quinta-feira, 17 de maio de 2018

Espaço físico de Rondônia: hidrografia


A hidrografia é o ramo da geografia física que estuda as águas do planeta, abrangendo, portanto, rios, mares, oceanos, lagos, geleiras, água do subsolo e da atmosfera. A grande parte da reserva hídrica mundial (mais de 97%) concentra-se em oceanos e mares, com um volume de 1.380.000.000 km³. Já as águas continentais representam pouco mais de 2% da água do planeta, ficando com um volume em torno de 38.000.000 km³.
O Brasil possui 8% de toda a água doce que está na superfície da Terra. Além disso, a maior bacia fluvial do mundo, a Amazônica, também fica no Brasil. Somente o rio Amazonas deságua no mar um quinto de toda a água doce que é despejada nos oceanos.


Hidrografia de Rondônia

Rondônia é um Estado privilegiado pela abundância de água doce. Sua rede hidrográfica é composta por 7 (sete) bacias. São elas:
  • Bacia hidrográfica do rio Guaporé;
  • Bacia hidrográfica do Mamoré;
  • Bacia hidrográfica do Madeira;
  • Bacia hidrográfica do Jamari;
  • Bacia hidrográfica do Machado e;
  • Bacia hidrográfica do Roosevelt.

                                                         Fonte: CPRM, 2010

Essas bacias se subdividem em 42 sub-bacias. A principal bacia é a do Rio Madeira que nasce no Peru, passa pela Bolívia e pelo Brasil. 

Bacia Hidrográfica do Madeira

Principal bacia hidrográfica de Rondônia. Tem uma área de 31.422,1525 há. O rio Madeira atravessa o estado de Rondônia no sentido noroestenorte, até a foz do igarapé Maicy, divisa dos estados de Rondônia e Amazonas. É um dos principais afluentes da margem direita do rio Amazonas, tem uma extensão de aproximadamente 1.056 km de Porto Velho até a foz, no rio Amazonas, sendo aproximadamente 180 km dentro dos limites de Rondônia e 876 km no estado do Amazonas.
Em um trecho de aproximadamente 360 km, a partir de sua formação, o Madeira tem um desnível de declividade de 20 cm/km e passa por dezoito cachoeiras e corredeiras. Destas, as três maiores: Jirau, Teotônio e Santo Antônio, deram lugar às construções dos Complexos Hidrelétrico Santo Antônio e Jirau.

Bacia Hidrográfica do Guaporé

A bacia formada pelo rio Guaporé nasce na Chapada dos Parecis (Estado de Mato Grosso), na divisa dos municípios de Vale do São Domingos e Tangará da Serra, percorrendo aproximadamente 600 km até desaguar na margem direita do rio Mamoré, junto à localidade de vila Surpresa. Ao longo de seu percurso, no âmbito do estado de Rondônia, passa por cidades de porte médio como Pimenteiras do Oeste e Costa Marques.
Representa um rio de jurisdição federal, possuindo uma área de drenagem de cerca de 320.000 km², antes de desembocar no rio Mamoré. Como afluentes maiores destacam-se o rio Cabixi, Colorado, São Miguel e Cautário, todos pela margem direita, considerando que sua margem esquerda pertence ao espaço físico da Bolívia, com a qual estabelece divisa internacional.

Bacia Hidrográfica do Mamoré

O rio Mamoré, um dos formadores do rio Madeira, possui suas nascentes localizadas na vizinha Bolívia. Adentrando em espaço geográfico brasileiro na localidade de vila Surpresa, recebe em sua margem esquerda o rio Guaporé, estabelecendo, a partir daí o limite internacional entre os dois países. Percorre cerca de 250 km até vila Murtinho, quando se junta ao rio Beni, originando o rio Madeira.
Os rios Guaporé e Pacaás Novos constituem os afluentes principais em solo brasileiro. Ao longo de seu trajeto, drena as cidades coirmãs de Guajará-Mirim (Brasil) e Guayaramerin (Bolívia), servindo de limite (e também de ligação) entre elas. Trata-se de um rio de jurisdição federal.

Bacia Hidrográfica do Abunã

O rio Abunã, formado pela confluência dos rios Iná e Xipamanu, nasce na vizinha república boliviana. Ao entrar em território brasileiro, passa a se constituir no divisor internacional entre os dois países. Percorre um trajeto de cerca de 400 km até desaguar na margem esquerda do rio Madeira. Historicamente, teve importância nas décadas de 1940 e 1950, devido ao intenso desenvolvimento da extração da seiva da seringueira, para obtenção da borracha de utilização para a florescente indústria automotiva.
Em seu trajeto, drena dois estados da União (Acre e Rondônia), constituindo-se em um rio de jurisdição federal, por representar um divisor internacional.

Bacia Hidrográfica do Jamari

O rio Jamari possui suas nascentes principais na Chapada dos Pacaás Novos, próximo à divisa dos municípios de Governador Jorge Teixeira e Guajará-Mirim. Percorre cerca de 400 km até sua foz, na margem esquerda do rio Madeira, abaixo da cidade de Porto Velho, constituindo um rio de domínio estadual. Seus afluentes principais são os rios Candeias e Preto do Crespo.
Ao longo de seu percurso, drena a cidade de Ariquemes, um dos maiores núcleos urbanos do estado de Rondônia. O barramento localizado dessa drenagem possibilitou a implantação da Usina Hidrelétrica de Samuel, principal unidade geradora de energia hidrelétrica em operação no estado.

Bacia Hidrográfica do Roosevelt

A bacia hidrográfica do rio Roosevelt tem suas nascentes na Chapada dos Parecis, no município de Vilhena. Contudo, a sua maior parte situa-se nos estados de Mato Grosso e Amazonas. Constitui um afluente da margem esquerda do rio Aripuanã, que, por sua vez, deságua no baixo rio Madeira, junto à cidade de Novo Aripuanã. Apresenta um curso geral orientado sul-norte, tendo como tributários principais os rios Capitão Cardoso e Tenente Marques (pela margem direita) e Machadinho e Branco (pela margem esquerda).
O rio Roosevelt, cuja extensão é de aproximadamente 1.400 km, recebeu essa designação em decorrência de uma expedição realizada em 1913, da qual participaram o ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt e o marechal Cândido Rondon, que percorreram esse rio até a sua foz, no rio Aripuanã.

Bacia Hidrográfica do Machado ou Ji-paraná

O rio Machado, também chamado Ji-Paraná, recebe esse nome após a confluência dos rios Barão de Melgaço e Pimenta Bueno, próximo à cidade de Pimenta Bueno, sendo que suas nascentes estão localizadas no município de Vilhena. Percorre cerca de 800 km até sua foz, situada na margem direita do rio Madeira, próximo à Calama. Seus afluentes principais são os rios Jaru, Urupá, Machadinho e Jacundá, todos pela margem esquerda.
Constitui um rio de domínio estadual, drenando diversas cidades importantes do estado, tais como Ji-paraná, Cacoal e Pimenta Bueno, ressaltando-se a existência de numerosas cachoeiras e corredeiras ao longo de seu trajeto, algumas das quais viáveis para futuros empreendimentos hidrelétricos, a partir do inventário realizado pela Eletronorte – Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.

Funcionamento e uso da Rede Hidrográfica

A rede hidrográfica de Rondônia é densa, perene e isso ocorre devido à conjugação de fatores físicos e naturais. Da mesma forma a sazonalidade do escoamento superficial é uma consequência dos períodos secos que duram de três a quatro meses na região. Durante este período de estiagem muitas nascentes e igarapés apresentam trechos intermitentes enquanto os maiores cursos d’água são perenes, embora com expressiva variação de vazão.

Usos múltiplos da água

Usos múltiplos da água é direito de igualdade de uso por todos os setores usuários dos recursos hídricos. Como as demandas por água para os mais variados usos vêm aumentando, o número de conflitos de interesses envolvendo a água também cresceu. No Estado de Rondônia alguns tipos de usos são considerados:

Consumo humano – residencial e comercial

O consumo humano da água é um tipo de uso prioritário por está diretamente relacionado com o direito a vida. Em linhas gerais o abastecimento da água potável para a população faz parte do conjunto de ações do saneamento básico de um lugar.
Em Rondônia a Companhia de águas e Esgotos – CAERD é a empresa pública responsável por esta demanda, apesar de alguns municípios já terem conseguido implantar sistema próprio de abastecimento de água e coleta de esgoto sanitário.

Indústria

A indústria utiliza a água de diferentes formas sem seus processos de produção:
  • Usos consuntivos: referem-se aos usos que retiram a água de sua fonte natural diminuindo suas disponibilidades, espacial e temporalmente. Ex: dessedentação de animais, irrigação, abastecimento público, processamento industrial, etc.
  • Usos não-consuntivos: referem-se aos usos que retornam à fonte de suprimento, praticamente a totalidade da água utilizada, podendo haver alguma modificação no seu padrão temporal de disponibilidade. Ex: navegação, recreação, piscicultura, hidroeletricidade, etc.
Mineração

A mineração em Rondônia é desenvolvida principalmente nas bacias hidrográficas do rio Madeira (ouro) rio Roosevelt (diamante) no garimpo do Bom Futuro (cassiterita). Os equipamentos mais utilizados nos leitos dos rios para extrair o mineral são as balsas e dragas. Há também a extração da areia para construções e da argila para a fabricação tijolos e telhas.

Navegação fluvial

A navegação fluvial consiste no uso dos rios para o transporte. O rio Madeira é uma das principais vias de transportes da região amazônica, para escoamento de produtos através do Porto de Porto Velho a outras regiões do país. O rio Mamoré e o seu afluente Guaporé também são rios navegáveis a partir de Guajará Mirim a Mato Grosso, e servem de fronteira entre Brasil e Bolívia.

Turismo e lazer

Os rios de Rondônia contribuem para uma diversidade de ações relacionadas ao turismo e ao lazer. Além da pesca esportiva desenvolvida em vários lugares do estado, há os festivais de prais que atraem pessoas de várias partes do país.

Geração de energia elétrica

Rondônia, assim como a região amazônia apresenta um grande potencial de geração de energia elétrica, seja por seus rios encachoeirados ou pelo aproveitamento dos demais recursos naturais.

Agricultura, irrigação e pecuária

A agricultura é um importante tipo de usos múltiplos das águas e com ela está diretamente associada a irrigação. A pecuária está relacionada a dessedentação de animais, um uso prioritário em caso de escassez.

Outros usos múltiplos:

O potencial hídrico disponível no Estado de Rondônia proporciona o desenvolvimento de ações com os mais variados múltiplos das águas, como é o caso da crescente atividade de aquicultura, psicultura, hidroponia e pesca artesanal.

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