terça-feira, 5 de dezembro de 2017

EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

A Educação Matemática, no contexto geral é o estudo das relações de ensino e aprendizagem da matemática em si como disciplina, e dos aspectos pedagógicos estabelecidos na fronteira ente a pedagogia com a psicologia. A discussão envolvendo a pratica do ensino dessa ciência nas instituições educacionais nos remete ao século XX e mais recente nas ações da UNESCO e da França nas décadas de 1950 e 1970 respectivamente.
As discussões até então, desencadeiam-se para uma abordagem cartesiana como possibilidade de encontrar os elementos básicos do pensamento humano e seu comportamento, sendo a aprendizagem para muitos teóricos, uma serie de conexões entre situações e respostas. Nesse contexto, argumenta D’Ambrosio (1997, p. 125):

A disciplina identificada como matemática é na verdade uma etnomatemática. Originou-se e chegou a forma atual na Europa. Recebeu, porém contribuições das civilizações hindus e islâmica, sendo imposta a todo o mundo a partir do período colonial. Hoje adquire um caráter de universalidade, sobretudo ao predomínio da ciência e tecnologia modernas, desenvolvidas a partir do século XVII, na Europa (D’AMBROSIO, 1997, p. 125).

Essas discussões têm como principio três leis fundamentais para a aprendizagem: a) Lei do efeito: uma conexão recém estabelecida tem sua força aumentada se acompanhada por uma sensação de satisfação. b) Lei do exercício: quanto mais utilizada uma conexão, mais forte ela se torna e c) Lei da prontidão: parte da idéia de que as conexões podem ou não estar prontas para serem postas em prática, se uma conexão está pronta, seu uso gera satisfação, se não está seu uso gera desconforto. Da mesma forma outras correntes estabelecem que à aprendizagem se liga a capacidade de compreender estruturas e não de decorar procedimentos.
O sistema educacional brasileiro utiliza as teorias do ensino da matemática européia. Uma herança colonial portuguesa que vigora até os dias atuais, ressaltando que atualmente a matemática tem outra natureza, com maior rigor científico, passando a exigir cada vez mais currículos modernos, adaptados as situações locais, em conformidade com a Lei nº 9.394/96, que trata das diretrizes e bases da educação nacional.
No entanto, ainda é comum, até mesmo por falta de aprimoramento de metodologias inovadoras neste campo do conhecimento, que ainda se conduza o ensino de forma tradicional, aplicando aos currículos o modelo cartesiano do século XX, que se caracteriza numa distribuição fragmentada de conteúdos, a fim de realizar uma posterior junção das partes. Busca-se, assim a compreensão do todo por meio do exercício de cognição. Desse modo, rejeita-se um currículo dinâmico articulado com experiências individuais e coletivas, ou seja, descontextualizada da realidade atual.
Os expostos nos propõem a refletir sobremaneira que várias dificuldades de aprendizagem apóiam-se em consensos como, por exemplo, que a Matemática é, por excelência, uma ciência abstrata e por isso mais difícil de ser assimilada ou ainda que a sua compreensão exige do aprendiz posturas e habilidades especiais. Outras tendências educacionais e correntes pedagógicas atuais propõem, de modo geral, uma abordagem de conteúdos que sejam capazes de contemplar o contexto social do estudante e suas individualidades.
Nessa perspectiva podem-se considerar os trabalhos de Jean Piaget, juntamente a inúmeros estudiosos que compartilham de suas idéias, defende o construtivismo e propõe um ensino de Matemática que ressalte situações concretas. Paulo Freire, educador brasileiro de renome internacional, preocupa-se com o educando inserido num contexto social a partir do qual se dará a inserção de conteúdos.
Outro fator importante a ser levado em consideração, no que se refere ao sistema de educação no Brasil são os Parâmetros Curriculares Nacionais, que na sua concepção procura promover a interação entre o ensino com a prática apontando diretrizes voltadas para a identificação de sentidos e significados da matemática para os estudantes e fazendo conexões entre a prática com o seu cotidiano.
A Educação Matemática, mais que uma disciplina ou ensino de matemática caracteriza-se como um processo imerso na totalidade concreta e se desenvolve a partir de pensamentos matemáticos. Através dela se pretende dar conta de um conjunto de práticas ligadas à justificação e à argumentação, com base na perspectiva das relações sociais manifestadas na realidade concreta. Embora a Matemática se caracterize pela abstração e formalismo, o conhecimento matemático é reforçado através das interações entre o indivíduo e o meio.
Portanto, o que deve predominar como pressupostos teóricos na educação matemática é a compatibilidade da teoria com a prática, constituindo uma unidade indissolúvel, assim como nos demais componentes curriculares, sob diferentes configurações. Tal unidade deverá ser propositiva no que se refere às condições de interrogar e articular de forma funcional os aspectos didáticos, pedagógicos, filosóficos e psicológicos. São desafios que a ciência matemática já deu grandes passos, mas que ainda está longe da sua excelência em quanto pratica de ensinamento.

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