terça-feira, 5 de dezembro de 2017

FORMAÇÃO DE PROFESSOR E CURRÍCULO

A discussão atual que trata das políticas de formação de professores e currículo contextualiza os aspectos político e cultural que ganharam corpo a partir das transformações ocorridas a partir da década de 1990 que tem como finalidade a apropriação de um determinado conjunto de conhecimentos específicos e técnicos. No entanto, esse pensamento à medida que o mundo do trabalho evolui passa a ser substituído pela construção de capacidades cognitivas flexíveis e competências relacionadas ao saber fazer. Pressupostos que visa permitir ao trabalhador resolver de forma rápida e eficiente os problemas da prática cotidiana adaptando-se a um universo produtivo volátil, como descreve (Anfope, 2002):


A formação de professores é um desafio que tem a ver com o futuro da educação básica, esta por sua vez, intimamente vinculada com o futuro de nosso povo e a formação de nossas crianças, jovens e adultos. No entanto, as perspectivas de que essa formação se faça em bases teoricamente sólidas, e fundada nos princípios de uma formação de qualidade e relevância social, são cada vez mais remotas, se não conseguirmos reverter o rumo das políticas educacionais implementadas (ANFOPE, 2002).

A formação de professores no cenário brasileiro toma como centro de atenção, praticamente por volta da década de 1980, e tem representado um campo de pesquisa bastante frutífero, diante da variedade de objetos que permitem analises e discussões de diversos contextos. Para Azevedo (1997), a formação de professores é uma questão socialmente problematizadora. Tem sido um tema bastante discutido, no entanto, carece de um olhar mais atento sobre o currículo dos cursos de formação, uma vez que no currículo as concepções de sociedade, educação, conhecimento, professor e aluno precisam ser mais bem articulados entre si e aos conhecimentos teóricos e práticos necessários ao trabalho docente.
Para Campos (2002), construir uma análise da formação de professores no momento atual é ao mesmo tempo conhecer as condições de produção do discurso hegemônico de formação docente, visualizando na profissionalização a principal estratégia para o enfrentamento dos dilemas da atualidade, mais precisamente o dilema da produção para o desenvolvimento econômico. Dessa forma o que coloca em questão não é apenas os aspecto da qualificação, mas a construção de um novo profissional, alicerçado nas referências da adaptabilidade e eficácia que a sociedade precisa (CAMPOS, 2002, p. 59).
Podemos observar, diante dos expostos de Campos que a questão da formação de professores, precisa ser objeto de atenção, tanto do ponto de vista epistemológico quanto político. Assim, cada vez mais essa temática ganha importância diante das exigências que são postas no contexto da educação básica no Brasil, partindo do ponto de vista que a competência pratica do professor é um conjunto de capacidades que lhe permitam resolver rapidamente problemas concretos e imediatos do cotidiano escolar, a partir da realidade vivenciada na escola.
O que se percebe diante de tantas argumentações teóricas e pesquisas realizadas é que a formação de professores deverá ancorar como eixo orientador a aquisição de competências e habilidades pedagógicas para compreender uma organização curricular que seja capaz de p materializar-se na sua pratica cotidiana.  São competências que não podem ser apreendidas apenas pela comunicação de idéias. A construção de ações mentais é essencial, mais insuficiente para que a prática se realize, ou seja não basta uma pessoa ter conhecimentos sobre seu trabalho é preciso saber fazê-lo.
Em fim, analisando o panorama geral, percebemos que o modelo de formação de professores, a partir da concepção da formação para a prática iremos claramente reconhecer que cada vez mais se faz necessário implementar um modelo de currículo para os cursos de formação mais dinâmico, flexível e interdisciplinar que seja capaz de apreender o mundo da prática adaptando-se e moldando-se continuadamente.
Além disso, é preciso reconhecer quanto da definição dos currículos, as mudanças sociais, políticas e econômicas que configuraram o atual modelo de educação. Diante dessa lógica, se faz necessário a percepção da importância do planejamento curricular, pois as grandes questões que norteiam a função social do ensino, em algum momento futuro poderão tornar-se novos componentes curriculares. Daí a importância de compreender o significado do currículo, uma vez que este será o definidor e organizador de conhecimentos e práticas que refletem uma concepção e um ideal de educação e que serão apropriados pela sociedade de forma geral.

Por isso, é salutar que a proposta de formação de professores considere a multidimensionalidade do fenômeno educativo e ao mesmo tempo propicie respostas aos desafios históricos e emergentes e da educação básica brasileira de forma a constituir-se em elemento de resistência às concepções de formação que por muitas vezes não atendem as prerrogativas do ser professor e do que esperado pela sociedade, quanto ao papel do professor como agente de transformação na construção do conhecimento.

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