2025

RACISMO AMBIENTAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA AMAZÔNIA

A relação entre as mudanças climáticas e o racismo ambiental é uma característica viva quando se fala em emergência global. Práticas insustentáveis e emissões excessivas exacerbam as vulnerabilidades de povos e comunidades já marginalizadas, aprofundando as disparidades existentes.

Os impactos da emergência/crise climática e desastres ambientais, como são chamados os eventos que produzem seca, chuvas, temporais entre outros dessa natureza, atingem a sociedade brasileira de forma desproporcional.

Na Amazônia, isso se manifesta de maneira aguda, enquanto o desmatamento, os incêndios e o garimpo ilegal impulsionam as mudanças climáticas, os efeitos resultantes — como alterações no regime de chuvas — impactam desproporcionalmente as populações tradicionais, comprometendo ainda mais sua capacidade de subsistência e resiliência.

Segundo o professor americano Robert Bullard (2002), o racismo ambiental, e por conseguinte também climático, decorrente da degradação ambiental imposta pela lógica mercadológica e capitalista de exploração se refere a políticas, práticas ou diretrizes ambientais que afetam diferentemente ou de forma desvantajosa indivíduos, grupos ou comunidades mais vulneráveis, seja por questões de renda, educação, cor, gênero ou raça, podendo ser reforçadas por instituições governamentais, jurídicas, econômicas, políticas e militares.

Isso acontece quando as políticas ambientais e os projetos de desenvolvimento são implementados de forma a prejudicar deliberadamente as populações mais vulneráveis que são afetadas de forma desproporcional pelos impactos ambientais negativos, como a poluição do ar, a contaminação da água, as enchentes, as secas, os desmatamentos e etc. Tal situação acontece porque essas populações muitas vezes têm menos poder político e econômico para evitar ou remediar esses impactos.

Além disso, a falta de acesso a serviços básicos, como água potável e saneamento, agrava ainda mais os impactos negativos do racismo ambiental. O resultado é uma qualidade de vida muito inferior à das pessoas que vivem em áreas mais ricas e protegidas, afetando a saúde e bem-estar dos moradores.

As comunidades tradicionais ribeirinhas da Amazônia também são exemplos claros de racismo ambiental. Apesar de serem áreas de grande valor ecológico, como florestas e reservas naturais, e terem um conhecimento profundo desses ecossistemas, têm pouca influência sobre as políticas que afetam seus territórios e geralmente são excluídas do processo de tomada de decisão.