sexta-feira, 26 de agosto de 2022

O ENSINO DE GEOGRAFIA NO BRASIL



A política nacional de educação no Brasil tem passado por diversas transformações ao longo dos anos, particularmente, no que se refere ao uso de metodologias e novos recurso didáticos que fazem parte do processo de ensino e aprendizagem na educação básica (PESSOA, 2007).

O ensino de Geografia no Brasil, desde seus primeiros resquícios de implantação nas grades curriculares até os dias atuais, vem sofrendo mudanças ao longo dos anos. Durante um período bem extenso foi vista como uma disciplina e ciência de rápida e fácil memorização de conteúdo. Ao desenvolver conteúdos em salas de aula no ensino básico, o professor, por sua vez, carece de se adequar a procedimentos metodológicos que possam transmitir ao aluno a melhor absorção do que se pretende trabalhar.

Nesse sentido, o emprego de metodologias ativas e diversificadas é cada vez mais necessário nas atividades dos profissionais em sala de aula. Neste ambiente, as novas tecnologias da educação se manifestam como um instrumento didático importante nos espaços escolares. As demandas educacionais e pedagógicas para o ensino de Geografia, fizeram desses recursos parte integrante das políticas públicas, que aos poucos vão se consolidando nos sistemas de ensino público e privado do país.

Como conteúdo curricular, a Geografia só se fixa nas unidades escolares e nos seus currículos a partir de 1837, com a criação do Imperial Colégio Pedro II. Nesse período, o ensino público brasileiro passou por diversas alterações com a adoção de diferentes modelos, como o Método de Lancaster, uma forma do sistema atingir o maior número de pessoas possíveis com uma verba reduzida, enfraquecendo o processo de desenvolvimento cognitivo dos estudantes e reduzindo de forma significativa os investimentos destinados à educação pública.

De acordo com Pessoa (2007), no mesmo século, ocorreram quatro grandes reformas no sistema educacional brasileiro, que afetou diretamente o ensino de Geografia e a forma que ela era exposta para os estudantes. A primeira reforma, planejada por Benjamim Constant (1890), a segunda por Epitácio Pessoa (1901), a terceira por Rivadávia da Cunha Corrêa e a quarta e última grande reforma por Carlos Maximiliano (1915).

A partir desse período, surgem vários cenários em relação ao ensino de Geografia no país, influenciado pelos mais diversos aspectos de cunho econômico, territorial e social. O ensino de Geografia foi normatizado e democratizado efetivamente no sistema público e privado a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996).

Em 1997, sob a edge da Lei supramencionada, o Ministério da Educação publicou os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, um documento que objetifica normatizar e categorizar o processo de ensino nacional (BRASIL, PCN, 2000, p. 15). De maneira geral, a Geografia enquanto disciplina nos currículos escolares, sempre foi tratada de forma simplória e condensada, seja pelo método utilizado ou mesmo para não proporcionar a formação crítica do cidadão.

Foi somente a partir da década de 1980 que as instituições educacionais começam a levar em consideração os aspectos socioculturais e socioespaciais para suas análises, visando um ensino crítico, criativo e com maior qualidade. 

ALÉM DO RACICIOCÍNIO E DA GEOGRAFIA

O raciocínio geográfico se refere ao modo de pensar e construir estratégias de pensamento que se relacionem ao uso dos conceitos, categorias, princípios e a linguagem geográfica e cartográfica utilizando a escala de análise para compor o processo de raciocinar geograficamente. Cavalcanti (2008) compreende o raciocínio geográfico pelo desenvolvimento dos modos do pensamento geográfico e pela internalização de métodos e de procedimentos para captar a realidade, tendo consciência de sua espacialidade.

Considerada como uma discussão recente, a categoria raciocínio geográfico, passou a fazer parte do meio acadêmico a partir de 1976 com a obra “Geografia serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra” do geógrafo Yves Lacoste. A partir de então, tem fortemente aguçado o interesse de pesquisadores da Geografia Escolar. Para Roque Ascensão e Valadão (2014) esses estudos ainda são recentes e, portanto, não consensuais entre os geógrafos, não só a expressão raciocínio geográfico, mais outras como pensamento espacial, raciocínio espacial, pensamento geoespacial, entre outras.

Mesmo com a valorização atribuída à Geografia como ciência, ainda é visível em muitas unidades educacionais ações frequentes entre professores, nas quais a aula é desenvolvida de forma pouco atrativa, ainda que todos almejem à formação de um cidadão consciente, crítico, capaz de conceber a leitura de mundo por meio da compreensão dos conteúdos dessa disciplina. " A leitura do mundo é fundamental para que todos nós, que vivemos em sociedade, possamos exercitar nossa cidadania" (CALLAI, 2005, p. 228).

Nesse contexto, a modernização aliado ao avanço tecnológico reforça a necessidade de uma reavaliação quanto à importância atribuída à Geografia e o real espaço que ela ocupa em sala de aula, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que, embora considerado um processo complexo, o ato de compreender essa disciplina desenvolve no indivíduo a sua visão de mundo, tornando-o capaz de ampliar seus conhecimentos e analisar criticamente o mundo a sua volta.

De acordo com CALLAI (2005):

A geografia tem permanecido na escola de forma tradicional, não qual oferta pouca contribuição ao conhecimento do aluno. A geografia nomeada como tradicional, distinguida pela enumeração de dados geográficos e que trabalha espaços despedaçados, em geral opera com questões incoerentes, em vez de considera lá no contexto de um espaço geográfico abstruso, que é o mundo da vida (CALLAI, 2005, p. 229).

Partindo do pressuposto acima, entende se que com o processo de modernização aliado ao avanço tecnológico, surge a necessidade de ensinar a Geografia de forma contextualizada e associada a realidade do discente, com o intuito de auxiliá-los na construção de sua leitura de mundo.

Para BOGO (2010):

As séries iniciais apontam o princípio do processo de educação e o período em que são favoráveis as imaginações em torno das experiências dos estudantes e a edificação de informações em ambientes formais de aprendizagem. Os docentes desempenham um papel fundamental nesse período por serem intermediários entre a natureza vivenciada pelos educandos e a linguagem conceitual na qual se estruturam os diversos espaços do conhecimento (BOGO, 2010, p. 1).

Nesse sentido, o raciocínio geográfico é um processo cognitivo que pode oportunizar habilidades aos discentes de compreenderem as dinâmicas das práticas espaciais por meio da utilização dos conceitos e princípios geográficos. Esses são os elementos fundantes para o desenvolvimento e a mobilização dessa cognição, como: espaço, território, paisagem, lugar, região e os seus princípios lógicos como: localização, distribuição, distância, extensão, posição, escala, rede, arranjo, configuração.

Dito isso, raciocínio geográfico é uma cognição desenvolvida no ensino de Geografia orientado nos fundamentos da Geografia (SILVA; ROQUE ASCENÇÃO; VALADÃO, 2018). Assim, é preciso incentivar a aprendizagem da Geografia ainda nas séries iniciais, tendo em vista que nessa fase as crianças fazem inúmeras descobertas nas quais resultam em experiências transformadoras em sua vida.

Bogo (2010) relata:

O conceito do conhecimento geográfico, promulgo através de sua linguagem científica, admite deliberar, conceituar e compreender o ambiente social em suas inter relações. E os professores desempenham papel essencial nesse processo. São eles os medianeiros entre o mundo vivenciado pelos alunos e a linguagem conceptual na qual se estruturam os diversos campos do conhecimento (BOGO, 2010, p. 2).

Com isso, torna-se oportuno a aplicação de ações metodológicas que viabilizem a compreensão da Geografia nas séries iniciais, haja vista que essa ciência amplia as experiências e concepções de mundo das crianças. Por fim, a função não é simplesmente reproduzir a Geografia acadêmica, mas, possibilitar o desenvolvimento dos alunos por meio da habilidade cognitiva do raciocínio geográfico para interpretar e atuar em suas práticas espaciais de forma crítico-reflexiva (FILIZOLA, 2009). 

QUESTÃO DE RACIOCÍNIO GEOGRAFICO

O raciocínio geográfico é um processo cognitivo que pode ser desenvolvido pelo professor que atua no ensino de Geografia quando este se utilizar de estratégias pedagógicas que possibilite o aluno a ter um papel ativo na construção de significados, ancorando-se nos fundamentos teóricos metodológicos da ciência geográfica.

Quando considerado o universo e suas constantes transformações, o ensino da Geografia se destaca dentre outras ciências como componente curricular que permite a compreensão das modificações ocorridas no espaço social que estão inseridas. Para Bezerra (2009, p. 1), a Geografia é a ciência responsável por elucidar o mundo e suas transformações.

Desse modo, decifrar o mundo vivido, o espaço e suas paisagens, assim, como viver em sociedade, compreender o papel dos homens na busca pela sobrevivência e da satisfação das suas necessidades, consiste no papel da Geografia que se deve ensinar na escola (CALLAI, 2005, p. 228).

A partir desse entendimento, torna se evidente a importância do ensino de Geografia já nas séries iniciais, uma vez que os alunos precisam ser estimulados à compreensão da vida em sociedade, levando em considerações as diferenças socioculturais e econômicas presentes no meio em que vivem, tornando-se cidadãos críticos e construtores do próprio conhecimento.

Nesse contexto, os professores são desafiados a buscar meios que facilitem a aprendizagem e mobilizem os conceitos da Geografia (espaço, território, paisagem) e os princípios lógicos (localização, delimitação, escala, arranjo, delimitação, rede, conexão, arranjo) a fim de conscientizar os educandos quanto à importância desse componente curricular na elaboração da sua visão de mundo.

Portanto, o raciocínio geográfico é uma cognição fundamental para o desenvolvimento dos alunos na Educação Básica, no que diz respeito à necessidade de atuar nas práticas espaciais cotidianas. Tal raciocínio contribui para o processo de emancipação dos sujeitos, favorecendo a produção da justiça espacial na organização geográfica das sociedades, cabendo aos professores que atuam no seguimento em questão, a utilização de estratégias que viabilizem essa habilidade por parte dos discentes.

Pensamento e raciocínio geográficos relacionados, possibilitam ao professor, sob inúmeras estratégias, a construção de modos de analisar geograficamente e, ainda, modos de ensinar que contribuam para que os alunos realizem análises geográficas e construam conhecimentos a respeito dos fatos/fenômenos em estudo

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

PROGRAMA CAMINHO CERTO - TRANSPORTE ESCOLAR DE QUALIDADE NO MUNICIPIO DE PORTO VELHO

 


o Programa “Caminho Certo – Transporte Escolar de qualidade no Município de Porto Velho” que tem por objetivo através do processo de formação, ampliar o conhecimento para atingir a qualidade no serviço do transporte escolar proporcionando a reflexão como instrumento de democratização de oportunidades educacionais pela garantia de acesso e permanência na escola, dos estudantes residentes em áreas rurais, repensando as práticas atuais, estabelecendo metas para o controle adequado da execução direta, condicionando o comportamento seguro e defensivo, orientando, ampliando e sugerindo mudanças em conformidade com a realidade dos locais onde o serviço é oferecido.

O Programa Caminho Certo – Transporte Escolar de qualidade no Município de Porto Velho implantado pela Secretaria Municipal de Educação de Porto Velho, através do Departamento de Transporte Escolar, além da preocupação como a promoção do acesso e da permanência do estudante na sala de aula nas escolas localizadas em áreas rurais, também se volta para os aspectos que envolvem todas as pessoas que também são protagonizadores dos serviços que fazem com que os estudantes cheguem até essas escolas, neste caso os atuais 137 motoristas e 137 monitoras do transporte escolar rural.

A motivação para essa grande ação junto a um público-alvo específico e de relevante importância para o Sistema Municipal de Educação, parte do princípio de que é necessário a adoção de mecanismos de controles apropriados, que possam garantir Transporte Escolar, seguro, de qualidade e com equidade. Para isso é necessário que os principais protagonistas estejam preparados e munidos de informações e instrumentos procedimentais levados até os mesmos, através de processos de formação, amparado nos dispostos constitucionais e visando sempre o preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Escola do campo e as novas tecnologias

O currículo da escola do campo precisa, acima de tudo, privilegiar os saberes tradicionais construídos de geração em geração pela população do campo.

Da mesma forma, precisa também ter em foco os saberes que preparam para a produção e o trabalho e que dê aos alunos do meio rural o direito de se constituir cidadãos que desejam continuar a viver no campo e ter possibilidade de viver e sobreviver com dignidade a partir do seu próprio trabalho e da sua própria produção.

As tecnologias podem trazer uma nova dimensão social, para esses estudantes rurais, associado a valorização do território e de busca de alternativas para melhorar a situação de quem vive e trabalha nele.

Essa dinâmica que vem sendo construída por sujeitos que já não aceitam que o campo seja lugar de atraso e de discriminação, mas sim consideram e lutam pra fazer dele uma possibilidade de vida e de trabalho para muitas pessoas, assim como a cidade também deve sê-lo; nem melhor nem pior, apenas diferente; uma escolha. (UnB-FUP, 2009, p. 5).

Na sociedade da tecnologia torna-se um direito o acesso a informatização, a inclusão digital e as inúmeras possibilidades que se abrem com o acesso à rede mundial de computadores. Neste sentido, as escolas rurais voltadas para a educação do campo ganham muita relevância.

Para Bonilla (2004), a tecnologia traz aos sujeitos do campo informações que auxiliam na melhoria da produção agrícola familiar. Por isso, é necessário pensarmos em estratégias que promovam este desenvolvimento rural sem que estes sujeitos tenham que abandonar seu modo de viver.

O acesso às informações pela Internet, especialmente para o jovem rural, pode melhorar a vida no campo, seu modo de trabalho, técnicas de plantio e cultivo, estratégias de transformação e comercialização da produção.


BELUSO, Andreia e PONTAROLO, Edilson. Uma reflexão sobre tecnologia digital nas escolas do campo como possibilidade para o desenvolvimento dos territórios camponeses. Disponível: <https://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/sidr/article/viewFile/16561/4362#:~:text=A%20Internet%20como%20ator%20envolvido,de%20sa%C3%Bade%20e%20educa%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0>